Dona de multitalentos, Carol Martins é uma personalidade do poker brasileiro que também possui destaque em outros cenários. Ela já foi apresentadora do programa “Be Fashion”, no antigo canal pago TVA, dirige e cria soluções artísticas e tecnológicas para eventos corporativos, através da Mox Produções, a qual é uma das sócias. Além disso trabalha como como atriz e escritora, tendo lançado o primeiro livro em 2019, “Cartas Estranhas para Amores Inventados”, da Editora Chiado.
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Entre tantas fontes de renda, o poker recebe um carinho todo especial. “Faz parte da minha renda e é uma das minhas profissões, além de ser a minha maior paixão”, explicou Carol em entrevista exclusiva para o Bolavip Brasil. A jogadora faz parte do “PokerStars Affiliate Club” e representa o site da espada vermelha em treinamentos voltados para mulheres iniciantes. “Criei esse ‘coaching’ pensando exatamente em como trazer mais mulheres para jogar poker, e obviamente por mercado, pois ainda existe um mundo de mulheres que posso alcançar e trazer para minhas redes sociais, meus conteúdos e minhas aulas”, disse.
Foto: Luis Bertazini/BSOP
Aos 41 anos, ela é uma das poucas mulheres brasileiras nos chamados torneios High Rollers dos clubes e séries no Brasil. Essas disputas são as que possuem as entradas mais caras. “Acredito que isso aconteça pelo valor monetário mesmo, como as mulheres não têm os mesmos incentivos de investimento que os homens, a lógica se faz presente nos jogos mais caros, em que vemos ainda menos mulheres jogando”, revelou Carol que também comentou sobre a falta de união entre as jogadoras do sexo feminino.
Foto: Divulgação/BSOP
“O fato de existirem poucas mulheres que jogam poker profissionalmente, fez com que surgisse uma competitividade silenciosa, em que cada uma deseja ser a primeira a ter o maior ‘big hit’ (uma grande premiação), ou ser a mais vista, ou aquela que terá o melhor patrocínio, ou que será contratada pelo melhor time”, disse a jogadora que também fez um alerta para as companheiras de profissão. “As que têm mais visibilidade, pouco fazem para integrar mais mulheres nos seus círculos ou para serem vozes femininas de incentivo real no esporte”, complementou sem esquecer de afirmar que possui um ciclo valioso de amigas no jogo.
Foto: Luis Bertazini/BSOP
Carol acredita que uma forma de impulsionar a presença das mulheres no poker é as grandes marcas patrocinarem mais jogadoras. Ela acredita que dessa forma, o lado feminino também pode ser o rosto do esporte. “Isso incentivará e aproximará a imagem da mulher no jogo, fazendo com que mais mulheres sintam vontade de aprender poker. É uma coisa que puxa a outra. Enquanto não tivermos mais apoio às jogadoras que já existem, novas jogadoras não se sentirão à vontade de fazer parte dessa comunidade”, concluiu.
A trajetória no baralho
Carol conheceu o poker há dez anos, por intermédio de amigos com quem dividia um apartamento. Procurou se aperfeiçoar por conta própria, conhecendo as regras através da internet, observando jogos através de vídeos e lendo livros. “Procurei um clube de poker onde eu poderia jogar torneios e descobri o H2club. Comecei a frequentar e nunca mais parei de jogar”, contou a jogadora que também chegou a fazer parte do “Mojave Team”, um time capitaneado pelo profissional brasileiro Felipe Mojave.
Felipe Mojave (Foto: Rachel Kay Miller/WSOP)
Entre as disputas preferidas dela estão os torneios da WSOP, a chamada Copa do Mundo de Poker, que ocorre anualmente em Las Vegas, as etapas do BSOP, conhecido por ser o “Brasileirão de Poker” e o LAPT, série continental do esporte da mente que retornou este ano ao calendário. Segundo ela, o mais nobre dos jogos de cartas é tão apaixonante por conta de não ser uma ciência exata. “O poker é um esporte de constante estudo e isso para mim é o mais fascinante, descobrir novas vias e habilidades para o mesmo esporte”, disse.
Foto: Divulgação/BSOP
Olhando para toda a carreira no universo do baralho ela lamenta o fato de não ter se arriscado mais para viver somente do poker. “O meu lado artístico nunca deixou. Então acho que não poderia ter feito nada de diferente até agora, que é o momento em que estou mais me dedicando desde que comecei a jogar”, comentou a jogadora que também declarou possuir planos audaciosos para o futuro.
Carol Martins (Foto: Acervo Pessoal)
“Meu objetivo é estudar mais, melhorar mais meu jogo para alcançar resultados visíveis em larga escala para que eu possa assim ter meios de viver do poker e viajar o mundo representando as mulheres num dos esportes majoritariamente masculinos que mais cresce no mundo. Consequentemente virar um rosto que incentive mais mulheres no esporte e assim dar mais palestras e ‘coachings’ para abrir ainda mais o caminho”, almejou.
Times de poker
A jogadora declarou que já passou por momentos constrangedores durante as competições que participa. “Grosserias, piadas, flertes invasivos. O machismo ainda é muito enraizado nesse esporte, mas isso está mudando aos poucos”, disse ela que também abordou sobre uma possível barreira em relação a presença feminina em times de poker. “Acho que ainda é uma barreira no poker mesmo. Cada time poderia ter alguém dentro que alertasse para essa questão, mas não é um interesse imediato”, avaliou.
A questão da maternidade também é algo difícil de ser lidado para jogadoras de poker. Caroline Dapousa, 3ª colocada no “Main Event” do BSOP Brasília e que foi entrevistada pelo Bolavip Brasil falou sobre essa complicação, algo que Carol Martins não possui, pois ainda não é mãe, mas ela garante que isso não deveria ser um problema. “Já está na hora de todos entenderem em todas as áreas que ser mãe nunca foi e nunca será empecilho para mulher nenhuma ser grandiosa em tudo o que faz”, disse.
Foto: Acervo pessoal
Quando questionada se no futuro poderia existir um time de poker majoritariamente feminino ela pareceu gostar da ideia. “Acho que só será possível se for um time feito por uma mulher e que só mulheres sejam aceitas, aliás, alguém quer me ajudar nisso?”, perguntou aos risos. Mesmo com a aceitação desse utópico projeto, ela confirmou que acredita na improbabilidade do feito. Sem times exclusivos para mulheres, mas com a velada rivalidade feminina no jogo, as mulheres do nosso esquadrão são vitoriosas no baralho duas vezes: vencem no jogo e no preconceito, algo que Carol Martins está no lugar mais alto do pódio.