Em entrevista exclusiva ao programa Tabelando, do Meu Timão, Diego Pereira, ex-preparador físico da comissão técnica de Ramón Díaz, revelou os bastidores da conquista do Campeonato Paulista pelo Corinthians, em março deste ano.
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O profissional destacou os “sacrifícios” feitos por jogadores-chave, como Rodrigo Garro e Yuri Alberto, durante a campanha do 31º título estadual do clube neste ano.
Sofrimento de Garro
Diego contou que Garro, principal armador do time, conviveu com tendinite patelar no joelho direito desde o final de 2023. Apesar das dores constantes, o argentino atuou à base de infiltrações e chegou a abrir mão de premiações para tratar o incômodo.
“Sofria, tomava injeções, tinha que sair dos prêmios por conta das dores. Mas é um cara muito guerreiro. Ele tem o DNA do clube, não queria ficar fora de treino, nem de jogos”, afirmou Diego.

SP – SAO PAULO – 02/03/2025 – PAULISTA 2025, CORINTHIANS X MIRASSOL – Rodrigo Garro jogador do Corinthians durante chegada da equipe para partida contra o Mirassol no estadio Arena Corinthians pelo campeonato Paulista 2025. Foto: Leonardo Lima/AGIF
O ex-preparador também destacou a importância do trabalho mental no elenco, feito sob liderança de Lulinha Tavares, coach esportivo contratado no início do ano. “O Ramón e o Emiliano trouxeram o Lulinha para mudar a mentalidade. A gente não queria mais fugir da dor, como em 2023. A gente queria ganhar, conquistar. E isso exigia outro tipo de preparo”, pontuou.
Yuri também enfrentou problemas
Outro nome citado foi o de Yuri Alberto, autor do gol da vitória no jogo de ida da final contra o Palmeiras, no Allianz Parque. O camisa 9 enfrentou um problema no ombro, iniciado durante a viagem à Venezuela para enfrentar o Universidad Central, ainda na Pré-Libertadores.
“Ele dormiu no avião numa posição errada e não conseguiu mais recuperar o ombro. Aquilo pesou muito. Ele não conseguia cair, apoiar o braço, fazer a mecânica de corrida. Foi para o sacrifício”, contou Diego.
Além de Yuri e Garro, outros jogadores também chegaram ao limite físico na reta final. “O Gustavo Henrique já tinha uma pubalgia. E a gente criou esse lema dentro do vestiário: ‘nossos resultados são proporcionais aos nossos sacrifícios’. Se a gente fosse além da dor, alcançaríamos nossos objetivos. Foi o que falei antes da final contra o Palmeiras: naquele momento, não existia dor”, revelou.

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Após o estadual, Yuri sofreu nova lesão: uma fratura no processo transverso da vértebra L1, na região lombar, durante partida contra o Atlético-MG. Diego relatou o contato com o jogador após o incidente. “Ele me respondeu com uma gargalhada: “Yuri Alberto, o atleta das lesões mais esquisitas do futebol’. Ano passado foi a vesícula. Ele vomitava no intervalo e não queria sair. Vomitava escondido atrás da placa e voltava correndo. É outro cara com o DNA do Corinthians”.
A recuperação de Garro em Madri
Outro ponto detalhado por Diego foi a recuperação de Rodrigo Garro em Madri, sob recomendação do atacante Memphis Depay, com quem mantém amizade. O profissional defendeu a decisão do jogador e explicou que o Corinthians apoiou a iniciativa, mesmo sem ampla divulgação pública.
“O Rodrigo tem uma relação excelente com todos. Ele buscou referências, falou com atletas que passaram pela mesma lesão. O clube entendeu e apoiou. Não foi desconfiança, foi vontade de acelerar a recuperação”, esclareceu.
Garro retornou aos gramados dois meses depois, em duelo contra o Huracán, da Argentina. Voltou a atuar os 90 minutos na vitória sobre o Grêmio, última partida antes da pausa para a Copa do Mundo de Clubes.