As eleições para presidente do Náutico estão as portas, o pleito está previsto para acontecer no próximo domingo, 05, e contará com disputa de três chapas, fato que acontece após seis anos. Nas duas últimas eleições, Edno Melo foi candidato único, mas dessa vez a corrida para assumir o cargo mais alto do Timbu contará com a Chapa “Avança Náutico”, do candidato da situação, Diógenes Braga, que é atualmente vice presidente; na oposição vem a “ Inova Náutico”, que tem como candidato a presidência Plínio Albuquerque, ex-diretor comercial do clube. E também pela oposição vem a Chapa “Náutico sustentável”, representada por Bruno Becker, que deixou o cargo de vice-presidente jurídico da atual gestão no último dia 21. E na edição 135 do podcast Embolada, os candidatos a comandar o Náutico no biênio 2022-23 foram entrevistados e abordaram temas específicos inclusive comentaram sobre as denúncias de assédio sexual feitas contra o ex-superintendente financeiro Errisson Melo, irmão do atual presidente Edno Melo.
- Palmeiras empata com o Cruzeiro em 1 a 1 e é campeão brasileiro
- Em despedida de Fábio Santos, Inter bate Corinthians por 2 a 1
Sobre o assunto, Plínio Albuquerque, do Inova Náutico, lamentou a exposição das vítimas e ainda questionou a permanência de Errisson, Edno Melo e Alexandre Carneiro no clube. “É com muita tristeza que a gente vem falar sobre esse tema. Eu queria diante desse fato me solidarizar com as vítimas, com as mulheres, com as meninas que tiveram que expor as suas vidas, tiveram que se colocar diante da justiça e diante da sociedade. É um assunto policial, um assunto judicial, mas que chama atenção da sociedade brasileira, da sociedade pernambucana e especialmente do torcedor do Náutico porque (o acusado) é irmão do presidente. E claro que se o presidente (Edno Melo) sabe, se o presidente do Conselho Deliberativo (Alexandre Carneiro) sabe, o vice-presidente (Diógenes Braga) também sabe. Então eu me pergunto o que essas pessoas ainda estão fazendo no clube? Porque não cabe, não tem mais espírito, não tem mais clima para ninguém. Não sei como eles colocaram ainda um candidato para participar de uma eleição. Ele não tem moral pra isso.”
Diógenes Braga, do Avança Náutico, candidato da situação defendeu que o caso fosse tratado pela justiça e decidiu, de acordo com suas palavras, não fazer juízo de valor. “A gente lamenta muito por todas as pessoas envolvidas e lamenta muito também pelo clube, mas é algo novo talvez no futebol brasileiro. Acho que o clube como um todo vem sofrendo muito em relação a isso. Eu não quero fazer juízo de valor de nada. Entendo que a partir do momento que o caso está entregue à Justiça existe uma questão de se confiar na Justiça. Tem que ser apurado com rigor. E entendo que o clube também tem buscado fazer as suas autocríticas e fazer as suas evoluções nesse aspecto.” O candidato ainda comentou sobre o acordo extrajudicial entre o clube e Tatiana Roma. “Essa questão desse encaminhamento de acordo, eu até conversando com as pessoas, o que me colocaram é que talvez a melhor forma de definir isso seria uma transação extrajudicial e não foi uma coisa que foi construída por mim. É difícil para mim tecer comentários se eu não participei da evolução disso. As partes que participaram e que evoluíram em relação a isso têm uma condição melhor de falar em relação a esse aspecto”.
Foto: Reprodução | De acordo com Tatiane, outras quatro mulheres foram vítimas de Errisson
Bruno Becker, do Náutico sustentável, que inclusive é amigo de Tatiana Roma, primeira mulher a vir a público e falar sobre os supostos casos de assédio envolvendo o Errisson Melo, comentou que ficou chocado ao saber do caso. “São acusações gravíssimas, não só a da Tatiana, que é minha amiga, quanto às demais. Eu como pai, como cidadão, fiquei estarrecido com as denúncias que precisam ser apuradas com rigor pela autoridade policial no âmbito externo do clube. No âmbito interno eu posso esclarecer a minha participação nesse fato lamentável. Eu fiquei sabendo da denúncia da Tatiana quando eu estava embarcando para Goiás, para o jogo contra o Vila Nova (pela 23ª rodada da Série B). Eu estava no saguão do aeroporto e Diógenes Braga me ligou me noticiando o protocolo da primeira denúncia da Tatiana. E aí a gente já tem um primeiro problema e um primeiro equívoco do presidente do Alexandre Carneiro. A denúncia era sigilosa. Então em momento algum ele poderia ter comunicado essa denúncia ao presidente Edno, ao vice-presidente Diógenes Braga, ao acusado, a mim ou qualquer outra pessoa. Algo que era sigiloso ele tornou público internamente no clube.”
Foto: Divulgação / Náutico | Alexandre Carneiro e Edno Melo em um evento comemorativo ao título de campeão pernambucano de 2021
Bruno informou que atuou apenas respeitando aquilo que lhe foi solicitado por ambas as partes. “Alexandre Carneiro tentou viabilizar um acordo e pediu a minha ajuda. Eu disse que na época eu advogava em um processo para uma das partes e advogada em outro processo para a outra parte. Então, na época, eu era advogado do Errisson e da Tatiana. Hoje eu só advogo para a Tatiana. Para o Errisson, por motivos óbvios, eu não advogo mais. E eu disse à época que não poderia interferir neste ponto. “Ah não, mas você vai redigir o acordo”. As partes chegaram a um entendimento. Então eu recebi uma ligação do presidente Edno dizendo: “Bruno chegamos nos termos do acordo e preciso que você redija”. As partes vieram aqui no escritório, tanto a Tatiana quanto o Errisson, e cientes do acordo, eu tão somente redigi e disse: “É isso aqui que acordaram?” Eles assinaram e eu como testemunha assinei o acordo.”
O candidato concluiu ainda dizendo que não comentou o caso anteriormente em respeito ao posicionamento de Tatiana, que teria sido vítima dos assédios. “Muito se questiona por que quando eu tomei conhecimento da denúncia lá em setembro eu não agi? Ora, é preciso respeitar a vontade da vítima. Eu tinha que respeitar a vontade da vítima e de uma amiga. É lamentável o discurso, pra mim covarde do presidente Edno e do presidente Alexandre, e de quem quer que seja, de que isso foi um fato eleitoral de cunho eleitoral. Em setembro, quando foi feita a denúncia, sequer havia na pauta eleições no Náutico. Eu penso que já passou da hora do presidente Edno e do presidente Alexandre se afastarem dos respectivos cargos. Nenhum dos dois possuem, já há algumas semanas, legitimidade para presidir o Conselho e o executivo do Náutico.”,concluiu.