Perto do fim de “Amor Perfeito”, Paulo Betti se despede de Anselmo, o seu último papel sob contrato da TV Globo após 40 anos de trajetória. O ator de 71 anos analisou o personagem, o prefeito atrapalhado e corrupto de Águas de São Jacinto, e enxerga um legado deixado pela trama das 18h: a diversidade.
“É muito estimulante”, comenta Betti, sobre viver Anselmo. Ele analisa que o personagem contribuiu na reflexão do público. “Você exacerba o senso crítico. E acaba resultando, porque as pessoas riem. Mas riem das loucuras que o Anselmo falava. Das bobagens, estupidez e falta de visão dele. Ele é bem próximo de muitos personagens que nós temos por aí, com aquele pensamento mais horroroso”, afirma o ator.
Durante o folhetim, Anselmo colecionou contradições, como a de esconder uma amante e um filho bastardo por mais de 20 anos. Mesmo estando à frente da cidade, pouco fez pelo progresso de Águas de São Jacinto, além de acobertar o filho criminoso e cúmplice da vilã, Gilda, interpretada por Mariana Ximenes.
Legado de ‘Amor Perfeito’
Mesmo de saída da Globo, Betti apontou um aspecto que “Amor Perfeito” deixa como legado para as novelas: a maior participação de negros. Isso pôde ser visto tanto na telinha com Levi Asaf vivendo Marcelino, o protagonista, como nos bastidores com Elisio Lopes Jr., um dos autores.
“Acho que vai marcar muito pela diversidade mesmo. O fato de você ter um garoto negro, com cabelo black, fazendo um herói infantil. O fato de ser ter o herói principal ser um homem negro. O fato de você ter 50% do elenco composto por negros. Isso tudo acaba mudando não só na tela, funciona para dentro também, no vestiário, nas discussões que acontecem. Ficamos 70%, 80% do tempo ali. Ali que fazemos contatos, relações. Essa novela aumentou muito para mim o contato com atores que eu não tinha”, declarou.