Decisão nos bastidores e no campo
João Bosco Brasil Bindá, presidente e fundador do 3B da Amazônia, surpreendeu ao assumir o comando técnico da equipe na oitava rodada do Brasileirão Feminino A1. Com 62 anos, Bosco acumulou funções para ajudar o time a sair da zona de rebaixamento. A vitória por 2 a 1 sobre o Sport, na quarta-feira (30), marcou o primeiro triunfo do clube no campeonato. Com o resultado, o 3B deixou o Z-2. Mesmo com o alívio, o presidente foi direto: “Não vou continuar”.
Após sete rodadas sem vencer e duas demissões no comando técnico em menos de um mês, Bindá decidiu tomar uma atitude emergencial. Sem treinador às vésperas do confronto com o Sport, ele conduziu as Feras da Amazônia à vitória no Estádio da Colina, em Manaus. O resultado trouxe novo ânimo ao grupo, mas o dirigente reafirmou que seu papel foi pontual. “Esse jogo eu falei que era uma decisão, o jogo mais importante da história do clube.”
Além da vitória, Bosco enfatizou a importância da comissão e dos técnicos anteriores, que deixaram suas contribuições. “Gostaria de agradecer à minha comissão técnica que me ajudou muito na beira de campo e eu estou feliz da vida.” Emocionado, completou: “Eu entrei hoje e já saí da zona de rebaixamento e devo entregar o meu cargo durante a semana. Eu sou bom na beira do campo, na parte motivacional, mas eu não vou continuar como treinador.”
Bosco, treinador e presidente do 3B. Foto: Larry Wilcox/Rede Amazônica
Críticas, pressão e desabafo
O presidente também aproveitou o momento para responder aos questionamentos que têm enfrentado. “Tem alguns jornalistas que me criticam, que dizem que falta planejamento, mas quero ver o que vão postar hoje. Mas o 3B é isso.” Segundo ele, os problemas estruturais do clube dificultam a competição com times mais estruturados financeiramente, mas não afetam o orgulho e a dedicação do elenco.
“Eu estou gastando 1 milhão e meio contra 20 a 25 milhões das outras equipes”, desabafou. Bosco destacou que o clube ainda enfrenta limitações por não possuir estrutura profissional plena. “Eu sou um clube amador, não posso fazer contrato e não posso emprestar jogadora, mas estou feliz da vida com as minhas jogadoras.” Ainda assim, ele acredita na força do grupo para buscar a permanência na elite.
Com o anúncio da saída do presidente como treinador, o 3B deverá anunciar um novo comandante nos próximos dias. A expectativa é manter a reação na competição e lutar por uma posição fora da zona de risco. A vitória sobre o Sport representa mais do que três pontos: simboliza resistência, improviso e amor ao futebol feminino. Resta agora acompanhar os próximos capítulos da equipe amazonense no torneio.
Veja também
3B arranca empate com o Real Brasília e conquista primeiro ponto no Brasileirão Feminino
Palavra final de um dirigente apaixonado
Bosco Bindá mostrou que, apesar das limitações, a paixão pode mover montanhas. Envolvido em todos os setores do clube, ele assumiu a responsabilidade e colheu frutos imediatos. Mesmo com a decisão de não continuar como técnico, o presidente reforçou sua crença no projeto. “Falei para elas que o campeonato começava hoje para a gente.” Uma fala que resume o espírito guerreiro do 3B.
