Quem é Carlos Miguel e por que sua chegada ao Palmeiras impactou o mercado?
Carlos Miguel é o goleiro de 2,04 m que, em agosto de 2025, protagonizou uma das transferências mais impactantes do ano ao trocar o Nottingham Forest pelo Palmeiras, em um movimento estratégico e milionário da diretoria alviverde.
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Com porte físico imponente e características que chamam atenção pelo alcance e presença na área, Carlos Miguel chegou ao Palmeiras cercado de expectativa. Sua contratação marcou um movimento ousado do Verdão, que buscava um nome capaz de renovar a disputa pela posição.
Três meses após a chegada, em novembro de 2025, o goleiro vive o período de adaptação enquanto carrega a pressão de justificar um investimento que pode atingir 6 milhões de euros (cerca de R$ 38 milhões). Além da missão de se firmar como sucessor natural de Weverton, ele também convive com o peso simbólico da rivalidade com seu ex-clube, o Corinthians, fator que aumenta ainda mais a visibilidade e a cobrança sobre sua evolução.
Carlos Miguel do Palmeiras treinando antes da semifinal da Copa CONMEBOL Libertadores 2025. (Photo by Franklin Jacome/Getty Images)
Qual foi a trajetória de Carlos Miguel antes de vestir verde?
Revelado pelo Internacional, Carlos Miguel ganhou projeção nacional no Corinthians, onde ostentou uma longa invencibilidade como titular, antes de uma transferência rápida para a Premier League. Com pai goleiro e ex-Botafogo, a trajetória do camisa 1 começou ainda no Rio de Janeiro, onde deu seus primeiros passos no Flamengo, antes de se transferir para as categorias de base do Internacional, em 2016.
No clube gaúcho, ele evoluiu física e tecnicamente, mas ainda precisava de rodagem para ganhar espaço no profissional. Por isso, o Colorado o emprestou ao Santa Cruz em dezembro de 2019, movimento pensado para dar a ele regularidade. A passagem em Pernambuco, porém, terminou sem minutos em campo, e o goleiro retornou ao Inter no fim de 2020.
Poucos meses depois, Carlos Miguel recebeu nova oportunidade de jogar, foi emprestado ao Boa Esporte em 2021. Ali, finalmente estreou como profissional, atuando em oito partidas e iniciando sua transição definitiva para o futebol adulto. Em abril daquele ano voltou ao Internacional, mas não permaneceu por muito tempo, já que rescindiu o contrato em agosto de 2021, abrindo caminho para o passo mais importante da carreira.
No dia 27 daquele mesmo mês, o arqueiro assinou com o Corinthians, mudando o rumo da própria história. Inicialmente reserva de Cássio, um dos maiores ídolos do clube, Carlos Miguel aproveitou cada chance que recebeu e fez sua estreia na Série A em julho de 2022, em vitória sobre o Atlético Mineiro. Com atuações seguras e personalidade, ganhou espaço, construiu uma sequência marcante de invencibilidade como titular e conquistou a confiança da torcida, a ponto de ser visto como o sucessor natural de Cássio.
A ascensão no Timão chamou atenção internacional, e em julho de 2024 o Nottingham Forest acionou a cláusula de rescisão de 4 milhões de euros para levá-lo à Premier League. No clube inglês, ele assinou contrato até 2028 e fez sua estreia em agosto, em um jogo movimentado contra o Newcastle pela Copa da Liga Inglesa, onde tomou um gol relâmpago, se recuperou com boas defesas e ainda pegou pênalti, embora não tenha evitado a eliminação. A passagem pela Inglaterra, no entanto, foi curta, com poucas oportunidades e apenas três jogos disputados, o goleiro começou a avaliar um retorno ao Brasil, especialmente de olho em figurar na Seleção Brasileira antes da Copa do Mundo de 2026.
Carlos Miguel atuando pelo Nottingham Forest. (Photo by Ed Sykes/Getty Images)
Quanto custou Carlos Miguel e quais os detalhes do contrato?
Anunciado oficialmente em agosto de 2025, Carlos Miguel custou 5,5 milhões de euros (R$ 34,7 milhões) aos cofres do Palmeiras, com um contrato longo assinado até 2030, sinalizando um projeto de longo prazo. Nas negociações, o clube Alviverde pagou 5,5 milhões de euros por 80% dos direitos econômicos do goleiro e o Nottingham Forest manteve os 20% restantes, visando uma futura venda. Além disso, há um potencial adicional de 500 mil euros em bônus por metas a serem atingidas, situação que pode elevar o valor total da negociação.
