Venda de Amanda Gutierres marca novo patamar no cenário continental

O futebol feminino brasileiro reafirma sua posição de potência na América do Sul e se consolida como referência em estrutura, competitividade e valorização de atletas. A venda da atacante Amanda Gutierres, do Palmeiras para o Boston Legacy, por US$ 1,1 milhão (R$ 5,89 milhões) por 80% dos direitos econômicos, tornou-se a maior transação da história do futebol feminino brasileiro e a quinta maior do mundo. O movimento reforça o avanço do país na formação e exportação de talentos.

Arthur Elias comandando a Seleção brasileira. Foto: Lívia Villas Boas/CBF
Arthur Elias comandando a Seleção brasileira. Foto: Lívia Villas Boas/CBF

Em entrevista, Tatiele Silveira, técnica do Colo-Colo, destacou a influência direta do Brasil no fortalecimento do mercado continental. Para ela, o nível de competitividade das equipes brasileiras tem elevado os padrões regionais. “O Brasil inflacionou o mercado, mas é justo. É valorização merecida. No mercado, a comissão busca equilibrar orçamento e necessidade. Jogadoras brasileiras, como Camila Martins, são vistas como peças-chave pela experiência e perfil físico diferente do encontrado no Chile”, avaliou.

A ex-jogadora Camila Estefano, atual general manager do projeto Em Busca de Uma Estrela, enfatizou o abismo que ainda separa o futebol feminino brasileiro do restante do continente. Segundo ela, o país é referência em organização e condições de trabalho. “O Brasil é disparado na América Latina em termos de estrutura e organização. Alguns países, como a Colômbia, estão chegando próximos, mas ainda estamos muito à frente”, destacou, comparando o modelo nacional com o europeu e o norte-americano.

Tatiele Silveira à frente do Colo-Colo. Foto: Staff Images Woman/CONMEBOL

Mercado brasileiro inspira e desafia clubes vizinhos

O crescimento do investimento interno, aliado ao desempenho internacional de clubes como Corinthians e Palmeiras, tem impulsionado a profissionalização em países como Chile, Argentina e Colômbia. A conquista recente do hexacampeonato da Libertadores pelas Brabas do Timão exemplifica a dominância brasileira. O nível técnico e a consistência tática das equipes nacionais têm elevado o padrão de exigência e ampliado a visibilidade da modalidade em toda a América do Sul.

O presidente da ADIFFEM, Da Rocha Freddy, da Venezuela, destacou o impacto positivo do modelo brasileiro na formação de atletas e no desenvolvimento regional. “O mercado brasileiro é atraente por várias razões. A proximidade geográfica e cultural facilita a adaptação das jogadoras. O Brasil possui grande quantidade de talento, ampla estrutura e investimento constante no futebol feminino”, afirmou. Ele reforçou que o país é visto como referência em competitividade e mentalidade vencedora.

Apesar do protagonismo, ainda há obstáculos a superar, como a falta de transparência nos valores de transferências e a padronização de contratos. Freddy observa que os custos para contratar jogadoras brasileiras são altos em comparação a outros países do continente, o que limita algumas negociações. Ainda assim, o interesse de atletas estrangeiras em atuar no Brasil cresce, atraídas pela visibilidade, estrutura e melhores condições salariais oferecidas pelos clubes nacionais.

Brasil dita ritmo e eleva o padrão continental

Com atletas cada vez mais valorizadas e clubes estruturados, o Brasil se consolida como protagonista do futebol feminino sul-americano. O país combina talento, investimento e tradição, ditando o ritmo de evolução do continente e servindo de modelo para novas políticas de formação e gestão. A tendência é que o mercado siga em expansão, com o Brasil mantendo o papel de líder na exportação de talentos e na consolidação do futebol feminino como força global.