O Lyon passou a lidar com um novo impasse financeiro envolvendo negociações feitas com o Botafogo. De acordo com reportagem publicada pelo jornal francês L’Équipe nesta quarta-feira (3), a MCCP Investment Partners acionou o clube francês para receber valores em aberto referentes a acordos firmados na gestão de John Textor.
A cobrança mais recente diz respeito à primeira parcela da compra de Igor Jesus. Oficialmente, a transação havia sido registrada por € 41,5 milhões, embora o jogador jamais tenha vestido a camisa do Lyon.
Segundo a publicação, situações semelhantes envolvem Luiz Henrique, Thiago Almada, Jair e Savarino, acumulando uma dívida que chega a aproximadamente € 120 milhões.
O mecanismo utilizado nesses negócios foi o factoring: o clube que detém direitos futuros (como percentuais de venda, premiações ou receitas de TV) antecipa esses valores junto a uma instituição financeira, que assume o crédito mediante taxas e desconto. No caso, o Botafogo recebeu de imediato esses recursos, enquanto a MCCP passou a ser credora do Lyon.
Essas operações foram realizadas no período em que Textor acumulava influência tanto no Botafogo quanto no Lyon. Mesmo assim, a maior parte dos atletas sequer se transferiu: apenas Thiago Almada chegou a atuar pelo clube francês. Os créditos, segundo o L’Équipe, teriam sido repassados à Eagle Football Holdings, grupo ligado ao dirigente. Agora, a responsabilidade financeira recai integralmente sobre o Lyon.
Valores reais das vendas
Ainda segundo o jornal, os valores verdadeiros negociados pelo Botafogo foram bem menores do que aqueles inicialmente atribuídos às “transferências” internas.
Os montantes efetivos foram:
- Igor Jesus: € 19 milhões
- Jair: € 10 milhões
- Luiz Henrique: € 31 milhões
- Thiago Almada: € 20 milhões
- Savarino: continuou no Botafogo
O que disseram os envolvidos?
Textor, por meio do assessor Stuart Leach, declarou que “a maior parte do dinheiro ficou com o Lyon”. Já o clube francês afirmou que suas demonstrações financeiras, divulgadas pelo Eagle Football Group, refletem todas as transações realizadas até 30 de junho de 2025.
Fontes do Olympique Lyonnais reforçaram ao jornal que as contas foram auditadas dentro dos padrões exigidos para empresas de capital aberto e que não faz sentido analisar cada operação de forma isolada, já que diversos fluxos internos ocorreram entre as entidades do grupo Eagle.
Para resolver o impasse, a Ares, empresa credora do Lyon, nomeou o australiano Stephen Welch, de 52 anos, para auditar o fluxo de caixa e determinar exatamente quanto cada parte deve arcar.