Thomaz Bellucci pode entrar em quadra pela última vez como um tenista profissional nesta terça-feira (21). O paulista, que confirmou a sua aposentadoria em janeiro, recebeu a chance de fazer uma despedida à sua altura no Rio Open. Considerado o principal nome do tênis masculino brasileiro pós-Guga, Thomaz coleciona momentos especiais na carreira, emboranão tenha recebido o reconhecimento merecido, reflexo da cultura esportiva imposta no país. 

Bellucci pode fazer a sua última partida como profissional nesta terça (21)
© Créditos: Buda Mendes/Getty ImagesBellucci pode fazer a sua última partida como profissional nesta terça (21)
4 títulos de ATP e um simbólico número 21 do mundo são marcas das mais lembradas de quando repassamos a carreira de Bellucci. A campanha incrível no Masters 1000 de Madrid derrotando Andy Murray e Tomas Berdych, além de ficar perto de superar o então invicto Novak Djokovic em 2011 é outro feito de encher os olhos. 
Ainda ganhou de nomes como David Ferrer, Kei Nishikori, Janko Tipsarevic e Fernando Verdasco, um quarteto que esteve no top 10. Liderou uma virada espetacular contra a Espanha na Copa Davis saindo de um 0x2 contra Roberto Bautista Agut no Ginásio do Ipirapuera, recolocando o time brasileiro na elite da competição. Fora que nem citei o histórico pneu sobre Djokovic em Roma. Ou às quartas nos Jogos do Rio 2016 contra Nadal.
Bellucci fez grande jogo contra Nadal nas Olimpíadas do Rio de 2016. 
     Créditos: Clive Brunskill/Getty Images

Bellucci fez grande jogo contra Nadal nas Olimpíadas do Rio de 2016. Créditos: Clive Brunskill/Getty Images

Thomaz Bellucci fez muita coisa. Dentro todos os feitos, o que o próprio Thomaz mais valoriza é a consistência ao longo da última década. "Os meus 10 anos como 100 do mundo. Isso é muito difícil. Muitas vezes, você tem altos e baixos na carreira e manter uma regularidade na carreira é muito difícil", disse Bellucci, em entrevista ao podcast oficial do Rio Open. Entre maio de 2008 e outubro de 2017, ele quase sempre esteve no top 100.  Na última década, ele aparece como o 45º tenista do mundo com mais tempo entre os 100 melhores
Isso tudo acaba sendo menosprezado ou esquecido por uma parcela do público, mesmo os do nicho do tênis. Não é incomum ver comentários na rede social de Thomaz o chamando de perdedor. Nem encontrar mensagens no passado que debochavam das oscilações mentais do brasileiro, um de seus pontos mais questionáveis na carreira. 
Introspectivo, Bellucci esteve longe de exalar carisma ou ser um tenista efusivo na quadra, diferente da geração passada, simbolizada por Guga e Fernando Meligeni. Soma-se a isso a cultura resultadista no Brasil, que se comemora apenas vitórias, troféus e medalhas. Não ganhou? Chuva de críticas ou memes. No tênis, isso é ainda mais cruel: apenas um tenista leva o título a cada semana. No caso de Bellucci, ele ainda viveria na era mais dourada do esporte, como contemporâneo do Big Four. 
Talvez, muitos não entenderam o tamanho de Thomaz. Mal nos acostumamos a olhar a chave de um Grand Slam ou Masters 1000 e saber que, sim, ele estava lá, como o único representante nacional. Por quase 10 anos na elite. Isso não é pouca coisa. É o retrato da dedicação e da competência de alguém que carregou o nome do Brasil no tênis. Que continua sendo um esporte de poucos, sobretudo no masculino. Que se espera um novo Guga, mas não soubemos aproveitar Thomaz. No Rio Open, ele possa ser celebrado no patamar que merece: entre os grandes do tênis brasileiro.