O dia 05 de agosto de 2021 estará marcado para sempre na história do futebol. Em meio a reviravoltas, Lionel Messi não será mais jogador do Barcelona. Depois de 21 anos defendendo o clube que o potencializou para a história do futebol, o clube blaugrana não teria como arcar com as despesas do jogador, uma vez que o Barcelona extrapola os impostos de La Liga. A sensação, mais do que visível em sua entrevista, é de que queria continuar, e na presença dos torcedores. Infelizmente, é um fim amargo.

Lionel Messi olhando a torcida do Barcelona no Camp Nou (Getty Images)
Lionel Messi olhando a torcida do Barcelona no Camp Nou (Getty Images)

Eras acabam. Nem sempre da forma que queremos.

Pra quem acompanha futebol americano há um bom tempo (como eu), cresceu vendo a NFL vendo Peyton Manning, Drew Brees e Tom Brady, nomes geniais que marcaram a vida daqueles que acompanham o esporte. O único remanescente, Brady, segue enfileirando títulos mesmo com 44 anos, mas já se preparando para o adeus. Manning, por contas de lesões, se foi com o título em 2016. Brees, pelos mesmos motivos, foi derrotado por Brady no início do ano e se retirou em março.

No basquete, os mais velhos vão lembrar de Michael Jordan, que dispensa qualquer tipo de comentário de apresentação. Da nossa geração, nomes como o de LeBron James e Kobe Bryant trouxeram milhares de fãs para a NBA. LeBron segue em busca dos feitos de Jordan, enquanto Kobe, mesmo depois de sua morte, é lembrado com carinho.

Mas o que isso tem a ver com Lionel?Messi é como todos os nomes acima: seus anos incríveis com o Barcelona marcaram uma geração que cresceu vendo Cristiano Ronaldo, Ronaldinho, Kaká, Henry, Adriano, Pirlo, entre tantos outros. Com a 10 do Barcelona, foram mais de 778 jogos, 672 gols, seis bolas de ouro e incontáveis títulos.

Lionel Messi chora durante sua coletiva de despedida do Barcelona (Getty Images)

Messi sem Barcelona

Em toda a sua carreira, Lionel Messi só defendeu um único time como profissional. O time que o trouxe da Argentina e impressionou nos treinos mesmo sendo baixinho. O clube que lhe deu a camisa 30, que entrou em campo pela primeira vez em 2004, para jogar ao lado de Ronaldinho. Que depois de usar a 19, tomou pra si a 10 e fez a sua história. Foi que Barcelona que Messi, no auge de seu 1,70m, subiu sozinho para fazer um contra o United de Ferguson. Pelo Barcelona que Messi enfileirou gols e momentos icônicos contra o Real Madrid de Cristiano Ronaldo, seja driblando do meio campo, seja mostrando sua camisa para a torcida merengue.

Messi nunca se viu longe do Barcelona, pelo contrário, ele é a personificação do que é ser o Barcelona. Um clube que revela jogadores, um clube que valoriza seus ídolos, que tem suas raízes ligadas a Catalunha, que tem uma torcida apaixonada. O Barcelona de Suárez, Kubala; de Cruyjff, Koeman e Rivaldo; de Ronaldinho, Eto’o e Puyol; de Xavi, Iniesta e Messi. Deveria ser assim como o maior jogador de sua história, uma despedida digna, na frente de sua torcida que está ausente há um ano e meio, seja saindo do clube, ou se aposentando. Não foi como queríamos.

Se o camisa 10 vai para o PSG, ainda não sabemos, embora tudo indica que sim. Messi marcou a nossa geração com o azul-grená, com gols, dribles, assistências. Com vitórias, derrotas. Messi esteve presente nas maiores glórias do clube blaugrana neste século, ao passo que esteve ali nas maiores derrotas, viradas e goleadas. Apesar de viver tudo isso, ele quis ficar. Mas o clube no qual ele dedicou a maior parte de sua vida o barrou.

A despedida de Messi, como jogador do Barcelona, não foi como o argentino queria (Getty Images)

Barcelona sem Lionel

A partir do momento em que Messi estreou com a camisa do Barcelona, o clube viveu a maior parte de suas glórias. Um total de dez títulos de La Liga, sete Copas do Rei, oito Supercopas, quatro Champions League, entre outros. O Barcelona deve muito a Messi pelas suas conquistas e feitos. É claro que nem mesmo Messi é maior que o próprio Futbol Club Barcelona, mas os descasos com o elenco nos últimos anos minaram muito do futuro do elenco.

Ao fim do ciclo, o clube perde a maior figura de sua história, por displicências políticas durante a gestão Bartomeu, a exaustiva e fracassada busca por um novo Neymar – decepções não faltam,como Gerard Deulofeu, Ousmane Dembelé, Phillipe Coutinho e a lista vai -os fracassos na Champions e os técnicos que não tiveram boa passagem na Catalunha. A soma desses fracassos acumulou sob as costas deMessi.

Resta guardar o carinho, o respeito e admiração por Lionel. Resta lembrar as boas memórias. É um fim triste e indesejado de Lionel Messi, o maior jogador da história do Barcelona. Infelizmente as eras se acabam, nem sempre como gostaríamos.