O contrato foi assinado para vigorar até 31 de julho de 2030, um período de cinco temporadas, o que demonstra a clara visão do Verdão de enxergar Carlos Miguel como um projeto de longo prazo e futuro da meta. A contratação foi interpretada como uma oportunidade de mercado aproveitada pela diretoria de Leila Pereira e Anderson Barros, para reforçar a posição de goleiro e projetar a futura sucessão de Weverton, titular histórico do clube.
O anúncio gerou grande repercussão entre torcedores e na mídia. Nas redes sociais, o valor elevado e a duração do contrato dividiram opiniões, enquanto parte da torcida Alviverde celebrou a chegada de um goleiro considerado promissor e de alto nível, outros questionaram o investimento e pressionaram pelo desempenho imediato. A negociação também atraiu atenção extra pelo fato de Carlos Miguel ter passado pelo Corinthians, o maior rival do Palmeiras.
Os torcedores do Timão chamaram o arqueiro de “mercenário” e começaram a resgatar vídeos antigos de Carlos Miguel, provocando o Palmeiras e fazendo piadas sobre o time nunca ter conquistado o Mundial. O goleiro buscou se justificar em sua apresentação, afirmando que se tratava de momentos do passado e que seu foco estava totalmente voltado para o futuro no Verdão. Mesmo assim, a reação dividida refletiu a desconfiança de parte da torcida, enquanto outros defendiam dar uma chance ao arqueiro, acreditando que seu desempenho dentro de campo poderia superar qualquer polêmica do passado.
Qual é o papel de Carlos Miguel no elenco atual?
Com contrato até 2030, Carlos Miguel chegou sabendo que seu papel inicial é de “sombra de luxo” para Weverton, preparando-se para assumir a titularidade absoluta nos próximos anos. Desde sua chegada, o planejamento da diretoria, sob comando do técnico Abel Ferreira, foi claro: Carlos Miguel não vinha para desbancar Weverton de imediato, mas para entrar com calma em um processo de transição bem estruturado.
O goleiro chegou como terceira opção no gol, atrás de Weverton e de Marcelo Lomba, o que demonstra a cautela do clube em não apressar trocas na meta. A lógica por trás dessa estratégia é reforçada pelo calendário intenso que o Palmeiras enfrenta, com competições como o Campeonato Brasileiro, a Copa Libertadores, a Copa do Brasil e possíveis compromissos internacionais. Ter um goleiro de alto nível como reserva dá ao clube segurança em caso de lesões, desgaste, rodízio ou decisões difíceis de jogo. A contratação de Carlos Miguel apareceu, portanto, como uma forma de preparar o clube para manter competitividade e estabilidade nessa maratona de jogos.
Carlos Miguel e Weverton do Palmeiras durante aquecimento antes da partida contra o Corinthians. Foto: Ettore Chiereguini/AGIF
Como foram os primeiros meses de Carlos Miguel no Palmeiras?
Nesses primeiros três meses (agosto a novembro), Carlos Miguel focou em sua adaptação ao estilo de jogo de Abel Ferreira, especialmente no trabalho com os pés, e busca aproveitar as chances no rodízio do elenco. Desde sua chegada, o arqueiro vem participando intensamente dos treinamentos na base do clube, a estrutura da “Academia de Futebol” onde, segundo ele mesmo, sentiu rapidamente a integração com o elenco: “Cheguei faz pouco e parece que estou há três anos aqui”.
Em campo, suas oportunidades começaram a aparecer com mais frequência a partir de outubro, quando assumiu a meta em jogos importantes após lesão do titular. Apesar de um começo difícil, com duas derrotas nas primeiras partidas, ele conseguiu se recuperar e em seguida, alinhou três jogos sem sofrer gols e contabilizou 10 defesas em uma das partidas, contra o Juventude, pelo Brasileirão, o que reforçou sua credibilidade e confiança diante da torcida.
A resposta da torcida ao jovem goleiro também começou a mudar. Apesar da desconfiança natural por sua ascensão rápida e histórico de clube rival, a postura profissional, o desempenho nas partidas e as declarações públicas de compromisso com o clube ajudaram a suavizar a desconfiança. Em entrevista após a vitória sobre o Santos FC, ele falou sobre a oportunidade de substituir Weverton: “Fico feliz de estar jogando. Infelizmente, o Weverton acabou se machucando, mas se Deus quiser já já está de volta com a gente.”
