A exposição da vida pessoal dos jogadores e a escalada de violência envolvendo torcedores tem sido motivo de preocupação entre os atletas do futebol. De acordo com informações do UOL, capitão de clubes das Série A, B, C e D do Campeonato Brasileiro demonstraram a insatisfação e preocupação em um grupo de Whatsapp. Segundo Washington Mascarenhas, ex-atacante e atual presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais do Município de São Paulo afirmou que os atletas andam preocupados com o aumento da violência nos protestos dos torcedores.

Foto: Reprodução Bandsports/ Youtube | Washington Mascarenhas questionou a atitude da diretoria do Fortaleza no caso da punição de Lucas Crispim
Foto: Reprodução Bandsports/ Youtube | Washington Mascarenhas questionou a atitude da diretoria do Fortaleza no caso da punição de Lucas Crispim

“Com redes sociais e as facilidades eletrônicas de hoje em dia, o atleta está cada vez mais exposto. A classe aceita cobrança de torcida, gritos, isso faz parte do futebol. Se o cara não aguenta, não pode jogar. Mas está tomando uma proporção preocupante de agressão, pedrada, riscos à integridade física”, diz o presidente do sindicato ao UOL. E ainda completou:

“Os atletas estão preocupados e começando a enxergar que precisam adotar uma postura diferente em nome da própria integridade. Está no limite. Sinto que eles estão se fortalecendo para uma mobilização contra a exposição e a violência. Ainda não tem corpo, mas é o que observo.”, avaliou Washington Mascarenhas.

Washington Mascarenhas reconheceu que o sentimento dos torcedores a cerca do clube, mas defendeu que os atletas precisam ter uma vida pessoal, extracampo que precisa ser respeitada. “Futebol envolve sentimento, enxergamos isso. Mas também enxergamos que o torcedor está exigindo demais. O atleta fica inibido, deixa de fazer muitas coisas, e aí vêm as perguntas: você, aí no seu trabalho, não pode sair de noite para comemorar um aniversário, mesmo de maneira regrada e cumprindo seu compromisso no outro dia? Perdeu um jogo tem que se esconder? Não pode sair com a família para jantar? Se sair pode encontrar alguém que pode sentar a porrada em você? Vamos chegar onde? Até dar uma merda, uma morte. Um segurança que anda com atleta matar um cara, um torcedor louco dar um tiro num atleta. Porque hoje está assim”, questionou.

O presidente da Siafmsp ainda questionou a atitude da diretoria do Fortaleza no caso da punição de Lucas Crispim, por fazer festa em comemoração ao seu aniversário. “Hoje não tem espaço para atleta baladeiro. Todos têm a consciência do que precisam entregar e do que podem ou não fazer para estar nesse nível. O atleta é uma pessoa normal e tem que ter uma vida normal. Se não responder dentro de campo, na parte física e técnica, aí sim tem que ser cobrado da maneira certa. Por isso acabo vendo a atitude do Fortaleza como resposta para o torcedor. Nem para o atleta é. Em contrapartida, quando o torcedor vai lá na saída do aeroporto meter capacetada na cabeça do Robson, o que a diretoria do Fortaleza fez? Nada. Aí no caso do Crispim parece que quis fazer graça e deu força para o atleta ser culpado”, completou em entrevista ao UOL.