A madrugada de segunda-feira (16) foi histórica para a “Squad” do brasileiro Felipe Mojave. É assim que ele chama os fiéis seguidores no canal dele na Twitch, onde fez uma transmissão com mais de 12 horas e chegou a atingir 3.500 espectadores. Os amantes do poker puderam acompanhar, vibrar e torcer por Mojave no Evento #12 da WSOP Online. Com 14 anos de experiência como jogador profissional ele acabou terminando na segunda posição.
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Natural de São Bernardo do Campo, em São Paulo, mas morando em Viena, na Áustria, ele alcançou o maior prêmio da carreira. A medalha de prata rendeu ao experiente jogador o prêmio de US$ 476.612. Mas a possibilidade de ganhar a joia mais cobiçada do poker ficou entalado na garganta dele.
Felipe Mojave em ação durante etapa do BSOP (Foto: Luis Bertazini/Divulgação BSOP)
“Frustração total, em WSOP esse foi meu terceiro segundo lugar”, disse Mojave em entrevista exclusiva pra o Bola Vip horas depois do término do torneio. “Cheguei em uma situação de heads-up onde eu estava jogando contra um amador”, complementou o brasileiro que perdeu o mano a mano decisivo para o sul-coreano Hinojas Jerome.
Ainda sob o calor do grande resultado obtido, Moja falou também sobre o sucesso do esquadrão brasileiro na WSOP Online e as intenções de ir para Las Vegas disputar a série presencial no final de setembro. O apoio dos seguidores na Twitch também foi celebrado de forma crucial para o sucesso no poker.
Veja a entrevista completa com Felipe Mojave
Bola Vip: Você acha que vem mais conquistas do nosso país na WSOP Online? Qual a diferença dessa série para a do ano passado?
Felipe Mojave: O Brasil está muito forte no poker online, temos muitos times, jogadores bons sendo donos e Head-Coachs, o que acaba alavancando a formação do pessoal. Esso é o segredo do sucesso, um intercâmbio que está alavancando bastante a qualidade técnica. Cada vez mais essa é a principal diferença eu acho que para o ano passado e com certeza vem mais. Certeza, cravado. Absoluta.
BV: Você chegou muito perto de conquistar um bracelete, mas ganhou uma bela forra. Teve algum sentimento de frustração?
FM: Frustração total, em WSOP esse foi meu terceiro segundo lugar né. A bola não entrou, a bola não entra, mas estou contente com o desenvolvimento sabendo que muitas coisas realmente não dependem da gente. Vamos sempre tentar fazer o nosso melhor, mas a frustração não tem como esconder, ainda mais porque cheguei em uma situação de heads-up onde estava jogando contra um amador, totalmente recreativo.
Eu sabia que se conseguisse acumular fichas no começo do heads-up eu poderia ganhar, não seria uma tarefa difícil. Com toda humildade falando, seria difícil ganhar o mano a mano se tivesse chegado com o Stoyan ou o Rodrigo Seiji, que são jogadores de alto calibre. Isso acabou me frustrando ainda mais. Independente da desvantagem nas fichas esse talvez tenha sido o heads-up mais fácil que eu pudesse encontrar.
No poker tem muita coisa pra seguir estudando e melhorar, isso está no nosso controle, então é trabalhar para que a gente possa continuar jogando, eventualmente fazer mesas finais e chegando lá a chance de ganhar o torneio é muito simples.
BV: Qual momento você considerou mais importante neste torneio?
FM: Sinceramente foi nunca ter desistido. Abri a minha transmissão na terça-feira, dei uma entrada e cai no último nível de blinds. Na quinta-feira outra entrada, fui eliminado de novo no finalzinho. No sábado, cai faltando dez segundos para o penúltimo nível de blinds. Falei: vou tentar de novo no domingo, vou fresco para mais uma entrada, quatro milhões garantido, vai explodir esse prêmio e deu mais de US$ 5,6 milhões se não me engano.
