Provocação no fair play financeiro
A CBF decidiu deixar de fora do projeto de fair play financeiro o pedido do Flamengo para proibir gramados sintéticos no futebol brasileiro. A proposta enviada pelo clube carioca foi vista internamente como uma nova cutucada ao Palmeiras, único time da Série A que utiliza esse tipo de superfície. A entidade entendeu que o tema foge da linha técnica do projeto e não deveria ser tratado como questão econômica.

A ideia rubro-negra fazia parte de um pacote com dez sugestões entregues no início de novembro. O Flamengo alegou que a manutenção dos gramados artificiais criaria desigualdade nos custos e traria riscos à saúde dos atletas. Mesmo assim, a CBF avaliou que o debate não se encaixa no escopo do fair play e que misturar assuntos técnicos e políticos geraria ruído desnecessário às discussões.
O Palmeiras, que já havia manifestado nos bastidores incômodo com o assunto, entende que o movimento tem forte componente político. O clube considera que a proposta não tem relação com equilíbrio financeiro e seria mais uma tentativa de desestabilização de um rival direto. A relação entre os dois times vive um dos momentos mais tensos dos últimos anos, influenciada por disputas judiciais e divergências na Libra.
Rivais às vésperas de decisões
A polêmica ganha ainda mais peso por acontecer em uma semana decisiva para o futebol brasileiro. O Flamengo pode confirmar o título do Brasileirão Betano dependendo da combinação de resultados, enquanto Palmeiras e Flamengo farão a final da Libertadores no sábado. O clima nos bastidores já era tenso, e a proposta sobre os gramados ampliou o desgaste entre as diretorias.
A CBF acredita que a pauta poderia desviar o foco do encontro que apresentará o novo modelo de controle financeiro. A entidade priorizou discussões técnicas, como limites de gastos e critérios de responsabilização. Para o grupo de trabalho, incluir o debate sobre gramados poderia transformar a reunião em palco de disputa política entre diretoria e torcidas.
Apesar da decisão, pessoas ligadas ao projeto afirmam que o debate sobre gramados pode voltar no futuro, mas em outro contexto. Segundo essas fontes, esse tipo de alteração depende exclusivamente do departamento de competições, e não de regras de equilíbrio econômico. Por isso, qualquer movimentação só aconteceria após estudos técnicos específicos sobre impacto esportivo e estrutural.
CBF apresenta o projeto nesta quarta
O novo modelo de fair play financeiro será apresentado em São Paulo com foco no controle dos orçamentos, redução de dívidas e maior transparência. A expectativa é que os clubes adotem as novas regras já na próxima temporada do Brasileirão Betano. A intenção da entidade é aproximar o futebol brasileiro dos padrões aplicados nas principais ligas internacionais.