Um novo Atlético-MG em campo
Jorge Sampaoli começa a imprimir sua marca no Atlético-MG. Na vitória sobre o Ceará, pela 30ª rodada do Brasileirão Betano, o técnico mostrou um time mais organizado, com ideias claras e padrões táticos bem definidos. A equipe ainda não encanta, mas já demonstra sinais evidentes de evolução e entendimento coletivo.

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O Galo teve domínio nos primeiros 30 minutos de partida e controlou a posse de bola com objetividade, característica marcante dos times de Sampaoli. O gol relâmpago de Alan Franco, logo aos 23 segundos, simbolizou um time com gatilhos ofensivos claros e execução rápida das jogadas.
Mais do que vencer, o Atlético apresentou um futebol de conceitos, com movimentações coordenadas e intensidade. Para quem viveu semanas de instabilidade, o resultado e o desempenho foram um respiro técnico e emocional dentro da Arena MRV.
A reinvenção tática de Natanael e o equilíbrio no meio
Um dos grandes méritos de Sampaoli foi observar e corrigir problemas crônicos do lado direito. Ao perceber Natanael completamente nulo como lateral, o argentino o reposicionou como volante na saída de bola. A mudança deu certo: o jogador teve sua melhor atuação em muito tempo com a camisa do Galo.
Com a nova função, Natanael ajudou a construir o jogo por dentro, dando mais fluidez e ajudando na pressão pós-perda. Ao lado de Alan Franco e Scarpa, o setor central ganhou volume e segurança, mesmo com as ausências de Arana e Bernard, que tiraram criatividade da equipe.

MG – BELO HORIZONTE – 25/10/2025 – BRASILEIRO A 2025, ATLETICO-MG X CEARA – Alan Franco jogador do Atletico-MG comemora seu gol durante partida contra o Ceara no estadio Arena MRV pelo campeonato Brasileiro A 2025. Foto: Fernando Moreno/AGIF
O desafio, no entanto, está em ajustar a recomposição defensiva. Biel, ponta direita, tem deixado espaços nas costas, forçando o sistema a se reorganizar rapidamente. Sampaoli precisará encontrar um equilíbrio maior entre agressividade e cobertura no setor.
Dudu decisivo e o resgate da confiança
Entre os jogadores que mais cresceram sob o comando de Sampaoli, Dudu merece destaque. O ponta tem sido protagonista, com intensidade ofensiva e qualidade técnica acima da média. Contra o Ceará, foi dele a assistência para Alan Franco no gol da vitória.
Além de Dudu, outros nomes começam a reagir. Alan Franco vive talvez seu melhor momento na temporada, e até reservas como Natanael e Rubens mostram evolução. O treinador argentino, conhecido por extrair o máximo de seus atletas, começa a recuperar peças que estavam apagadas.
Esse processo de reconstrução é visível no ambiente interno. Jogadores relatam um clima mais competitivo e disciplinado, com treinos de alta exigência tática e foco total na execução das ideias. O Galo, mesmo limitado tecnicamente em algumas posições, voltou a ter propósito em campo.
Sampaoli traz identidade e esperança
Sampaoli ainda enfrenta limitações claras. O elenco, sem Arana e Bernard, perde em criatividade; Hulk, mais isolado, ainda não rendeu o esperado; e o lado direito segue como um ponto vulnerável. Mesmo assim, o Atlético-MG já mostra algo que há muito tempo não se via: um time com plano de jogo e convicção.
Os primeiros sinais da “mão do técnico” são visíveis. Saídas curtas, triangulações, pressão coordenada e movimentação sem bola voltaram a fazer parte da rotina atleticana. O Galo ainda precisa ajustar a execução, mas a estrutura está montada.
Para uma equipe que lutava apenas por resultados, a vitória sobre o Ceará representou mais do que três pontos: mostrou que o Atlético voltou a ter identidade. Sampaoli devolveu ao time a sensação de saber o que fazer dentro de campo — e isso, no futebol, é o primeiro passo para algo maior.








