Provocação no fair play financeiro

A CBF decidiu deixar de fora do projeto de fair play financeiro o pedido do Flamengo para proibir gramados sintéticos no futebol brasileiro. A proposta enviada pelo clube carioca foi vista internamente como uma nova cutucada ao Palmeiras, único time da Série A que utiliza esse tipo de superfície. A entidade entendeu que o tema foge da linha técnica do projeto e não deveria ser tratado como questão econômica.

SP – SAO PAULO – 06/11/2025 – BRASILEIRO A 2025, PALMEIRAS X SANTOS –  Leila Pereira presidente do Palmeiras antes da partida contra o Santos no estadio Arena Allianz Parque pelo campeonato Brasileiro A 2025.  Foto: Fabio Giannelli/AGIF
© Fabio Giannelli/AGIFSP – SAO PAULO – 06/11/2025 – BRASILEIRO A 2025, PALMEIRAS X SANTOS – Leila Pereira presidente do Palmeiras antes da partida contra o Santos no estadio Arena Allianz Parque pelo campeonato Brasileiro A 2025. Foto: Fabio Giannelli/AGIF

A ideia rubro-negra fazia parte de um pacote com dez sugestões entregues no início de novembro. O Flamengo alegou que a manutenção dos gramados artificiais criaria desigualdade nos custos e traria riscos à saúde dos atletas. Mesmo assim, a CBF avaliou que o debate não se encaixa no escopo do fair play e que misturar assuntos técnicos e políticos geraria ruído desnecessário às discussões.

O Palmeiras, que já havia manifestado nos bastidores incômodo com o assunto, entende que o movimento tem forte componente político. O clube considera que a proposta não tem relação com equilíbrio financeiro e seria mais uma tentativa de desestabilização de um rival direto. A relação entre os dois times vive um dos momentos mais tensos dos últimos anos, influenciada por disputas judiciais e divergências na Libra.

Rivais às vésperas de decisões

A polêmica ganha ainda mais peso por acontecer em uma semana decisiva para o futebol brasileiro. O Flamengo pode confirmar o título do Brasileirão Betano dependendo da combinação de resultados, enquanto Palmeiras e Flamengo farão a final da Libertadores no sábado. O clima nos bastidores já era tenso, e a proposta sobre os gramados ampliou o desgaste entre as diretorias.

Jogadores do Flamengo comemorando gol no Maracanã. Foto: Alexandre Loureiro/AGIF

A CBF acredita que a pauta poderia desviar o foco do encontro que apresentará o novo modelo de controle financeiro. A entidade priorizou discussões técnicas, como limites de gastos e critérios de responsabilização. Para o grupo de trabalho, incluir o debate sobre gramados poderia transformar a reunião em palco de disputa política entre diretoria e torcidas.

Apesar da decisão, pessoas ligadas ao projeto afirmam que o debate sobre gramados pode voltar no futuro, mas em outro contexto. Segundo essas fontes, esse tipo de alteração depende exclusivamente do departamento de competições, e não de regras de equilíbrio econômico. Por isso, qualquer movimentação só aconteceria após estudos técnicos específicos sobre impacto esportivo e estrutural.

CBF apresenta o projeto nesta quarta

O novo modelo de fair play financeiro será apresentado em São Paulo com foco no controle dos orçamentos, redução de dívidas e maior transparência. A expectativa é que os clubes adotem as novas regras já na próxima temporada do Brasileirão Betano. A intenção da entidade é aproximar o futebol brasileiro dos padrões aplicados nas principais ligas internacionais.