Descumprimento do Flamengo quanto aos treinos faz Montenegro não medir palavras; ex-presidente fala em "treino em cemitério"

Em meio a indefinição a respeito de quando será possível retornar aos treinamentos, alguns clubes já montaram um protocolo e enviaram para os Governos Estaduais, ficando no aguardo do aval das autoridades. Porém, no Rio de Janeiro, o Flamengo desobedeceu as ordens do governador Wilson Witzel e voltou aos treinamentos nesta quarta-feira (20). A atitude da diretoria rubro-negra revoltou grande parte dos dirigentes dos outros clubes do Brasil.

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O mais exaltado até o momento é o integrante do Comitê Gestor de Futebol do Botafogo e uma das vozes mais influentes do clube, Carlos Augusto Montenegro. O dirigente fez duras críticas ao presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, que além de permitir o treino dos jogadores sem o aval do Governo do Estado, esteve na última terça-feira (19) junto com o mandatário do Vasco, Alexandre Campello, em uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro tratando de uma possível volta do Campeonato Carioca, em Brasília. Montenegro ainda ironizou e torceu para que o Rubro-Negro não “tenha que treinar em um cemitério”.

“O Flamengo já enterrou um massagista, tem jogadores e profissionais contaminados. E não entendo isso de jogar em Brasília, pois é uma falta de respeito aos jogadores. Tirar eles das famílias em momento de tensão e recordes de mortes. Tirar das famílias e deixar os jogadores em hotel trancados? Fora da realidade. Não sei bem o que quer o Flamengo. Será que o Campeonato Carioca será contra Gama, Brasiliense? Ou jogará somente com o Vasco ou se querem jogar sozinho. Será que estão pensando em Libertadores com países com problemas sérios? O Flamengo pode treinar onde quiser. Sair do Ninho e ir para Brasília… Tomara que não tenham de treinar no cemitério São João Batista, Caju ou Jardim da Saudade”, disparou Montenegro, em participação ao vivo no programa “Os Donos da Bola” desta quarta-feira (20).

Durante o debate com os comentaristas da banca, o dirigente ainda questionou sobre só no Brasil existir essa pressão para que o futebol volte, sendo que escolas e outros serviços mais importantes para a sociedade não são colocados como prioridade: “Não vejo esse frenesi em relação à volta às aulas em universidades. Esse nervosismo irresponsável eu não vejo no futebol e acho uma vergonha falar que eles querem treinar em um dia que o Brasil tem 1000, 1200 mortes. Brincam com coisa séria uma doença invisível. Querem levar uma vida normal, quando a vida não está normal. O Campeonato Alemão começou depois do pico e com todo o cuidado. Mas veja a França. As aulas recomeçaram e tiveram que parar. É difícil debater isso? Não custa nada esperar uma semana, 15 dias, um mínimo de segurança. A vida não será normal até a vacina. Que voltemos depois do pico”.

Nas últimas semanas, a FERJ marcou uma reunião com todos os clubes que disputam a primeira divisão do Campeonato Carioca para tratar sobre o futuro da competição. Durante a vídeo conferência, Vasco e Flamengo queriam o reinício do Estadual enquanto Fluminense, Botafogo entre os grandes foram contra a decisão da dupla.