Como a Copa do Brasil surgiu e se consolidou como o principal mata-mata do futebol brasileiro em pouco mais de 30 anos
Desde 2003, o futebol brasileiro possui apenas um grande torneio de mata-mata nacional. Apesar da Copa do Brasil ter sido criada em 1989 com formato eliminatório da primeira à última fase, o Campeonato Brasileiro só foi se transformar em uma liga de turno e returno a partir dos anos 2000.
As torcidas brasileiras demoraram a se acostumar com os pontos corridos, já que a melhor coisa do esporte sempre foi e sempre será um dia de decisão. Haja vista que campeonatos estaduais, regionais e continentais ocorrem em formato eliminatório, era preciso criar um calendário que não punisse os times eliminados antes das oitavas de final.
Assim sendo, a Copa do Brasil se consolidou em 2003 como aquele grande troféu do mata-mata para os melhores times brasileiros. Só que essa caminhada demorou a atingir o ápice com prêmios milionários e distribuição democrática de vagas.
A origem da Copa do Brasil
Antes da criação do torneio em si, houve um evento crucial que explica uma série de mudanças no futebol brasileiro. Era o ano de 1987 quando a CBF vivia uma crise financeira severa. Alguns dos clubes da elite, por questões estruturais, ameaçaram boicotar o Brasileirão daquele ano. Foi assim que surgiu o Clube dos 13, uma iniciativa que reunia alguns dos maiores times do país em torno de uma liga que centralizava negociações.
Face à incapacidade da CBF em organizar o torneio, o Clube dos 13 angariou patrocínios milionários e selou acordos para viabilizar a competição. Nascia a Copa União, outra nomenclatura para o habitual Brasileirão. A CBF chancelou o campeonato, que resolveu um problema e criou outro: a insatisfação de equipes menores do país, privadas de enfrentar os considerados grandes ao longo do ano.
Assim sendo, dois anos depois, em 1989, nascia a Copa do Brasil. Mais democrática, sem divisões e com maior amplitude de vagas nacionais, o torneio surgiu como uma tentativa brasileira de emplacar o formato consolidado na Europa de copa nacional com equipes de múltiplas divisões.
Grêmio, o primeiro campeão
Na primeira edição, que teve relativo sucesso, o Grêmio saiu como campeão. O tricolor gaúcho superou o Sport na decisão, empatando em 0 a 0 na ida e vencendo por 2 a 1 na volta, em casa, com gols de Assis e Cuca, diante de 62 mil pessoas no antigo Olímpico.
Foram 32 participantes de diversos estados e, além da premiação em dinheiro, a Copa do Brasil premiou o campeão com uma vaga para a Copa Libertadores, que se tornou o grande atrativo para os anos seguintes. Conforme o tempo passou, a CBF optou por não incluir os times classificados para a Libertadores, de forma a dar chance a novos candidatos.
Curiosidades e zebras
A ausência das melhores equipes, classificadas à Libertadores, permitiu que as famosas zebras tomassem conta, o que certamente deixou a Copa do Brasil mais diversa e imprevisível. Logo em 1991, houve a primeira: o Criciúma, até então na segunda divisão, foi campeão em cima do Grêmio. Treinado por Luiz Felipe Scolari, o Tigre superou todas as expectativas com um estilo mais defensivo e eficiente, saindo campeão e estreando na Libertadores em 1992. O time só parou no São Paulo de Telê Santana na competição continental.
Sempre presente em finais, o Grêmio foi campeão em 1989 e disputou três finais seguidas entre 1993 e 1995, vencendo a edição de 1994. Ainda nos anos 1990, o Imortal ergueu a taça em 1997, mostrando seu perfil competitivo na Copa. Hoje, os gaúchos são o segundo time mais vencedor, com cinco títulos. O Cruzeiro é o clube com mais taças, somando seis ao todo.
Títulos memoráveis
Entre os clubes multicampeões, estão o Flamengo e o Palmeiras, com quatro títulos, o Corinthians com três e o Atlético Mineiro com dois. Todos os outros campeões só levantaram uma vez o troféu. Mas o torcedor brasileiro tem mesmo um carinho especial é por histórias de superação.
Em 2004 e 2005, Santo André e Paulista de Jundiaí repetiram a dose do Criciúma e venceram a Copa do Brasil estando na segunda divisão. Derrotando Flamengo e Fluminense, respectivamente, as equipes de São Paulo desafiaram a lógica. Curiosamente, Fla e Flu foram campeões nas edições seguintes, aplacando a frustração.
Outros casos memoráveis foram o Sport, em 2008, virando um placar de 3 a 1 contra o Corinthians na ida (2 a 0) e o Athletico Paranaense, que levou a melhor sobre o Inter em 2019 vencendo os dois jogos, sendo o segundo no Beira-Rio.
E aí? Quem é seu favorito para a edição de 2024? Será que o Flamengo alcança o Grêmio na lista dos maiores campeões, com cinco canecos?