Participação feminina chega a 43%
A Eurocopa Feminina de 2025, que começou nesta quarta-feira (2) na Suíça, registra um marco histórico na presença de mulheres nas comissões técnicas. Das 16 seleções participantes, sete são comandadas por treinadoras, o que representa 43,75% do total. Apesar do avanço, os homens ainda lideram em número, com nove técnicos à frente das equipes.

A edição confirma uma tendência de crescimento contínuo na ocupação de cargos técnicos por mulheres no futebol europeu. Em 2013, apenas 18,75% das seleções na Euro eram comandadas por mulheres. O percentual dobrou em 2017, mantendo-se em 37,5% em 2022.
A atual edição reforça esse progresso, ainda que lento, como destacou a Female Coaching Network: “Está claro que há progresso, lento, mas constante”. A organização também enfatiza que as mudanças estruturais exigem tempo, mas reconhece o impacto simbólico do aumento na participação feminina em funções estratégicas.
Histórico comprova competência técnica
O desempenho esportivo tem validado a presença de mulheres no comando. Desde 2000, todas as grandes competições internacionais femininas, com exceção da Copa de 2011, vencida por Norio Sasaki, foram conquistadas por seleções lideradas por treinadoras. A inglesa Sarina Wiegman, atual comandante da seleção inglesa, é um dos maiores expoentes dessa geração, tendo conduzido a equipe à final da Copa do Mundo de 2023, na Austrália. “Chegar à final foi um passo imenso”, declarou Wiegman na ocasião.
A Euro 2025 também se destaca pela diversidade de trajetórias entre as treinadoras. Pia Sundhage, com passagens por Suécia, EUA, Brasil e agora Suíça, é a mais experiente da competição. Rhian Wilkinson (País de Gales), Elisabet Gunnarsdottir (Bélgica), Nina Patalon (Polônia) e Gemma Grainger (Noruega) fazem suas estreias em torneios internacionais de elite. “É uma honra representar meu país neste nível”, afirmou Wilkinson, que aposta na renovação e no trabalho coletivo.
O debate sobre igualdade de gênero também ganha força na esteira de episódios recentes, como o caso envolvendo Luis Rubiales, ex-presidente da federação espanhola, destituído e condenado por agressão sexual após o beijo forçado em Jenni Hermoso. O incidente gerou protestos internacionais e pressionou entidades esportivas a repensar estruturas de poder. A Euro 2025, portanto, se insere num contexto mais amplo, em que a presença feminina vai além do campo e se afirma também como ato político.
Referência e inspiração para o futuro
O avanço das treinadoras na Euro 2025 reforça o papel da competição como vitrine e espaço de transformação no futebol feminino. Ao reunir nomes consagrados e estreantes em posições de liderança, o torneio impulsiona debates sobre representatividade, oportunidades e justiça de gênero. “Estamos abrindo caminhos, não só vencendo jogos”, resume Pia Sundhage. A presença de mulheres no topo técnico não é apenas estatística: é símbolo de um novo tempo no esporte mundial.