A era Kliff Kingsbury no deserto do Arizona rendeu algumas coisas boas para os Cardinals nestes três anos do ex-Texas Tech em Glendale. O desenvolvimento de jogadores como Kyler Murray e Chase Edmunds aliado com veteranos como DeAndre Hopkins, J.J. Watt, entre outros, fez com que a equipe saísse das três vitórias em 2018 para 11 em 2021. Todavia, os Cardinals de Kingsbury tem um grande mal em todas as suas três temporadas: a queda de rendimento nas retas finais de temporada. E muito se critica se Kingsbury deve seguir no cargo ou não.

Kliff Kingsbury tem feito um trabalho que divide opiniões na torcida (Getty Images)
Kliff Kingsbury tem feito um trabalho que divide opiniões na torcida (Getty Images)

Técnico e mentalidade

Kliff Kingsbury está no cargo de Head Coach do Arizona Cardinals desde 2019. Após a era Bruce Arians, Steve Wilks assumiu a equipe em 2018 e em seu único ano à frente dos Cardinals, o time terminou 3-13 e ficou com a primeira escolha do Draft de 2019. Um ano antes, a franquia havia selecionado o novo franchise quarterback do time: o ex-UCLA, Josh Rosen.

No entanto, com a chegada de Kingsbury, veio com ele o seu esquema de jogo e filosofia ofensiva. O grande ponto é que Rosen não se encaixava na filosofia do novo treinador, por mais que tenha havido respeito por ambas as partes. Além disso, um outro quarterback chamava a atenção na classe de 2019: o ex-Oklahoma e vencedor do Heisman Trophy, Kyler Murray.

Aqui vale dizer como Kingsbury joga: o Air Raid Offense do treinador é a marca característica do ex-Texas Tech. Kingsbury, por muitas vezes, utiliza um 10 personnel, com um running back e quatro wide receivers. Na Air Raid, o passe é muito utilizado e serve de base para o ataque, utilizando passes curtos como verdadeira substituição de algumas chamadas que poderiam ter sido uma corrida do running back.

Esse fator, claro, faz com que os quarterbacks tenham um excelente número de jardas aéreas justamente pela quantidade consideravelmente mais alta de tentativas. Não que Josh Rosen fosse incapaz de rodar uma Air Raid, o problema é que ele ainda precisaria de algum tempo para maturar no sistema, evoluir sua leitura defensiva e etc.

Altos e baixos

Logo, Kliff Kingsbury selecionou Kyler Murray no Draft com a 1ª escolha geral. Murray, por sinal, cresceu sob um esquema ofensivo similar ao de Kingsbury com Lincoln Riley em Oklahoma. Pela familiaridade com o esquema, seria um encaixe perfeito para o novo treinador. É nítido que, ainda que uma filosofia oriunda do College tenha fluído e desenvolvido alguns jogadores, somado às contratações de jogadores talentosos no ataque, fez a equipe crescer gradativamente de três, para cinco (2019), oito (2020) e onze vitórias (2021).

O torcedor Luiz Felipe Barbosa destaca essa evolução: “Ele superou muitos erros de game management e playcalling que o marcaram no começo da sua carreira profissional. Também é injusto não creditar a ele as incríveis performances que colocaram Kyler Murray no patamar de jovem estrela e postulante a MVP nos últimos dois anos.”

No entanto, há um lado negativo: a falta de adaptabilidade em seu playbook, que por muitas vezes acaba resultando em chamadas muito questionáveis. Luiz Felipe explica: Seu ataque parece ser sempre entendido melhor pelas defesas adversárias do meio pro fim da temporada, demonstrando falta de adaptabilidade e versatilidade. E até seu papel na evolução do Kyler Murray tem dois lados da mesma moeda: há uma sensação de que apesar de ter sido responsável por muito da evolução do QB, Kliff acaba sendo um limitador do seu teto e potencial de virar realmente uma estrela na liga.”

Outro ponto está na queda de desempenho de suas equipes: desde seus anos no comando de Texas Tech, Kliff Kingsbury traz consigo um time que consegue bons resultados na primeira metade da temporada, mas desliza na segunda metade. Com os Cardinals, nos últimos dois anos, não é diferente. “O que a gente nota é que nos últimos dois anos teve um padrão dos Cardinals começarem a temporada bem e acabarem ‘morrendo aos poucos’ no final. O time do Kliff Kingsbury vai decaindo de uma forma que é impossível de explicar”, desabafa o torcedor Guilherme Bender.

O que esperar?

A temporada 2021/22 contou com alguns revezes importantes, como, por exemplos, as lesões de Kyler Murray ao longo da temporada – ele voltou a tempo do encerramento -e a de DeAndre Hopkins, que acabou não voltando para osplayoffs. Sem Hopkins, principalwide receiverdo time, faltou fazer reajustes no esquema tático do time. O veterano A.J. Green foi bastante utilizado, mas já não era o mesmo dos tempos de Bengals, Christian Kirk e Rondale Moore também produziram, mas ficou nítido o quanto Hopkins fazia diferença no jogo aéreo.

Mas além do ataque, com médias entre as melhores unidades ofensivas da liga, a defesa também mostrou oscilações, também com médias de Top 10. J.J. Watt perdeu jogos por lesão e faltou um nome para assumir as rédeas na linha defensiva, ofront sevencomo um todo deArizona mostrou problemas com alguns jogadores que não produziram tanto. Os jovens Isaiah Simmons e Zaven Collins, não conseguiram se destacar tão bem e a secundária, com Budda Baker, Byron Murphy e Jalen Thompson conseguiram segurar as pontas até onde deu.

Há necessidade de mudanças nocoaching staff: Enquanto Guilherme acha que uma manutenção no cargo de técnico principal seria importante, Luiz acredita que seja possível manter o HC para mais um ano:“[…] O resto do coaching staff pode (e por mim, deve) ser repensado. Não ter oficialmente um coordenador ofensivo pode ser uma das causas e a solução pra adicionar mais imprevisibilidade ao ataque de Arizona. Otrabalho dos técnicos de QB e WR aparentam também limitar a evolução do Kyler e eu adoraria ver um investimento em trazer nomes mais respeitados para as posições.”

De uma forma ou de outra, os próprios jogadores dos Cardinals já manifestaram sua posição sobre seu treinador, querendo que Kliff fique no cargo. O ano de 2022 será muito importante e começará com pressão no cargo. A NFC Oeste também mostra um nível muito exigente, considerando a força, principalmente, de San Francisco e Los Angeles. Os Cardinals mostram que são capazes de alçar voos maiores, que podem dar trabalho dentro da NFC, mas os ajustes precisam ser feitos o quanto antes.

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