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EXCLUSIVO: André Akkari, o veterano do poker brasileiro: “Ainda consigo jogar em alto nível e trocar com os caras”

Campeão mundial em 2011, André Akkari é sinônimo de poker brasileiro em qualquer parte do mundo, sendo um dos jogadores mais respeitados do país

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Por Vicente Lomonaco

O salão de um grande torneio de poker é muito abrangente. Embora amaioria dos presentes sejam homens, existem também mulheres nas disputas das grandes premiações. O perfil atual de um jogador é, em maior parte, na faixa dos 20 a 30 anos, jovens estudiosos e dedicados, mas também não faltam aqueles considerados da “velha guarda”, os veteranos. Neste cenário, o capitão do esquadrão verde e amarelo é André Akkari.

André Akkari é o mais antigo jogador patrocinado pelo PokerStars (Foto: Tomas Stacha/EPT Barcelona)
André Akkari é o mais antigo jogador patrocinado pelo PokerStars (Foto: Tomas Stacha/EPT Barcelona)

Campeão mundial em 2011, o paulista de 47 anos é referência do poker brasileiro mundo afora. Akkari é o mais antigo embaixador do PokerStars em atividade e recebeu o Bola Vip Brasil para uma entrevista exclusiva durante o último EPT Barcelona. O bate papo ocorreu no 41º andar do Hotel Arts, ao lado do Cassino Barcelona em uma segunda-feira de manhã, sendo que naquela madrugada o craque havia chegado na mesa final do High Roller Estrellas.

O brasileiro terminou aquele torneio na nona colocação, recebendo uma premiação de € 57.490. Ao todo na carreira dele já são mais de US$ 3 milhões em ganhos no circuito presencial de poker. Durante essa mesa final Akkari teve a torcida brasileira fazendo muito barulho e tentando incentivá-lo. Entre os presentes estava, até mesmo, o jogador de futebol Neymar, amigo particular do embaixador PokerStars.

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André Akkari (Foto: Danny Maxwell/PokerStars)

André Akkari (Foto: Danny Maxwell/PokerStars)

Confira a entrevista completa com André Akkari:

Bola Vip Brasil: Você joga poker faz tanto tempo, é um dos embaixadores mais antigos do PokerStars e ainda tem grandes resultados, sendo referência. Qual é o sentimento disso tudo?

André Akkari: Sentimento de quem está cumprindo a missão, tinha um plano e está conseguindo executar. Consigo jogar em alto nível, trocar com os caras e tem muito cara bom para caramba, uma molecada nova, é difícil enfrentar eles em todos os sentidos: intelectual e fisicamente, porque os torneios são muito extensos, os moleques estão bem para caramba, eles estudam muito, tem acesso a coisas que não tinham na minha época de estudo pesado.

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Mas eu tenho muita sorte porque possuo amigos que são muito potentes, os caras são muito bons: o Rafael Moraes, o João Simão Simão, o Kelvin Kerber. Essa galera toda a gente troca ideia de poker e os caras me ajudam bastante a ver prismas diferentes que são tendências que eu não via antes. Eu quero jogar poker até eu morrer, poder jogar e poder ganhar é irado para caramba. Sentimento de missão sendo cumprida.

BV: Na sua reta do High Roller Estrellas todos os brasileiros estavam ali fazendo uma grande festa. A torcida chega a influenciar as suas decisões no jogo?

AA: Na tomada de decisão de que mão eu vou abrir, que tamanho de aposta, o que eu faço, o que não faço, se vou foldar ou não, não influencia. Tento manter a decisão mais técnica possível e prestar o máximo de atenção no que está acontecendo na mesa, para buscar a ótima decisão. Mas eu tenho certeza que muda para a galera da mesa, dependendo do nível da torcida, de grito de comemoração, de pressão, os caras mudam.

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Eles ‘foldam’ mãos que eles não iam ‘foldar’, às vezes é o contrário, o cara joga mãos que ele não ia jogar porque quer machucar a torcida, quer dar uma visitada nos caras, então eu fico prestando atenção como a mesa está lidando, como eles estão reagindo. No High Roller Estrellas foi uma torcida assim, o Neymar estava lá e eu vi que a galera ficou toda de olho.

