Se arrependimento matasse:

Em entrevista à Rádio Gaúcha, Edílson trouxe todos os detalhes de uma “treta” que teve com Rogério Ceni quando ambos estavam vestindo as cores do Cruzeiro, deixando claro que o treinador contribuiu diretamente na queda para a Série B ao criar um clima ruim no grupo.

Edílson não engoliu essa situação no Cruzeiro.
© Thomás SantosEdílson não engoliu essa situação no Cruzeiro.

Não me dei muito bem e não me dou até hoje com o Rogério Ceni. Como jogador, foi um dos maiores goleiros da história do Brasil, é o maior ídolo do São Paulo. Tenho um respeito muito grande por tudo o que ele fez no futebol. Mas, na chegada dele ao Cruzeiro, não me dei bem com ele, iniciou, contando os primeiros conflitos:

“No primeiro jogo dele, a gente vence o Santos em casa, por 1 a 0. Com cinco minutos, o Santos teve um expulso. Era obrigação vencer. Ele me dá uma coletiva e fala: ‘Meu time está muito velho, vou fazer algumas trocas’. Não tinha necessidade de fazer isso. Ele pode fazer as mudanças, mas não precisa expor que o time está velho. Era o mesmo time que tinha ganhado no ano passado, só tinha tirado o Arrascaeta. Mas tinha a contratação do Rodriguinho e de outros grandes”, afirmou.

Reunião piorou a situação:

“O time era muito bom, achei que ele já começou errando ali. No outro dia, pedimos uma reunião, porque ele nos expôs. Fomos eu, Fábio, o Ariel, o Henrique, o Léo, o Egídio, o Robinho, o Fred e o Thiago Neves. Tentamos falar para não nos expor, porque estávamos em uma situação difícil e queríamos sair juntos. Não criar mais tumulto no vestiário”, continuou.

“Eu falei: ‘Não que um menino de 18 anos vá render mais que nós. De repente, tem que pegar a quilometragem de quem está fazendo as coisas. O Fred falou: ‘Eu tenho 35 anos, mas tenho 19 gols na temporada. Não é só idade’. Aí o Rogério falou: ‘19 gols? 15 no Campeonato Mineiro, né?’. Aí a gente falou: ‘É f*’.

“Ele me treina como titular. Viajamos para Porto Alegre, treino no CT do Grêmio. Nós prontos para o jogo, ele dá um recreativo. O Sassá chegou em mim e falou: ‘Se cuida, estou achando que ele vai botar o Jadson na lateral e não você’. Mudei meu semblante e falei: ‘Tá louco, Sassá?’. Ele falou: ‘É, mano, ele chegou para falar com o Jadson’. Pensei: ‘Car*, não acredito’. Sou lateral, e ele vai improvisar? Não aceito”, disparou.

Tem saudades de Ceni no Cruzeiro?

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“Eu treinei, ele tinha me colocado em dois jogos para dar sequência. Eu estava 100%. Chego na janta puto. No almoço, no outro dia, no dia do jogo, ele chega e me chama: Edilson, olha só. Pensei aqui, não decidi ainda, mas estou na dúvida entre você e o Jadson. Talvez eu coloque o Jadson’. Falei para ele: ‘Rogério, eu aceito sua decisão, mas não concordo por ser da posição, experiente e por conhecer muito o nosso adversário, por ter me preparado para esse jogo’. Os caras do grupo já viram, foram no meu quarto e falaram: ‘Que sacanagem ele está fazendo’”, complementou.

Cada vez pior o clima no Cruzeiro:

“Eu fiquei puto, porque ele ia me dar a resposta no lanche. Chego no lanche, aí ele fala: ‘Decidi, Edilson, vou com o Jadson. Eu já tirei a comida e subi [para o quarto], não quis nem mais lanchar. Até a fome passou. O Dedé subiu lá e falou: ‘Ed, que merda, tirar você de uma decisão dessas, a gente precisando de você’. Levamos um vareio do Inter. 3 a 0, fora o baile, relembrou.

O lateral confirmou que até tentou uma reconciliação pensando no bem da Raposa, mas o treinador não assumiu os erros e passou a não incluí-lo mais nos atletas relacionados aos jogos após o último contato tentado nos treinamentos.