Dois dos principais clubes mineiros e donos de algumas das maiores rivalidades do país, Atlético-MG e Cruzeiro dividem um status negativo no futebol brasileiro. O Galo e a Raposa são atualmente os maiores devedores do futebol nacional. De acordo com um levantamento feito pela Sports Value, empresa especializada em marketing esportivo, branding, patrocínios/ativações, avaliação de marcas e de propriedades esportivas, juntos os times devem R$ 2,28 bilhões.

Após realização de análise dos dados financeiros dos clubes brasileiros, foi identificado que Atlético e Cruzeiro estão, respectivamente, na primeira e segunda posição de maiores devedores. O Galo, que não apresentou o balancete oficial até a data limite de 30 de abril, teve seus valores projetados com base nos últimos seis meses e nas premiações conquistadas pela equipe. Assim, a dívida da equipe foi projetada em R$ 1,26 bilhões, um aumento de 4% da dívida comparando 2020 e 2021. Com não muitos cifrões a menos, a Raposa vem logo depois, devendo R$ 1,2 bilhões, uma elevação de 6% da dívida de 2020 para 2021.
No caso do Alvinegro os números não são muito diferentes do especulado anteriormente pelo portal Uol Esportes, segundo a publicação, o clube mineiro tem um débito atual que esta na caso de R$ 1,4 bilhão, fruto de uma ampliação de uma dívida já existente. Parte disso para montar e manter um time de alto nível com atletas qualificados e uma das folhas salariais mais altas do Brasileirão. Porém, ainda de acordo com o Uol, o aumento da dívida foi proposital e faz parte de uma estratégia para liquidação do débito a longo prazo ou pelo menos reduzi-la.
Ainda segundo a matéria publicada, o time esta seguindo um planejamento elaborado com a E&Y, empresa de consultoria que está no clube desde 2019. A estratégia rendeu ao clube ano passado, por exemplo, mais de R$ 200 milhões. Só a camisa do Alvinegro rendeu R$ 40 milhões e este ano a ideia é que haja uma valorização de 50%, com retorno de R$ 60 milhões.
“Pode parecer estranho o Atlético elevar as receitas, como aconteceu no ano passado, e mesmo assim ver a dívida crescer. A resposta está no planejamento financeiro do clube. Era preciso investir no futebol para gerar recursos suficientes para o time se manter forte e competitivo. Foi o que aconteceu. Para 2022, por exemplo, não existe a previsão de novos empréstimos por parte dos mecenas, que colocaram mais de R$ 400 milhões dentro do clube entre 2020 e 2021. Aliás, com o faturamento que já tem garantido, o Atlético não corre o risco de atrasar os salários nesta temporada”, afirmou Victor Martins em sua publicação no UOL Esportes.
O jornalista Victor Martins ainda afirmou que a dívida do clube pode ser inferior a R$ 400 milhões já em 2026. “De acordo com planejamento elaborado pela E&Y, o Atlético tem condições de reduzir a dívida em R$ 1 bilhão até 2026. Mas para isso será necessário se desfazer de patrimônio. É o caso de 49,9% do Diamond Mall, shopping localizado na Região Centro-Sul de Belo Horizonte e somente a parte do Atlético está avaliada em R$ 350 milhões”, o jornalista ainda revelou a preocupação do clube. “São débitos com instituições financeiras e outros credores, que geram o pagamento de aproximadamente R$ 60 milhões apenas com juros a cada ano. A venda do empreendimento comercial pode liquidar ou deixar o Atlético muito próximo de acabar com esse endividamento do ‘mal’.”
Já a Raposa, que recentemente teve sua SAF vendida para o ex-jogador Ronaldo ‘Fenômeno’, apresentou aos conselheiros do clube o balancete oficial de 2021 em que demostrou um prejuízo de R$ 113 milhões na temporada passada. O que representou uma redução da velocidade do endividamento, porém o impacto negativo nos cofres segue grande, chegando a R$ 1.016.847,00 em dívidas.
Parte da redução da velocidade da dívida da Raposa se dá pelo aumento das receitas, que saltaram de R$ 118,8 mi em 2020 para R$ 138 mi em 2021, e a diminuição das despesas, que caíram de R$ 275,2 mi em 2020 para R$ 176,9 mi em 2021, representando também uma redução do déficit do clube, pois em 2020 registrou um saldo negativo de R$ 226, 5 milhões contra R$ 113 milhões em 2021, quase metade do valor anterior.
Apesar da discreta evolução nas finanças da equipe, a situação permanece complicada muito também pelo aumento no volume de empréstimos, que saltaram de R$ 14,5 milhões em 2020 para R$ 33,4 milhões em 2021, e das dívidas trabalhistas que deixaram a casa de R$ 91 milhões em 2020 para R$ 127 milhões em 2021.
No sentido oposto, a Sports Value avaliou os clubes que mais geraram receita na temporada passada. Neste estudo o Atlético-MG foi o quinto colocado, com R$ 501 milhões de receita, já o Cruzeiro ficou apenas em 16°, com R$ 143,4 milhões.
Veja o ranking de dívidas:
1. Atlético-MG: R$ 1,26 bilhão
2. Cruzeiro: R$ 1,02 bilhão
3. Corinthians: R$ 912 milhões
4. Internacional: R$ 864,2 milhões
5. Botafogo: R$ 862,9 milhões
6. Vasco: R$ 709,8 milhões
7. Fluminense: R$ 664,2 milhões
8. São Paulo: R$ 642,5 milhões
9. Santos: R$ 509,1 milhões
10. Palmeiras: R$ 434,1 milhões
11. Flamengo: R$ 428,2 milhões
12. Grêmio: R$ 401,8 milhões
13. RB Bragantino: R$ 274,9 milhões
14. Sport: R$ 230,5 milhões
15. Bahia: R$ 225,3 milhões
16. Athletico-PR: R$ 191,4 milhões
17. América-MG: R$ 91,7 milhões
18. Fortaleza: R$ 36,2 milhões
19. Ceará: R$ 31,8 milhões
20. Atlético-GO: R$ 94,1 milhões