Apesar do enorme sucesso que os jogos de “Resident Evil” fazem junto ao público nos últimos vinte e poucos anos, é impressionante como a história não consegue ser transposta para o cinema com algum sucesso, mesmo que relativo. Os filmes estrelados por Milla Jovovich são tenebrosos de tão ruins, principalmente os últimos que são completamente indefensáveis. Houve uma tentativa de reboot no ano passado, que também não funcionou. Agora, é a vez da Netflix tentar: e a notícia ruim é que também não consegue.

Resident Evil – A Série já está disponível no streaming
© Reprodução / NetflixResident Evil – A Série já está disponível no streaming

Essa série tenta dar um ritmo melhor para a história de zumbis que conhecemos tão bem dos jogos: os roteiristas optaram por dividir a ação em duas partes, no futuro e no passado. A primeira se passa em 2036, e é lá que conhecemos Jade Wesker (Ella Balinska), que procura sobreviver no mundo depois do vírus T se espalhar pelo mundo e praticamente dizimar a humanidade. Ela tenta encontrar, através de pesquisas, mutações virais que possam, de alguma forma, tentar reverter a situação catastrófica.

A segunda linha narrativa volta até 2022, quando a jovem Jade precisa lidar com as situações que transformaram o mundo naquilo que ela conhece no futuro. Ao lado da irmã. Billie (Adeline Rudolph), ela se muda para a chamada Nova Raccoon, que fica na África do Sul, para acompanhar Albert Wesker (Lance Reddick), o grande guru da nanociência, pai delas. É ali, vivendo o dia a dia do lugar, que elas descobrem os segredos da Umbrella, a empresa que termina responsável pelo apocalipse mundial.

Melhor deixar Resident Evil em paz

É até difícil determinar onde a série acertou nessa primeira temporada, já que os erros são totalmente visiveis. A fotografia, talvez, seja o único acerto geral, porque consegue marcar bem a linha temporal que apresenta pra gente, diferenciando bem o passado e o futuro com o uso de filtros e enquadramentos diferentes. Mas, de resto, a série escorrega gostosamente na banana e se torna completamente confusa em seu enredo, sendo difícil mesmo de seguir a história como um todo.

E talvez o maior culpado disso seja mesmo o roteiro: se, no primeiro episódio, a gente até se anima com a forma como o enredo é apresentado, a cada novo capítulo essa força vai se diluindo até chegar no último deles, que é de uma vergonha alheia que chega a ser sofrido de acompanhar. No meio disso, temos os atores que tentam, a todo custo, dar dignidade aos papéis que defendem, mas acabam entrando em uns momentos constrangedores, infelizmente.

Na direção, temos um trabalho inconsistente, que acerta em algumas sequências de ação, mas tenta reinventar a roda em outras e acaba tendo, como resultado, um produto muito irregular. Até os efeitos visuais, que deveriam ser o forte de uma produção como essa, acabam sendo muito ruins em determinadas cenas, e em algumas delas o acabamento das criaturas é algo tão imperdoável que deveria gerar algumas demissões na equipe responsável.

Enfim: a série de Resident Evil na Netflix prometeu muita adrenalina e uma nova visão a respeito da história dos games, mas com tantos erros, acaba nos entregando um mais do mesmo, uma versão menos pior dos filmes, mas ainda assim ruim. Mesmo com a Netflix por trás dessa nova tentativa, fica cada vez mais claro que é melhor deixar Resident Evil para os videogames mesmo, pois toda tentativa de adaptar a história acaba deixando os fãs cada vez mais frustrados e irritados.