A lenda Renato Gaúcho
Desde que surgiu no cenário do futebol brasileiro, Renato Portaluppi, ou simplesmente Renato Gaúcho, construiu uma trajetória que vai muito além dos gramados. Para o torcedor gremista, ele é mais do que um ex-jogador ou técnico vitorioso: representa um símbolo de identidade, carisma e paixão pelo clube.

Com passagens marcantes tanto dentro quanto fora das quatro linhas, Renato Gaúcho é a definição de lenda viva. Ele representa uma parte fundamental da construção da história do Grêmio. É impossível contar a trajetória de um sem mencionar o outro, já que os caminhos são inseparáveis.
Idolatria com a bola nos pés
Nascido em Guaporé, no interior do Rio Grande do Sul, em 1962, Renato iniciou sua carreira profissional no Grêmio em 1980, mas foi a partir de 1982 que começou a se firmar na equipe, dando início a uma caminhada que atravessaria gerações.
Pouco tempo depois, conquistou a América e o mundo. Em 1983, foi peça-chave no time comandado por Valdir Espinosa na campanha que resultou nos títulos da Libertadores e do Mundial de Clubes, tornando-se eterno no coração da torcida. Os dois gols marcados na vitória por 2 a 1 sobre o Hamburgo, da Alemanha, são lembrados até hoje como uma das maiores atuações individuais de um jogador gremista.
Renato permaneceu no Tricolor Gaúcho até 1986, período em que conquistou os Campeonatos Gaúchos de 1985 e 1986. Chegou a ser convocado para a Copa do Mundo de 1986, mas foi cortado por Telê Santana após chegar atrasado à concentração da Seleção Brasileira em uma folga. Em 1991, após passagem pelo Botafogo, ainda teve uma breve volta ao Grêmio, que durou apenas alguns meses.
De ídolo em campo a estátua fora dele
Após atuar por diversos clubes e vestir a camisa da Seleção Brasileira, Renato retornou ao Grêmio anos depois, agora como treinador. E, se como jogador ele já era ídolo, à beira do campo elevou esse status ao patamar de lenda, a ponto de ter uma estátua na Arena em sua homenagem.
Ao todo, são quatro passagens como técnico do Grêmio: 2010/2011, 2013, 2016/2021 e 2022/2024. É, de longe, o treinador que mais comandou o clube, com 548 partidas (281 vitórias, 140 empates e 127 derrotas). Ao lado de Oswaldo Rolla, o Foguinho, é o técnico mais vencedor da história tricolor, com 10 títulos conquistados.
Entre essas passagens, a terceira foi, sem dúvida, a mais marcante. Com 307 jogos, esse período representou a retomada do protagonismo gremista, encerrando um jejum de 15 anos sem títulos de expressão. Em 2016, venceu a Copa do Brasil, e no ano seguinte, levou o clube ao tricampeonato da Libertadores. Com isso, tornou-se o primeiro brasileiro a vencer a competição continental como jogador e treinador.
Mais do que as conquistas, o que consolida Renato como um verdadeiro ícone é o que ele representa para o clube. Em entrevistas sinceras, nas comemorações e até nas derrotas, sempre demonstrou ser uma figura única. Seu nome virou sinônimo de Grêmio, a ponto de muitos jovens conhecerem primeiro Renato técnico antes de descobrirem Renato jogador.