Beatriz Haddad Maia começou 2022 com uma parceria inesperada e vitórias em sequência nas duplas femininas. O vice do Australian Open ao lado da cazaque Anna Danilina deu um aperitivo do que estava por vir nas simples, o seu principal objetivo. Na época, Bia declarou que tinha como meta entrar no seleto grupo das 50 melhores do ranking. Quando entrou na temporada de gramajá tinha superado a marca, mas alcançou um status que mudou o patamar desua carreira: anotou 13 vitórias seguidas e ganhou os seus dois primeiros títulos a nível WTA. Neste mês, outra grande campanha, desta vez com um vice no Canadá, a colocou como a 15ª do mundo. O que levou a brasileira a dar esse salto na carreira? Confira o nosso especial!

Bia será cabeça de chave número 15 no US Open
© Créditos: Vaughn Ridley/Getty ImagesBia será cabeça de chave número 15 no US Open

Amadurecimento

Quatro cirurgias, um tumor no dedo e dez meses afastadapor doping. A paulista enfrentou um vai e vem constante na trajetória que freou a sua evolução ao longo de toda a sua carreira. Para Sylvio Bastos, comentarista de tênis dos canais ESPN, o amadurecimento que Bia atingiu durante esses períodos conturbados reflete na sua mudança de postura dentro de quadra atualmente.

“A Bia foi uma menina que teve todos os motivos do mundo para largar (o tênis). E ela foi muito mais resiliente”, começa Bastos. “As lesões foram demonstrando que era preciso paciência, pois as coisas não acontecem na hora que a gente quer. Pode ser na terceira, quinta ou décima bola. Se não tiver paciência para esperar a décima bola, vai dar o ponto para a adversária. Isso fez dela muito forte mentalmente para que ela pudesse esperar o momento certo dentro da quadra da mesma maneira que ela aprendeu a aguardar a hora certa fora da quadra. Foi um ensinamento dela como pessoa fora da quadra”, destaca.

Bia conquistou o título do WTA de Nottingham, na Inglaterra, o seu primeiro a nível WTA. Créditos: Nathan Stirk/Getty Images

Consistência

Mais firme no aspecto mental, Bia não busca a definição dos pontos rapidamente, com bolas mais arriscadas e, consequentemente, com maior chance ao erro. “Ela tem uma coisa agora que eu chamo de paciência ofensiva. Ela virou uma jogadora ofensiva, que ataca, que busca o ponto, mas com paciência de saber que não necessariamente precisa ser na primeira bola (o winner)”, analisa.

Sylvio entende que a chave da mudança não ocorre necessariamente com a evolução de algum fundamento, mas sim que ela consegue utilizar as suas armas a seu favorna hora mais adequada. “Ela não está jogando melhor tecnicamente do que ela jogava. Ela só está sabendo os melhores momentos para usar tudo o que ela sempre teve”, afirma. Unindo agressividade com consciência, a brasileira consegue manter uma maior consistência durante o jogo, o que pode causar mais erros das adversárias por conta da solidez de Bia.

A implementação no estilo de jogo da brasileira tem nome e sobrenome: Rafael Paciaroni, o seu treinador desde o segundo semestre de 2020. A parceria é firmada desde quando ela retornou ao circuito em torneios pequenos de Portugal, ainda com ranking zerado, em virtude da suspensão por doping.

Duplas

Por conta do ótimo resultado no começo do ano, Bia e Danilina se colocaram como postulantes a disputarem o WTA Finals, que irá reunir as oito melhores duplas do ano. A partir de então, a paulista começou a jogar mais o circuito de duplas, o que serviu para calibrar os seus golpes. “Tem ajudado ela a transportar a confiança adquirida nas duplas para simples, principalmente ao usar o saque, devolução e voleio”, observa Bastos, que enxerga como uma forma dela consolidar ainda mais o seu jogo.

Cabeça de chave número 15, Bia irá estrear no US Open nesta segunda-feira (29), por volta das 14h30, contra a croata Ana Konjuh. Ela também jogará com Danilina nas duplas.

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