Muita gente comenta que os filmes de terror estão ficando cada vez mais óbvios. Essa é uma verdade: a cada década, há um novo “boom” do gênero, e não demora muito para os estúdios exagerarem na dose ao replicar a receita do sucesso em longas de média e baixa qualidade. As coisas funcionam assim desde sempre, é só notar. No entanto, “A Médium” — filme que estreia nesta quinta (19) nos cinemas brasileiros — pode até usar a mesma receita de bolo, mas tem diferenciais que tornam este trabalho mais atraente.
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Na história, conhecemos Nin, médium de uma pequena comunidade na Tailândia. Lá, ela tenta ajudar os moradores a lidar com os problemas espirituais, e para isso incorpora uma deusa que é passada por gerações de sua família. Uma equipe de documentaristas acompanham o cotidiano de Nin, e flagram o momento em que a sobrinha dela, Mink, passa a ser acossada por espíritos.
Poderia ser algo trivial, não fosse o problema que a equipe de documentaristas — e nós, espectadores — descobrimos com o passar do tempo: a raiz da possessão de Mink está em sua família, já que a mãe da menina é que deveria ser a médium, mas abriu mão do poder para abraçar o cristianismo. Mas será isso mesmo? É essa a dúvida que o filme planta em nossa cabeça, e conforme o tempo passa, as coisas vão ficando cada vez mais pesadas.
Um filme exemplar
É claro que o filme pode ser acusado de beber de outras fontes, mais notadamente de “A Bruxa de Blair”, um clássico do “mockumentary” (sub-gênero cinematográfico de documentários falsos) produzido em 1999. Mas ainda assim, em comparação com o deserto de ideias do terror nos últimos anos — muito por causa de “Invocação do Mal” e suas cópias/sequências — “A Médium” é um filme exemplar, que usa o “feijão com arroz” da cartilha do gênero para impressionar quem assiste.
Do elenco bem entrosado e entregue aos seus papéis, até uma direção que nos faz acreditar que as imagens são reais e não encenadas, “A Médium” merece muitos elogios e deve ser visto nos cinemas (ou, no máximo, com as luzes de casa apagadas). Mérito do diretorBanjong Pisanthanakun, conhecido por “Espíritos: A Morte Está ao seu Lado”, que se tornou um clássico com o passar do tempo. No entanto, o roteiro na terceira e última parte do filme acaba escorregando e trazendo alguns problemas. Mas nada que não seja eclipsado pelo ótimo resultado no total. Veja a crítica no vídeo acima.