Herói da tarde no Beira-Rio, Abel Braga deixou a entrevista coletiva tão emocionado quanto entrou no gramado. Ovacionado pela torcida e celebrado pelos jogadores, o técnico de 73 anos afirmou que a vitória por 3 a 1 sobre o Bragantino, que garantiu a permanência do Inter na Série A, foi mais marcante do que a conquista do Mundial de 2006. Para ele, o impacto emocional e o drama vivido tornam este momento “maior que o título no Japão”.

Abel admitiu que sentiu de perto a dor do torcedor ao assumir a missão de evitar o rebaixamento. “Eu sei a dor que os colorados estavam sentindo. Isso me deu força para tentar tirar o time dessa situação”, relatou, ainda emocionado. O treinador assumiu o time há apenas uma semana e comandou duas partidas decisivas.
Último ato como treinador: “Para mim, deu”
A festa no apito final teve Abel como centro das atenções, carregado pelos jogadores e ovacionado pela torcida. Emocionado, ele revelou que a partida marcou seu último ato à beira do campo. “Vai ter conversa. Mas treinador? Acabou. Para mim, deu. Tomei dois calmantes para ir para o jogo”, disse, arrancando risos e aplausos na sala de imprensa.
Apesar de encerrar a carreira como técnico, Abel deixou claro que pretende seguir no Inter, mas em outra função. Sem entrar em detalhes, limitou-se a dizer: “Vamos conversar”. A direção já considera encaixá-lo em um papel institucional.
O retorno, as críticas e a missão assumida
Abel contou que não hesitou ao atender o chamado do Inter, mesmo sob críticas de parte da torcida e alertas da própria família. “Até minha esposa disse que era coisa de maluco voltar. Mas nunca briguei com ninguém. Saí daqui em 2021 com dever cumprido. Vim confiante. Achei que poderia ajudar”, afirmou.
Ele também revisitou 2016, quando recusou assumir o Inter na reta final e viu o clube ser rebaixado. “Aquele momento, já esquecemos. Era uma coisa que eu poderia ter feito lá atrás, mas fiz agora. Estou orgulhoso”, declarou.
Críticas, lições e legado deixado para o clube
Abel Braga afirmou que a campanha turbulenta precisa servir de alerta para o Inter. “Não pode chegar nessa situação. É um campeonato equilibrado. O futebol é perigoso. Não pode aceitar derrota com naturalidade, pois acaba pagando lá na frente”, ponderou. Para ele, o principal legado é claro: o Inter não pode voltar a viver um drama como este.
O técnico também reagiu com humildade às sugestões de erguer uma estátua em sua homenagem no Beira-Rio. “Não posso responder sobre estátua. Já fui homenageado com nome de campo no Fluminense. Em vida, é legal. Mas vamos ver o que vai se desenrolar”, disse, visivelmente lisonjeado.
Alívio, promessa e futuro incerto
Encerrando a coletiva, Abel reforçou o peso emocional da missão cumprida. “Esse momento foi mais importante que o Mundial”, repetiu. O treinador se mostrou aliviado pela fuga do rebaixamento e pela resposta dada ao torcedor que acreditou até o fim.
Com futuro ainda a ser definido, mas afastado da beira do campo, Abel deixa o Beira-Rio com mais um capítulo histórico em sua trajetória, talvez o mais improvável e emocional deles.