Em campo, a reta final de 2019 para o Vasco foi de alívio por ter se livrado do rebaixamento. Mas fora dele a torcida ganhou um título simbólico de amor e paixão ao clube. De 33 mil sócios-torcedores, o Gigante da Colina pulou para mais de 184 mil, tornando-se o primeiro no ranking de clubes do Brasil. Tudo isso veio com a promoção da Black Friday que o Cruz-Maltino lançou – iniciada em novembro e terminada no Natal – e que dava 50% em todos os planos do Sócio Gigante.
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O valor arrecadado foi de cerca de R$ 20 milhões. Segundo o presidente Alexandre Campello, serviu para pagamento de dívidas e despesas operacionais. Um abraço da torcida que manteve o Vasco de pé e gerou mais renda do que todos os patrocínios conseguidos em 2019. Depois do “boom”, a grande missão da diretoria é justamente conseguir renovar esses planos, que têm validade de seis meses. Atualmente com cerca de 175 mil sócios, a campanha #BoraRenovar embala o clube e mais de 35 mil renovações já foram feitas. Entretanto a grande maioria deste planos vai vencer entre a última semana de maio e a primeira de junho.
As dificuldades financeiras do Vasco são claras e, mais uma vez, o clube clama ao torcedor, mesmo em um momento de crise no mundo inteiro por conta da pandemia da COVID-19. Desta forma, a coluna do Bolavip Brasildecidiu entrevistar Eduardo Sá, diretor do programa Sócio Gigante. Neste bate-papo, o profissional esclarece sobre as renovações automáticas, a projeção de renovações e perda de sócios com números detalhados, as medidas para conectar o torcedor durante a pandemia e também o grande sonho do Gigante da Colina para os sócios.
Confira!
Coluna: Muitos torcedores que aderiram aos planos na Black Friday questionam que os planos foram renovados automaticamente. Como você explica essa medida?
Eduardo Sá: Isso está em contrato. O sócio pode dar uma lida nos termos de uso e verá que essa renovação automática está bem clara no contrato. Além disso, a renovação automática é uma coisa comum em qualquer serviço de assinatura ou de recorrência que a gente vê em diferentes mercados. Como exemplos temos os jornais e serviços de streaming. Ainda acho que o problema maior seria até o inverso. Imagine só se, em 2020, o Sócio Gigante não tivesse uma renovação automática? Estaríamos sendo muito cobrados também por ser retrógrados, antiquados, visto que tantos serviços de assinatura já evoluíram. A renovação automática é até uma comodidade para grande parte dos sócios que usufruem dessebenefício.
Termo de uso no contrato de assinatura do Sócio Gigante. Foto: Reprodução
Coluna: É sabido que muitos planos vão terminar no fim de maio.Quantos devem terminar e qual é o número que o Vasco entende ser ideal para que as finanças do Sócio Gigante sigam impactando crucialmente no clube, como foi no fim de 2019?
Eduardo Sá: Esse é um ponto importante para ser abordado. De fato estamos com muitos planos vencendo nessa última semana de maio e até os primeiros dias de junho. É importante dizer que a gente já estava tendo esses vencimentos de plano, mas os sócios têm 10 dias de carência. Ou seja: os sócios que ainda não renovaram só vão começar a sair da contagem oficial no início de junho. Então é importante a gente frisar isso porque muita gente pode estar pensando: “Começaram as renovações, não renovamos 100%, mas o número não está caindo ainda. Porém é por conta desses 10 dias de carência. Sobre o número considerado ideal, vamos lembrar que a gente começa o ano de 2019 com 20 mil sócios, a gente faz a Black Friday, que era uma “promo” de extensão de base e começa com 30 mil sócios, e agora pós-renovação da “promo”, a gente vai ter noção do novo tamanho do Sócio Gigante. A gente trabalha com três cenários: um pessimista, um conservador e um otimista. A pandemia, o momento sem futebol, a crise econômica puxam um pouco para baixo, mas com certeza o engajamento, a paixão, o senso de pertencimento da torcida vascaína podem levar este cenário para uma linha mais otimista”, disse o diretor, que aprofundou a questão citando números sobre as renovações.
“A gente tem, aproximadamente, 145 mil renovações para fazer nesse período. Dessas, a gente tem entre 100 e 105 mil renovações de cartão de crédito e entre 40 e 45 mil de renovações de boleto. Com a bola rolando, nas condições normais, sem promoção de base como a gente fez no passado, as taxas que a gente olha para a renovação seria entre 60 e 65% no cartão de crédito e 10% a 15% no boleto, pois renovação de boleto é muito trabalhosa e muito difícil. Através destes números já dá para fazer algumas projeções”.
