Em entrevista ao jornal “Le Parisien”, o ex-lateral Patrice Evra, com passagens pela seleção francesa e pelo Manchester United, tratou de temas diversos do futebol. Ele lançou recentemente a sua autobiografia “I love this game” (“Eu amo esse jogo”, em tradução livre) e aproveitou o momento para responder questões dos leitores do jornal.
- Palmeiras empata com o Cruzeiro em 1 a 1 e é campeão brasileiro
- Em despedida de Fábio Santos, Inter bate Corinthians por 2 a 1
Um dos temas foi justamente a homossexualidade dentro do ambiente do futebol masculino e Evra não se acanhou em tratar do assunto. Ele contou que esse é realmente um tabu dentro dos clubes e que alguns jogadores já tinham lhe dito que eram homossexuais, mas tinham medo das represálias ou das reações dentro do próprio vestiário.
Veja também
Jornal diz que Cristiano Ronaldo, portugueses e brasileiros fazem ‘panela’ e dividem vestiário no Manchester United
“Quando estive na Inglaterra, levaram uma pessoa para que falasse à equipe sobre a homossexualidade. Alguns dos meus companheiros disseram nessa conversa: ‘Vai contra a minha religião, se houver um homossexual neste vestiário, tem de deixar o clube’”, começou Evra.
“Nesse momento, eu disse: ‘Calem-se todos’. Conseguem imaginar? Já joguei com jogadores que eram homossexuais… Um a um, se abriram comigo porque tinham medo de falar sobre o assunto de outra forma. Existem pelo menos dois jogadores por clube que são homossexuais. Mas no mundo do futebol, se você revela isso, está acabado”, concluiu o francês.
Rangnick conseguirá fazer um bom trabalho a frente do United?
Rangnick conseguirá fazer um bom trabalho a frente do United?
0 PESSOAS JÁ VOTARAM
Na conversa, Evra não revelou por qual time inglês jogava na ocasião. Ele atuou pelo Manchester United de 2006 a 2014, antes de sair para a Juventus, e voltou à Inglaterra em 2018, quando jogou algumas partidas pelo West Ham. Hoje, não existem jogadores gays na Premier League, mas os clubes estão trabalhando para promover a inclusão por meio de campanhas.
O técnico do Liverpool, Jurgen Klopp, já tratou do assunto em entrevistas e faz parte da campanha. Segundo ele, a sua própria visão mudou muito com o tempo e que passou a entender os problemas que pessoas homossexuais passam na vida, especialmente em ambientes esportivos.
“Eu sou o exemplo perfeito de como o nível de conhecimento e percepção muda. Eu tenho 54 anos e passei por muita coisa, mas muitos problemas eu nunca tive. Eu tenho muitos amigos gays, mas nunca tinha pensado em como foi para eles contar aos pais e a todas as outras pessoas [que eram homossexuais]. É um tipo de desafio que não deveríamos ter e por isso estou dentro da campanha”, contou, em novembro do ano passado.
O futebol masculino só tem um jogador que é homossexual assumido: Josh Cavallo, de 22 anos, que joga no Adelaide United, da Austrália. Ele, inclusive, sofreu com gritos homofóbicos na semana passada, em jogo contra o Melbourne Victory. Cavallo usou as redes sociais para repudiar a ação homofóbica.
“Eu não vou fingir que não vi ou ouvi as manifestações homofóbicas no jogo. Não existem palavras para falar o quão desapontado eu estou. Isso não deveria ser aceito e nós precisamos passar a encontrar os responsáveis por esse tipo de atitude. Eu nunca vou me desculpar por viver a minha verdade e quem eu sou fora do futebol”, escreveu.