A temporada do futebol brasileiro começou neste início de janeiro, com a abertura dos campeonatos estaduais. Um jogador com conhecimento de causa é o experiente zagueiro Paulão. Hoje com 36 anos, ele conquistou três torneios locais nos últimos três anos: foi bicampeão com o Cuiabá, em 2021 e 2022, e campeão com o Fortaleza, em 2020.

Foto: Gil Gomes/AGIF
Foto: Gil Gomes/AGIF

Hoje com 36 anos, o defensor, com passagens por grandes clubes no cenário nacional, como Fortaleza, Vasco e Internacional, está livre no mercado. Ele deixou o Dourado no fim da temporada passada. Em entrevista ao Bolavip Brasil, Paulão falou sobre os planos futuros para a carreira, sua saída do Dourado e suas passagens mais marcantes pelo esporte no país. Ele revelou, por exemplo, que recebeu propostas de equipes do Brasil recentemente. 

“Aqui no Brasil, tive algumas procuras sim. Alguns clubes contratando, mas nada definitivo. Entendo que tudo tem seu tempo e estou aguardando uma possibilidade e um projeto que me desperte interesse, para que as coisas possam acontecer e eu possa entregar o meu melhor pela equipe que for. 

Mesmo com a experiência de todos esses anos de carreira, ainda fico ansioso para entender e saber qual será o próximo passo. Esse ano ainda não houve contatos do exterior, mas estamos na expectativa, porque ainda tenho o desejo de sair do país e conhecer um pouco mais da cultura do futebol e fazer parte de um novo projeto. Tive uma passagem pela China alguns anos atrás e foi um momento bacana onde conheci outros lugares e culturas”, afirmou.

Acompanhe outros trechos da entrevista:

 

Você tem 36 anos, mas sempre se destacou pela ótima forma física e por se machucar pouco nos clubes que passou. Qual o segredo fora de campo?

Realmente eu venho fazendo uma espécie de “2º tempo”. Nas horas vagas eu acabo treinando um pouco mais, procurando estar sempre bem fisicamente. Também acredito que o resultado disso tudo seja a parte mental. Quando se está bem mentalmente, as coisas tendem a fluir em várias áreas. Nas horas vagas, procuro estar sempre fazendo reforços, indo à academia, pois sei que o meu estilo de jogo também precisa muito da minha forma física. Então, aprendi que eu preciso estar muito bem. Agora com 36 anos, eu me cuido ainda mais, procuro manter a força fazendo trabalhos com fisioterapeuta, procuro estar sempre me aperfeiçoando. 

A sua temporada no Cuiabá foi boa, por qual motivo não permaneceu por lá?

“Ao meu ver, a minha temporada no Cuiabá não foi tão legal. Iniciou bem, até certo ponto estava bem tranquila. Agora, no início do Brasileiro eu não posso dizer que foi legal para um jogador que está acostumado a estar jogando, como eu. Eu estava preparado e bem pra jogar, estive à disposição e por opção técnica acabei não jogando. Tenho que ser realista e dizer que não foi uma temporada legal porque eu não estava jogando, mas de fato a minha passagem por lá começou bem, sendo campeão, jogando Copa do Brasil, que são coisas importantes a serem lembradas, mas já no Brasileiro as coisas não foram tão bem. Foi uma temporada pra aprender mesmo, a lidar com as pessoas, a lidar e a ver o futebol sob outra perspectiva. Mas não posso dizer que foi tão boa quanto as outras em que eu estava sempre dentro de campo.”

Ainda falando sobre a carreira, com essa idade, você já conseguiu realizar grandes sonhos e conquistou muitos objetivos. Independentemente de onde será seu destino, se sente realizado pela carreira que tem? Faltou algo?

“É impossível não se sentir realizado. Ao longo dos anos a gente vai amadurecendo pra muitas coisas é impossível não ter o sentimento de realização. Eu sei de onde eu saí e por onde eu passei e onde estou hoje é porque Deus me abençoou, me capacitou para que eu pudesse alcançar grandes voos e isso aconteceu. Me sinto verdadeiramente um vencedor por tudo o que já aconteceu na minha carreira, por ter uma carreira limpa, pelos amigos que fiz nesses anos, por tudo o que o futebol me proporcionou, sou muito feliz e realizado em relação a isso. Quero continuar no mercado, buscando estar sempre ativo para que novas pessoas e projetos possam entrar na minha vida.”

 

Você passou por vários grandes clubes do futebol brasileiro, quais foram os mais marcantes? Acredita que poderia ter permanecido em algum por mais tempo?

“Eu só tenho que agradecer a Deus por todas as oportunidades que ele me deu, todas as portas que ele abriu pra mim ao longo desses anos. Tive boas passagens, passagens difíceis, momentos marcantes de vitórias e, infelizmente, marcantes negativamente também, mas acredito que tudo serve como aprendizado, tudo faz parte da carreira. Dificilmente você vai ver um atleta que teve somente conquistas e bons momentos. Me sinto muito feliz pela carreira que eu construí, por tudo o que tenho passado, a gente vai aprendendo e vivendo muitas coisas.

Ao longo desses 36 anos de vida, eu procuro tirar boas lições de cada local, cada clube, cada cidade por onde passei. Onde tive um tempo maior de clube foi no Internacional, onde também vivi um momento muito doloroso que foi o rebaixamento. Fiz parte de muitas vitórias, mas também fiz parte deste momento tão difícil para o clube e para o torcedor. Fui muito feliz no Fortaleza, nos últimos anos, no Cruzeiro fui campeão brasileiro...eu acho que cada clube onde eu passei eu pude aprender um pouco e crescer com isso."

"Nos últimos dois anos estive no Cuiabá, onde obviamente tivemos conquistas, fomos campeões do estadual por dois anos seguidos, e outra conquista muito grande pra nós foi a permanência na Série A. A gente acaba aprendendo também na dificuldade. Então o clube que mais marcou a minha carreira foi o Internacional, e o Fortaleza foi o clube onde eu fui mais feliz e acredito que poderia ter ficado um pouco mais."

Qual atacante mais difícil que enfrentou durante sua carreira? 

“Tiveram muitos: Kleber Gladiador, Paolo Guerrero, Fred, Borges. Hoje em dia Pedro, Hulk... São muitos. Esses caras deram e dão muito trabalho. São atacantes que se movimentam bastante, buscam o jogo, incomodam bastante a zaga. Então tem que estar sempre super ligado no jogo e concentrado pra conseguir fazer uma marcação eficaz nesses caras.”

Entre os treinadores, qual o melhor com quem você trabalhou?

“Trabalhei com vários e gosto pessoalmente de alguns, mas em relação a trabalho posso citar o Rogério Ceni, Abel Braga, Maurício Barbieri, foram caras que ensinaram e me ajudaram muito. Zé Ricardo, Jorginho...são ótimos treinadores também. São os caras com quem eu trabalhei que me ensinaram e me mostraram o futebol sob outra perspectiva, outra ótica. Também teve o Lippi, com quem trabalhei na China, me ensinou muitas coisas sobre posicionamento. Eu era mais novo e ele me ajudou muito lá. Espero não estar esquecendo de alguém, mas realmente são muitos e esses são os tops pra mim.”