Como o goleiro lida com o passado corintiano?
A troca direta de identificação (Corinthians para Palmeiras, com escala na Inglaterra) ainda é o ponto mais sensível de sua trajetória, gerando hostilidade por parte dos rivais e exigindo força mental do atleta. Desde o momento em que foi anunciado como reforço Alviverde, o arqueiro precisou encarar de frente o peso de sua história no Corinthians. O resgate citado, onde provocou o Verdão, reacendeu críticas e desconfianças, mas o goleiro tentou afastar a polêmica: “Divulgaram vídeo de quando eu era muito imaturo, era bobeira, zoação, coisa de quem vem da base, normal”,
A rivalidade entre Palmeiras e Corinthians intensificou o impacto da mudança de clube. Nos confrontos entre as equipes, conhecidos como Dérbi, torcedores alvinegros já registraram provocações e vaias, chegando a chamá-lo de “Frangueiro” e a compará-lo com Hugo Souza, atual goleiro do Timão, que vem sendo convocado para a Seleção Brasileira. Apesar da pressão extra, o camisa 1 demonstra postura profissional e equilíbrio emocional.
Carlos Miguel jogador do Palmeiras durante aquecimento antes da partida contra o Corinthians. Foto: Ettore Chiereguini/AGIF
O que Carlos Miguel disse sobre a escolha pelo Palmeiras?
Em sua apresentação e entrevistas recentes, Carlos Miguel destacou a estrutura do clube e o projeto vencedor como fatores decisivos para seu retorno ao Brasil. Na assinatura de contrato e apresentação oficial em agosto de 2025, o atleta elogiou as acomodações do Palmeiras e o considerou determinante para sua escolha: “Isso foi muito importante na minha decisão de vir para o Palmeiras e estou muito feliz.”
Sobre sua ambição de se firmar no clube, o goleiro se mostrou consciente da responsabilidade de vestir a camisa Alviverde, especialmente considerando o seu valor e a expectativa depositada: “O investimento foi alto e sei da minha responsabilidade. Quero retribuir cada centavo com títulos.” Carlos Miguel também deixou claro que pretende permanecer por bastante tempo no Palmeiras e enxerga o contrato como “um projeto para o futuro”.
O que esperar de Carlos Miguel até 2030?
O contrato longo é a prova de que o Palmeiras vê em Carlos Miguel o seu goleiro para a próxima década, com a expectativa de que ele mantenha a dinastia de grandes goleiros da Academia. Desde sua chegada, o ex-Corinthians tem sido tratado como o goleiro do futuro do clube. A fissura na mão de Weverton abriu espaço para que ele assumisse a meta em momentos decisivos, incluindo a final da Libertadores de 2025.
Com Weverton demonstrando interesse em buscar uma transferência, a expectativa é que Carlos Miguel assuma a titularidade plena nos próximos anos. A diretoria vê nele a continuidade de uma tradição de grandes goleiros formados pela Academia do Palmeiras, garantindo estabilidade na posição e reforçando a estratégia de planejamento a longo prazo.
Além da transição interna, há a possibilidade de que o desempenho de Carlos Miguel no Palmeiras abra portas para à Seleção Brasileira, consolidando seu nome no cenário nacional. A expectativa da comissão técnica e da torcida é que ele se torne referência no gol, contribuindo para títulos importantes e deixando um legado duradouro até 2030.
A história de Carlos Miguel soa quase como um roteiro de reviravolta: de arqueiro com passado no rival, passando por uma curta escala na Europa, até se tornar o “gigante de R$ 38 milhões” anunciado para vestir a meta do Palmeiras. O salto de Itaquera para a meta do Verdão evidencia que o clube apostou pesado, abrindo mão de reservas para investir alto em um goleiro jovem e de altíssimo potencial. Sua contratação se insere no que já é considerada uma das janelas mais caras e da história do Palmeiras, parte de um pacote amplo de reforços em 2025.
A pergunta que fica é: Será que Carlos Miguel conseguirá suportar o peso do investimento milionário e substituir uma lenda como Weverton? Ou a pressão da rivalidade será um obstáculo extra em sua caminhada até 2030?
Carlos Miguel goleiro do Palmeiras comemora gol durante partida contra o Santos. Foto: Fabio Giannelli/AGIF