Entrei no torneio e na última mão antes de acabarem as reentradas eu dobrei. Depois dobrei de novo, antes de passar para o Dia 2. Foi sempre na resiliência, acreditando que as próximas ações são as que definem o nosso sucesso, não as ações que já foram tomadas. Com base nisso fomos prosperando passo a passo.
Quando chegou na mesa semifinal joguei o melhor poker que eu tinha para oferecer. Ali eu acertei bastante e foi por isso que consegui chegar na mesa final como chip leader. Foram vários desafios na decisão, blefes mal sucedidos, um KK quebrado, mas o importante foi seguir de novo acreditando nas próximas ações.
Foi sempre tempo de pensar no que podemos fazer, no que tem para fazer. Ter essa mentalidade depois de perder uma mão, não ficar com aquele sentimento negativo, fazer as coisas tudo certo e ás vezes dá tudo errado. Isso faz parte do poker, se ficar preso nisso não consegue evoluir. Eu consegui me livrar disso e ficar com pensamento positivo, essa “vibe” acabou me carregando.
BV: Esse torneio foi acompanhado por muita gente na Twitch madrugada a dentro no Brasil, você acha que a vibração da “Squad” contou muito?
Não tenho dúvida nenhuma, certeza absoluta que a “Squad”, a comunidade do poker do Brasil empurrou né. É como time grande que joga em casa no estádio lotado… É outro negócio. Eu estou jogando sozinho aqui, time pequeno, estádio vazio, sem dividir absolutamente nada com ninguém, sem poder contribuir nada com ninguém, então a vibração é totalmente outra né.
O tanto que a galera torce, sofre muito mais que eu. É incrível isso, então não tenho dúvidas sobre essa questão, as coisas seriam muito diferentes se não tivesse a “Squad” e a Twitch. Eu mesmo não iria estar jogando.
Eu tomei a decisão de assinar com a GGPoker e jogar online antes da pandemia e comecei uma agenda pesada de transmissões antes da pandemia. Então já foi uma decisão programada, muita gente acha que não, Mojave está jogando online agora porque o cash game não está rolando, os grandes torneios também, mas não, já tinha tomado a decisão. Eu iria vir para o online e entrar de cabeça. A pandemia nesse caso não teve efeito pra mim, o que sinceramente aconteceu é que ela me ajudou a focar nesse negócio apenas.
BV: Para finalizar, você pretende ir para Las Vegas disputar presencialmente a WSOP no fim de setembro?
FM: Pretendo sim, adoraria participar do evento ao vivo. Uma agenda muito boa, vários eventos espetaculares, Las Vegas tem um ambiente diferente, ali é o supra sumo, o verdadeiro ambiente da WSOP, saudade enorme do poker live. Porém, com a situação da pandemia eu acredito que as pessoas precisam ser responsáveis, vacinar, usar máscaras, ter uma consciência coletiva grande, e elas não tem.
Estou enxergando isso cada vez mais longe, mais difícil de acontecer por conta da sociedade, pelas regras do evento… Mas o meu desejo é que aconteça, eu fiz toda uma preparação para isso, estou vacinado com duas doses, não vou atrasar a vida de ninguém, não corro risco de saúde. Estou preparado para participar. Agora, talvez com essa nova variante do vírus as restrições de viagens e a redução da agenda possa ser maior, talvez os eventos não fiquem tão interessantes.
Naturalmente temos vontade de participar, de ganhar os braceletes, não existe demagogia, mas a saúde ela vem em primeiro lugar. A necessidade de ganhar dinheiro, um título, nunca vai ficar acima disso. As pessoas perguntam da saudade de jogar um evento ao vivo, mas por enquanto tá na saudade mesmo.
Estou planejando jogar alguns eventos pela Europa, existe essa possibilidade, mas venho negando por conta de toda a situação que ainda não está favorável. Como membro ativo da comunidade eu passo a chancela, falo para todos: é legal jogar né, está liberado para jogar, mas não vou ser irresponsável ou hipócrita. Se eu for estarei apto a participar e vou passar um exemplo legal.
O bracelete conquistado ao vivo vale mais do que aquele vencido no online?
O bracelete conquistado ao vivo vale mais do que aquele vencido no online?
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