Bia Haddad Maia entra em quadra na madrugada desta terça-feira (17) pela primeira rodada do Australian Open. A brasileira, que atingiu o melhor ranking da carreira nesta semana com a 14ª colocação na WTA, chega com boas expectativas apóscomeço de temporada animador na Oceania. Saiba como chega a brasileira, além do que esperar de sua chave em Melbourne!

Bia apresenta bom começo de temporada
© Créditos: Bradley Kanaris/Getty ImagesBia apresenta bom começo de temporada

Boas atuações em 2023

Com a sua mudança de status no circuito, Bia liderou o Brasil na nova competição de equipes mistas entre países, a United Cup. E não decepcionou: sobrou na vitória contraa italianaMartina Trevisan, 21ª do ranking, por 6/2e 6/0. Depois, encontrou mais trabalho diante da norueguesaMalene Helgo, mas somou outrotriunfo:6/4 e 6/2.
Em Adelaide, torneio preparatório para o Australian Open, mais atuações consistentes na quadra dura: ganhou da romena Sorana Cirstea e da norte-americana Amanda Anisimova. Curiosamente, Bia nunca tinha vencido ambas na carreira. Desta vez, sequer perdeu sets, mostrando confiança nas horas cruciais das partidas. Ela viria a ser derrotada nas quartas para a espanhola Paula Badosa, número 11 do mundo, em uma dura batalha de mais de 2h30 de alto nível técnico e de forte desgaste físico.
Bia caiu no quadrante de Ons Jabeur, número 2 do mundo. Créditos: Graham Denholm/Getty Image

Chave ingrata no Australian Open

Bia caiu no último quadrante da chave, o mesmo setor ocupado pela tunisiana Ons Jabeur, número 2 do mundo. Ainda em busca de ultrapassar a segunda rodada de qualquer Grand Slam, a brasileira irá estrear contra a espanhola Nuria Párrizas Díaz, atual número 75 do mundo. No retrospecto, ela perdeu duas partidas, mas em outro momento, ainda no começo de 2021. No último confronto, não deu chances e venceu sem ceder sets em Miami, em 2022.

Em entrevista ao Bolavip Brasil, Mário Sérgio Cruz, jornalista do site Tênis Brasil, avalia que os desafios irão começar a partir da segunda rodada. Se avançar, a paulista enfrenta a vencedora do duelo entre a norte-americana Sloane Stephens e a russaAnastasia Potapova.

“A Stephens é uma jogadora muito experiente, já foi campeã de Grand Slam, mas não começou bem a temporada e sofreu duas derrotas em estreias. Há chance então de enfrentar a Potapova, tenista jovem, mas que chegou cedo ao alto nível. Uma terceira rodada contra Vekic ou Samsonova seria imprevisível. Acho que a Bia ainda teria um favoritismo contra a russa, que bate muito na bola, mas oscila um pouco mais. Com a Vekic é um jogo bem aberto”, analisa.

Nas oitavas, Bia teria pela frente a cabeça mais alta até a decisão: um hipótetico confronto contra Jabeur, segunda favorita. Para Cruz, a brasileira tem armas para encarar a tunisiana. “Acho que ainda é cedo para pensar na Jabeur, mas é possível destacar que algumas tenistas mais agressivas como Iga, Rybakina e Sabalenka conseguiram superá-la no ano passado. É questão de paciência, saber que ela vai tentar variar e quebrar o ritmo. Sacar bem e dominar os pontos desde a primeira bola é um fator importante”, esclarece.

Evolução técnica através das duplas

Vice-campeã do Australian Open, Bia disputou os principais torneios de 2022 ao lado da cazaque Anna Danilina, onde chegou a se classificar para o WTA Finals, como a sétima melhor dupla da temporada. A atenção às duplas trouxe um aprimoramento em alguns fundamentos técnicos, enxerga Sylvio Bastos,treinador e comentarista dos canais ESPN.
“A dupla ajudou muito. Para mim, a dupla contribui para se fortalecer na maneira de jogar simples. Você fica mais tempo na quadra jogando em alto nível, são mais jogos contra jogadoras de altíssimo nível, é necessário ter paciência para jogar a bola na cruzada, tem que sacar mais vezes, devolver melhor os saques. Hoje, a Bia está devolvendo como uma jogadora de dupla: bem dentro da quadra, pegando a bola na frente e empurrando a bola na cruzada para começar os pontos. Ou seja, ela adquiriu qualidades nas duplas para simples”, explica, citando a importância na confiança dos golpes visando o aspecto mental.
Para Bastos, a brasileira segue em uma crescente na carreira. Ele entende que, dentro dessa melhora, ela poderia adicionar mais um item em seu arsenal: o slice. “Ela se desgastabatendo muito com o backhand. Em algumas situações, ela poderia ir para o slice para quebrar um pouco de ritmo e se preservarum pouco mais. O físico está em dia, mas acrescentaria isso, o que deixaria ela ainda mais completa. No jogo contra Badosa, ela utilizou três slices em 2h30. Nos três, ela ganhou o ponto, ao quebrar o ritmo. Ela manteria toda a dimensão do jogo dela e acrescentariauma bola de variação. Pelo nível que ela está jogando e podendo subir ainda mais, é uma bola necessária para jogar em alto nível”, opina.