Acho que foi uma grande vantagem, porque fez os jogadores quererem ficar mais tempo na competição e quando tem esse sentimento, o medo de cair em uma reta final de um torneio, a gente tem que fazer o que eu fiz, roubar mais os blinds, aproveitar mais situações que eu não faria se não fosse aquele “setup”. Infelizmente não durou muito e eu caí em nono, mas isso começou quando faltavam treze caras.

BV: Você foi um dos pioneiros no quesito escolas de poker, o quanto isso foi importante para a formação dos jogadores brasileiros?

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AA: Acho que esse é um dos meus maiores orgulhos. Meu, do Piero, do Bueno, da galera que estava envolvida no QG Akkari, do Padilha, do Hedão, dessa galera toda que estava lá atrás, massificando a parada, a tomada de decisão ótima, da inteligência, da lógica do jogo. A gente nunca foi de massificar o ensino do poker muito em alto estilo, muito pesado, muito avançado, a gente cultivou a galera que estava começando.

Hoje o Brasil é reconhecido como um dos maiores países tecnicamente de poker do mundo, e acho que isso tem um braço muito forte nosso ali, pegar uma massa que não tinha noção técnica e não só vender curso para eles né. A gente fez muita coisa de graça, muito ‘Na Mira do Pro’, muito conteúdo que foi 100% gratuito e bateu em muita gente. Quando você vai lá no youtube vê que muita gente assistiu.

Qualquer jogo que você começa a jogar e, de repente, vem alguém e te dá uma dica técnica, do tipo não vai pela esquerda, vai pela direita, você começa a se apaixonar pelo jogo. A parada foi crescendo até que vai afunilando, as pessoas vão consumindo conteúdos mais avançados, virando profissionais, e hoje o Brasil é o maior país de poker online do mundo. No “live” a gente faz um estrago gigantesco e só não faz mais do que no online porque tem a diferença geográfica da parada, é difícil a galera se locomover lá da América do Sul para rodar o mundo.

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Só que quando isso acontece você vê o resultado, é bracelete para todo canto em Las Vegas e eu tenho o maior orgulho de ter cultivado essa educação. Eu acho que isso causa mais efeitos sem ser só no jogo né, causa efeito na saúde mental do brasileiro, ajuda a exercitar a mente, se livrar de demências, de doenças da mente que são doenças poderosas. Tenho minha mãe que está doente e é muito triste porque a gente esquece, às vezes ,de educar a cabeça, treinar a cabeça. O poker ajuda a fazer isso e eu fico muito orgulhoso.

BV: O que você acha que falta em termos regulatórios para o poker crescer ainda mais no Brasil?

AA: Eu acho que a grande briga da CBTH era para o entendimento correto do poker. O Igor Federal, o Uelton Lima, Bill Alberoni, essa galera. Nenhum esporte precisava de tanta regulamentação assim, era só deixar ele funcionar, do jeito que ele tinha que funcionar, mas o poker tinha esse cheiro de algumas pessoas achando que era jogo de azar, porque tem esse elemento, o baralho, que é muito místico, está em cartomante, tarot, essas coisas.

Depois que se construiu um entendimento certo, teve a grande explosão no número de praticantes, e aí acho que é uma tendência normal. O fator da economia no Brasil influencia diretamente no crescimento do poker, assim como de qualquer outra atividade. Primeiro vem um grande pico, e depois a construção de um gráfico de pouquinho em pouquinho, como está acontecendo hoje.

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Os números estão crescendo, só não igual a explosão de antes, porque foi a chegada de muita gente. Mas eu não consigo ver o poker parar de crescer e o que vai ajudar o gráfico subir mais ou subir menos é o Brasil mesmo né, o país tendo estabilidade, mais pessoas com saúde mental estável pra poder praticar qualquer esporte desse tipo.

E estrutura falta em qualquer esporte no país. O Brasil faz sucesso em alguns porque o cara é guerreiro, porque pela estrutura não deveria fazer sucesso. Por exemplo, o Brasil não poderia ser campeão de vôlei, não tem como, mas o brasileiro é enjoado mesmo, sem estrutura, sem apoio, sem nada, os caras vão lá e treinam bastante, jantam a parada e vão lutar contra uns caras que tem uma estrutura bizarra. Eu moro agora nos EUA e tem uma quadra a cada quarteirão e mesmo assim o Brasil vai lá e ganha. Então, o Brasil cresceu, o Poker cresceu, o vôlei cresceu, o surf também.

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