Suspense e indefinições marcam a retomada do Palmeiras pós-pandemia. A cada semana, o clube ganha um novo desafio a equacionar para a montagem do time que seguirá a incerta temporada de 2020. Com a saída do craque Dudu para o futebol do Catar,VanderleiLuxemburgo já preparava uma nova postura das peças no tabuleiro do xadrez alviverde visando substituir o camisa 7.
Atletas promissores da base foram integrados ao elenco, assimcomo a maior observação em joias comoWesley, Luan e Gabriel Veron. Rony, pela destacada temporada de 2019, é um nome interessante para atuar no setor de Dudu, pois, mesmo que sua característica não seja de goleador, suas assistências foram fundamentais na conquista da Copa do Brasil 2019 peloAtletico-PR. Na última edição do Campeonato Brasileiro,ficou entre os 5 maiores “garçons” no grupo integrado por Dudu.
Mas eis que há uma pedra no meio do caminhodo Palmeiras. Após uma ação judicial do clube japonês Albirex Niigata, a Câmara de Resoluções de Litígio da Fifa puniuo camisa 11com quatro meses de suspensão. Assim que recorrer ao protocolar pedido no CAS (Tribunal Arbitral do Esporte), as penalizações são suspensas até uma nova decisão da citada instância.
Ao respeitar o prazo de 21 dias para fazer esta movimentação, é quase certo que o Palmeiras terá a liberação de Ronypara o restante da temporada 2020. O clube, inclusive, se respaldou no âmbito jurídico se antecipando a futuros problemas. No entanto, é inegável que este cenário impele a arquitetura de possíveis escalações sem Rony, o que era estratégia de xadrez para o remanejamento e melhores aproveitamentos do elenco, já que agora o “Profexô”pode nãocontar com dois nomes até entãotitularesdo time.
Afinal, sem Rony e Dudu, como funcionaria o setor esquerdo do ataque palestrino? Luxemburgo já sinalizava que este ano centralizaria Dudu, que faria não só o papel de finalizador de jogadas mas também de armador. As características do camisa 7 o credenciariam a desempenhar a função, já que,além de referencial para munir a ofensiva alviverde, também é um jogador que se preocupa com a zaga, como afirmou o treinador em março.
A saída de Dudu desmonta este “pojeto” de Luxemburgo, colocando naturalmente Rony para atuar na esquerda, faixa ao qual atuava o camisa 7. Desta forma, o quarteto de ataque atuaria com um meia armador tradicional, enfim, a luta por esta vaga seguiria com Raphael Veiga, Gustavo Scarpa e Lucas Lima. Mas como nas alamedas da rua Palestra Itália nada é tão fácil como se parece, a Covid-19 resolveu dar as caras. LL e Scarpa estão isolados do grupo, o que faz com que Veiga tenha a chance em seu colo para, finalmente, corresponder às expectativas da diretoria.
Entretanto, a possível ausência de Rony exigiria nova composição do quarteto ofensivo e a chance ideal para aproveitar Gabriel Veron como protagonista no ataque palmeirense. O atacante foicampeão do Mundial Sub-17 em 2019 pela Seleção Brasileira, eleito o melhor jogador da competição. No começo do ano, substituiu Dudu em algumas partidas, como na estreia do gramado sintético do AllianzParque, onde o Palmeiras bateu o Mirassol por 3 a 1.
Para o novo cenário funcionar, é fundamental que haja um equilíbrio de expectativas e cobranças. A versatilidade e regularidade de William Bigode ajudariam na composição deste poder ofensivo. Experiente, o atacante teria o papel de dividir responsabilidades em um setorque já não pode contar com nomes consagrados, e sim com jovens craques que pelo talento apresentado prometem alegrias à massa palestrina.
A montagem deste Palmeiras que retorna não passa apenas pela esperança e intuição de que uma base promissora foi promovida. Jogadores que ainda não despontaram, como é o caso de Veiga, também devem voltar com a realidade de que passam pelas ultimas oportunidades de deixarem legado positivo no Palmeiras.