Ou seja: se a projeção do Sócio Gigante der certo, o Vasco teria uma renovação de cerca de 60 mil sócios no cartão de crédito e por volta de quatro mil no boleto bancário. Somado ao número de renovações que já aconteceram até a publicação desta coluna (36.054), o Gigante da Colina conseguiria ficar na faixa de 100 mil sócios. Vale destacar que o torcedor tem a opção de estender o seu plano por 12 meses, ou seja, o dobro da opção mais utilizada durante a adesão em massa da Black Friday, que era de seis meses.
Além disso, os valores da promoção eram de 50% do preço do plano. Com a atual renovação, caso o clube consiga atingir a projeção esperada, o Gigante da Colina até perderia uma quantidade considerável de sócios, mas não de dinheiro proveniente do produto, já que os planos voltariam ao preço integral. Como citado no início da coluna, o Vasco teve um ganho aproximado de R$ 20 milhões de reais. De acordo com minha apuração, a renovação projetada pelo clube garantiria um valor próximo ao arrecadado no fim de 2019. Mais uma vez a torcida estaria, mesmo em tempos de pandemia, sendo a maior fonte de renda do Cruz-Maltino (tirando as cotas de TV).
Torcida do Vasco vem dando um show e ajudando, com o Sócio Gigante, o clube a quitar dívidas. Foto: Getty Images
Coluna: A torcida segue pedindo para o clube fazer mais promoções, como foi no final do ano passado, para ajudar nas renovações. É possível que o Vasco faça isso nos próximos meses?
Eduardo Sá: “A gente entrou com uma promoção para renovação antecipada em que o sócio poderia escolher renovar por seis meses sem bônus, seis meses com um bônus de dois meses, um ano sem bônus, aumentando seu vínculo com o clube, ou um ano com um bônus de três meses. Fazendo uma conta rápida, os seis meses com os dois de bônus, dá um desconto de 25%, ou seja, aproximadamente metade do desconto que o sócio teve na Black Friday. Mas um ponto importante é que, neste momento de renovação, não existe a taxa de adesão (carteirinha). Principalmente nos planos mais baratos, no valor desembolsado pelos seis meses, mesmo com um desconto um pouco menor, fica bem equivalente ao que foi pago no final de 2019″.
Para exemplificar a fala do Eduardo, façamos uma conta rápida com o plano “Camisas Negras”, que custa R$ 7,98. Durante a Black Friday, o torcedor pagou R$ 3,99, mas também teve custo com taxa de carteirinha (adesão, no valor de 20 reais para este plano). Durante seis meses, juntando a taxa de adesão, ele gastou aproximadamente R$ 43,94. Agora, se ele escolher este mesmo plano (fazendo a renovação antecipada) com seis meses e bônus de mais dois, ele terá um desconto de 25% e não terá a taxa de adesão. Assim, ele gastará algo muito próximo do que quando aderiu ao Sócio Gigante, já que vai pagar R$ 7,98 pelos próximos seis meses, o que dá um total de R$ 47,88.
Eduardo Sá tem projeções positivas sobre programa de sócios do Vasco. Foto: Divulgação/Vasco
Coluna: Com a iminência dos jogos sem público por um longo período, o clube pensa em dar mais vantagens para o sócio, já que os jogos faziam grande parte desse pacote?
Eduardo Sá: “A pandemia é um momento novo para todo mundo. A indústria do entretenimento não estava preparada para isso. No Brasil, os programas de sócio-torcedor estão muito voltados para o benefício do estádio, do acesso ao jogo, vantagens e ingressos. O grande desafio e segredo é criar propósitos além do benefício dos estádios. Por isso trabalhamos muito bem o plano “Camisas Negras”, também estamos entregando para os nossos sócios “De Norte a Sul” o apadrinhamento da nossa base, já que a receita deste plano é 100% voltada para investir nela, o que nos dá bastante orgulho. Então, aproveitando essa pandemia, temos que criar produtos que conectem o o fã ao clube, o Vasco ao vascaíno. Abrimos a linha de E-Sports para trabalhar nesse negócio, a página do Instagram já tem mais de 10 mil seguidores com apenas duas semanas de crescimento, temos feito lives da Vasco TV para manter o fã conectado com a gente. Vai ter um novo produto, que é a Batalha do Gigante, que busca uma interação do vascaíno com personalidades vascaínas, ex-ídolos. Fizemos a venda de ingressos para manter a chama da Libertadores acesa, visto que uma emissora transmitiu o jogo. Mas é um grande desafio pensar em novas ações neste momento que o mundo está vivendo, não só no Brasil, mas de uma forma geral”
Coluna: Como diretor do projeto, qual é o grande sonho do Eduardo para o Sócio Gigante até o final de 2020?
Eduardo Sá: “Falar sobre um sonho… Chegar ao topo de um ranking é sempre bom. Liderar ranking é maravilhoso. Se manter no topo é muito mais difícil, mas é melhor ainda. Então, até o fim de 2020, o nosso grande sonho é conseguir a manutenção como o maior programa de sócios do Brasil. Deixar o Sócio Gigante, o Vasco da Gama, no seu devido lugar, que é o Top 1 no Brasil”.