De clube desacreditado a um dos protagonistas da Copa do Brasil. O Corinthians de 2025 vive uma temporada marcada por extremos: ao mesmo tempo em que sofreu um terremoto político com o impeachment do presidente Augusto Melo e acumulou eliminações frustrantes em torneios continentais, encontrou no torneio nacional de mata-mata um caminho de redenção.

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Sob o comando do treinador Dorival Júnior, o time não apenas alcançou a semifinal como o fez de forma impecável: seis vitórias em seis jogos, sem sofrer nenhum gol.
Crise fora de campo
O turbilhão começou cedo. Em maio, o “Caso VaideBet” estourou e expôs a diretoria a graves acusações de irregularidades financeiras. O processo culminou no afastamento e posterior impeachment de Augusto Melo, em agosto.
O ambiente político se transformou em combustível para protestos, pressão e insegurança, deixando claro que o clube vivia dias turbulentos em seus bastidores.
Em meio à instabilidade institucional, o time em campo também colecionava decepções. O Corinthians caiu logo na fase preliminar da Libertadores para o Barcelona de Guayaquil e, na sequência, se despediu da Sul-Americana ainda na fase de grupos. A perspectiva era sombria: orçamento comprometido, moral em baixa e calendário encurtado.
A aposta em Dorival Júnior
Foi nesse cenário que Dorival Júnior desembarcou em Itaquera, no fim de abril, com a missão de reorganizar a equipe. Campeão da Copa do Brasil por três clubes diferentes e especialista em mata-mata, o treinador trouxe um discurso sereno diante do caos, consciente de que não teria reforços expressivos à disposição. Em poucas semanas, conseguiu algo que parecia inalcançável: dar identidade a um elenco marcado por lesões, desfalques e falta de continuidade.

Dorival Junior tecnico do Corinthians durante partida contra o Palmeiras no estadio Arena Corinthians pelo campeonato Brasileiro A 2025. Foto: Ettore Chiereguini/AGIF
Dorival ousou nas escolhas. Alternou formações, resgatou jogadores em baixa e, principalmente, deu espaço para jovens como Gui Negão. A joia da base se transformou em protagonista inesperado, com gols decisivos e atuações de entrega total. Foi dele, por exemplo, a participação direta em todos os gols do Corinthians contra o Athletico-PR nas quartas de final.
Campanha impecável
A caminhada alvinegra na Copa do Brasil foi construída com autoridade. Na terceira fase, o Timão eliminou o Novorizontino com duas vitórias por 1 a 0. Nas oitavas, superou o arquirrival Palmeiras em grande estilo: 1 a 0 na Neo Química Arena e 2 a 0 em pleno Allianz Parque.
Nas quartas, contra o Athletico-PR, mais uma demonstração de força defensiva e eficiência ofensiva: 1 a 0 em Curitiba e 2 a 0 em São Paulo, sempre com a marca de Gui Negão e o dedo de Dorival.

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Ao todo, foram seis jogos, seis vitórias, sete gols marcados e nenhum sofrido. Uma campanha perfeita até aqui, que coloca o Corinthians como o único semifinalista invicto do torneio.
O peso dos clássicos e o rival reformado
A classificação sobre o Palmeiras teve sabor especial. Enquanto o rival investiu pesado, disputou o Mundial de Clubes e se consolidou como um dos elencos mais poderosos do país, o Corinthians conseguiu inverter expectativas nos momentos de maior rivalidade.
O título do Campeonato Paulista sobre o Verdão já havia sinalizado um caminho, e a Copa do Brasil confirmou: em sete clássicos na temporada, foram três vitórias alvinegras, três empates e apenas uma derrota.
Se o Palmeiras buscava reafirmar seu status internacional, o Corinthians usava cada confronto direto como prova de que ainda podia competir em alto nível, mesmo sob limitações.
Do caos à esperança
O que parecia ser mais uma temporada perdida, entre crises políticas e tropeços esportivos, se transformou em nova esperança. O Corinthians chega à semifinal da Copa do Brasil não apenas com chances reais de título, mas também com a sensação de que, ao menos dentro de campo, encontrou rumo.

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A campanha perfeita, a defesa sólida, os lampejos de Gui Negão e as variações táticas de Dorival Júnior escrevem um capítulo improvável na história recente do clube. Em um ano em que o futuro parecia nebuloso, o Timão conseguiu resgatar sua essência: crescer na adversidade.
Agora, a Fiel sonha que a temporada que começou em meio a escombros políticos e eliminações dolorosas possa terminar com mais um troféu para a galeria. Afinal, se 2025 ensinou algo ao Corinthians, é que a crise também pode ser combustível para a glória.








