Seis meses após o término dos Jogos Olímpícos, a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei)anunciou mudanças relevantes no circuito nacional de vôlei de praia, que tem como objetivo propiciar uma renovação de atletas. Isso se deu após boicotes de atletas para o Circuito Brasileiro, que não teve oqualifying, por falta de duplas.

Wander Roberto/Inovafoto/CBV – Renato e Vitor Felipe não estão inscritos para etapa do Circuito
© Wander Roberto/Inovafoto/CBV - Renato e Vitor Felipe não estão inscritos para etapa do CircuitoWander Roberto/Inovafoto/CBV – Renato e Vitor Felipe não estão inscritos para etapa do Circuito

O modelo criado pela CBV desagradou muitos atletas, a ponto de causar um boicote à primeira etapa do ano, que deve acontecer daqui a duas semanas, em Saquarema. Os jogadores reclamam que nunca foram consultados das novidades, o que a CBV nega.

Wander Roberto/Inovafoto/CBV – Arena montada no CDV

Wander Roberto/Inovafoto/CBV – Arena montada no CDV

Como era?

Até o ano passado, o circuito nacional de vôlei de praia tinha um evento principal, o Open, que contava com 24 duplas, sendo 16 pré-classificadas e oito vindo do qualifying. Obrigatoriamente, as duplas de pior ranqueamento enfrentavamna primeira fase, as de melhor posicionamento no ranking.

Com isso, jovens que vinham subindo,paravam de crescer ao enfrentarem os times de ponta. Enquanto isso, duplas de nível intermediáriotinham um caminho mais fácil do que os que tentavam ultrapassá-los.

Reclamação dos jovens

O modelo geravareclamações dos jovens atletas, que não apenas eram eliminados cedo, enfrentando os melhores logo de cara, como não conseguiam ascender no ranking ecrescer na carreira.

Mudança pela CBV

Com essa insatisfação, a CBV apresentou uma solução, que novamente não agradou. OS atletas não aceitaram a proposta, pois segundo eles, são muitas viagens emuito dinheiro gasto, para entrar pouco em quadra e exibir pouco os patrocinadores.

Na ideia da CBV, as melhores duplas fariamquatro jogos na semana toda. As piores, que disputam o qualifying do Open fariam jogos de sets únicos de 25 pontos, ou seja, se perderem o primeiro jogo de 1 set, voltam para casa de mãos abanando, sem premiação, depois de meia hora em quadra.Dessa forma,um grupo grande de atletasoptou por não se inscrever na etapa de Saquarema.

“Dentre várias coisas que vêm chamando atenção no regulamento, a parte mais absurda e simples é o direito de se jogar. Se olhar no qualifying, no regulamento, diz que o atleta só terá a chance de jogar um set de 25 pontos. Você não tem direito nem a jogar a melhor de três, que é a regra do vôlei de praia. A gente treina tanto para o atleta buscar seu espaço para jogar só um set. Eu achei absurdo, porque o mínimo é poder jogar e diminuíram. Eu não entendo”,disse Vitor Felipe, em entrevista aogena última semana.

Como será este ano

Neste ano, apenas oito duplas irão participar do evento principal, o ‘Top 8’, com jogosde sexta a domingo, durante 10finais de semana. Nesta etapa, jogarão as sete melhores duplas do ranking, junto com a campeã do Open, evento de16 duplas que será disputado na véspera do evento principal, entre quarta e sexta-feira.

A ideia da CBVé aumentar a competitividade de jogos entre os atletas, com partidas mais emocionantes. Lembrando que só vai jogar contra as melhores duplas do país, aquela que for campeã do Open.

Boicote e premiação

Entre as principais duplas do país, apenas Álvaro Filho/Evandro e Talita/Rebeca devem disputar o torneio em Saquarema. As demais, já teriam aderido ao boicote, por conta da premiação, pois o circuito deve priorizar duplas em ascensão, o que incomodou quem está na elite.

Porque para aumentar a premiação de quem está chegando à elite, a CBV entendeu que seria melhor reduzira premiação das duplas da elite. O prêmio para as primeiras colocadas das etapas caiu de R$ 47 mil para R$ 40 mil para os campeões, e de R$ 30,8 mil para R$ 26 mil para os vices. Vale lembrar que o valor é por dupla, para ser dividido também com comissão técnica.

Direitos de transmissão

A CBV vendeu os direitos internacionais do circuito para uma empresa de apostas, mas não revela os valores. Com isso, a entidade defende as mudanças e explica o motivo.

“A tendência também é que a gente tenha mais jogos em televisão a cabo. A gente vai ter finais dos dois torneios transmitidas. Antes, era só do torneio principal. Além disso, no total, a gente vai ter um número de jogos maior. Assim, a gente tem um produto de mídia mais consistente para distribuí-los para mais mercados internacionais”, afirma Marcelo Hargreaves, diretor de novos negócios.

A entidade também deve anunciar mudanças nos critérios para que atletas da elite do vôlei de praia recebam auxílio para disputar o Circuito Mundial. Quem vencer etapa do Top 8 terá a ida a um torneio bancada para os jogadores e um treinador.