Qualquer um pararia o que estivesse fazendo para assistir a uma minissérie estrelada pelo Rodrigo Santoro e pelo Álvaro Morte. O primeiro todo mundo aqui no Brasil conhece:é um dos nomes mais famosos do entretenimento nacional, tem carreira no exterior há vários anos. O segundo caso, uns podem não ligar o nome ao personagem, mas é certo que o ator vai ficar para sempre marcado como o intérprete do Professor, em “La Casa de Papel“.

Rodrigo Santoro e Álvaro Morte no cartaz de "Sem Limites"
© Reprodução / Prime VideoRodrigo Santoro e Álvaro Morte no cartaz de "Sem Limites"

Então, quer dizer que vale a pena assistir a “Sem Limites”, minissérie espanhola que estreou na Prime Video? A resposta é sim e não. Explico: ao mesmo tempo em que a série tem bons elementos de produção como os figurinos e a fotografia, ela peca em tentar resumir uma história épica de uma forma que parece muito comum. Ou seja: as tentativas de tornar a dramatização da primeira circunavegação da História em algo pomposo como deveria ser não dão certo por falta de mão na direção.

Rodrigo Santoro na série que está na Prime Video – Foto: Prime Video

Mas caso você não saiba do que a série se trata, lá vai: em agosto de 1519, 239 marinheiros partiram de Sevilha, na Espanha, com a missão de encontrar um novo caminho para as “ilhas das especiarias”. Três anos depois da partida, só 18 deles voltam para casa, após terem dado a volta no planeta: essa foi a primeira vez que a humanidade conseguiu o feito, que influenciou praticamente tudo que veio depois.

O que aconteceu nesses três anos de navegação, e porque tantos marinheiros foram perdidos no caminho? “Sem Limites” se dá a missão de nos contar as circunstâncias desse feito, liderado por Fernão de Magalhães e Juan Sebastián Elcano, interpretados por Rodrigo Santoro e Álvaro Morte, respectivamente. A atuação dos dois é a melhor coisa que a série proporciona, já que são artistas que sabem o peso histórico de seus personagens e dão, na medida do possível, as cores de personalidade que cada um deles possui.

Prós e contras da série

Os problemas de “Sem Limite” começam no roteiro, que tenta simplificar ao máximo o grande feito dos navegadores, picotando a história de forma que nada parece ser tão grandioso quanto a série quer vender para o público. A trilha sonora até tenta dar o tom épico, mas o que se vê na tela não casa com o que estamos escutando. A fotografia e o figurino, por outro lado, chamam a atenção pelo cuidado na reprodução, assim como a maquiagem, que ganha certo destaque nos episódios finais.

Daí temos a direção de Simon West, que fez dezenas de blockbusters nos Estados Unidos como “Mercenários 2”, “Con Air – A Rota da Fuga”, o primeiro filme da Lara Croft com a Angelina Jolie, mas que nos últimos anos mergulhou fundo nos filmes B de ação, aqueles que vão direto para home video ou são lançados sem alarde nos streamings. O trabalho dele aqui é frouxo, quase anti-climático, e é provavelmente o maior culpado pelo ritmo arrastado da trama, mesmo que ela seja recheada de cortes rápidos para tentar salvar o senso de épico da minissérie.

Vai ter gente que vai gostar de “Sem Limites”, por conta de sua temática e do talento dos atores envolvidos. Tudo bem. É uma pena que o resto não ajudae não faça jus a uma das maiores conquistas da humanidade, em uma época em que os desafios eram quase impossíveis de se resolver. Nem mesmo os efeitos especiais dão conta do recado quando a direção é problemática e o roteiro trabalha contra a história, ao invés de ajudá-la. É uma pena.