Há 15 anos, o crime de Isabella Nardoni chocou o Brasil. Filha de Ana Carolina Oliveira, a criança, então com cinco anos, seria asfixiada e atirada da janela do sexto andar do apartamento do pai, Alexandre Nardoni, e da madrasta, Anna Carolina Jabotá, em São Paulo. O caso virou um documentário da Netflix, “Isabella: o caso Nardoni”, a ser estreado na próxima quinta-feira (17).
Aos 39 anos, Ana Carolina quase não participou da obra, mas voltou atrás que, de acordo com ela, histórias como a de sua filha não sejam esquecidas. Em depoimentos concedidos ao site Universa pela Netflix, a mãe de Isabella relatou no documentário que a dor pela perda da filha segue existindo.
“[…] O que todo pai e toda mãe procuram quando perdem o filho numa tragédia é justiça. O trâmite do processo – o julgamento, a condenação – é um processo de luto pelo qual você vai passando. Ver a justiça ser feita acalma o coração. Óbvio que 15 anos depois toda aquela dor é mais branda, mas ela existe. Eu me tratei muito para chegar ao nível em que estou hoje e poder falar do assunto”, afirma Ana, hoje casada e mãe de dois filhos, Miguel, 7, e Maria Fernanda, 3.
Sobre retornar ao assunto após 15 anos, a mãe de Isabella declara que remexe memórias do passado. “Falei e sempre falarei sobre o que aconteceu, mas é sempre dolorido e cutuca lembranças que a sua memória guarda lá no cantinho. A justiça foi feita, um ciclo se encerrou para mim, mas hoje fico com o meu sofrimento, a minha dor”, disse, admitindo que não vê o documentário como uma espécie de “fechamento”.
Há dois meses, Anna Jatobá, que pegou 26 anos de cadeia, entrou em regime aberto. A decisão desagradou Ana Carolina. “Não acho justo ela estar voltando para casa. Daqui a pouco, pode ser ele (Alexandre Nardoni, que recebeu 31 anos de prisão e cumpre em regime semiaberto desde 2019). A minha filha nunca vai voltar para casa. […] Eles também não têm que voltar [para casa]”, afirma.