O empate por 1 a 1 entre Vasco e Grêmio, na noite do último sábado (19), em São Januário, trouxe à tona uma pauta recorrente desde a volta do futebol nacional após a Copa do Mundo de Clubes: as escolhas de Fernando Diniz seguem custando caro ao Cruz-Maltino.

Números de Vasco e Grêmio surpreendem e expõem crise nos dois lados. Foto: Thiago Ribeiro/AGIF
© Thiago Ribeiro/AGIFNúmeros de Vasco e Grêmio surpreendem e expõem crise nos dois lados. Foto: Thiago Ribeiro/AGIF

Apesar de um desempenho superior em praticamente todos os aspectos do jogo, o Vasco não conseguiu transformar o domínio em vitória e soma apenas um ponto nos últimos três jogos pelo Brasileirão.

O Vasco foi soberano: teve 62% de posse de bola, finalizou 28 vezes contra 8 do Grêmio e chegou a colocar oito cabeçadas na direção do gol de Tiago Volpi. O gol de Lucas Freitas, aos 19 minutos do segundo tempo, parecia encaminhar a vitória cruz-maltina.

No entanto, Diniz voltou a errar no momento de mexer na equipe. A entrada de Mateus Carvalho, que já havia feito parte de um meio-campo criticado na derrota para o Fluminense, mudou a dinâmica da partida — e não positivamente.

RJ – RIO DE JANEIRO – 19/07/2025 – BRASILEIRO A 2025, VASCO X GREMIO – Tiago Volpi goleiro do Gremio durante partida contra o Vasco no estadio Sao Januario pelo campeonato Brasileiro A 2025. Foto: Jorge Rodrigues/AGIF

Embora não tenha sido o responsável direto pelo gol do Grêmio, o volante simbolizou uma queda de intensidade e controle no meio-campo vascaíno. O Tricolor gaúcho aproveitou o momento, ganhou espaço, cresceu em volume e, após erro coletivo defensivo, chegou ao empate com Gustavo Martins.

Vasco cria, finaliza e domina… mas não vence

Desde que Diniz assumiu, o Vasco é a equipe que mais finaliza no Campeonato Brasileiro: são 97 finalizações e apenas 12 gols marcados. Contra o Grêmio, foram 31 tentativas, número exaltado pelo treinador na coletiva pós-jogo:

Produzimos para vencer e até para golear. Fazia muito tempo que o Vasco não finalizava tanto contra o Grêmio“, comentou o treinador Diniz.

Apesar da estatística, o rendimento ofensivo continua ineficaz. O time gera chances, tem volume e intensidade, mas falta contundência na hora de definir. Além disso, as substituições têm sido alvo de críticas constantes. Nomes como Estrella, Garré e Alex Teixeira ficaram no banco mesmo com o time precisando da vitória.

Grêmio sobrevive graças a Volpi e segue sem resposta tática

Pelo lado tricolor, a atuação de Tiago Volpi salvou o time de uma nova derrota. O goleiro fez cinco defesas difíceis e segurou o ímpeto vascaíno no segundo tempo. Em campo, o esquema com três volantes voltou a decepcionar. Mano Menezes não conseguiu ajustar a equipe, que foi facilmente envolvida no meio e sofreu com o jogo aéreo.

Foram oito cabeçadas em direção ao gol gremista, contra apenas duas do time visitante. Com 241 passes trocados e 38% de posse, o Grêmio teve atuação limitada e só não saiu derrotado graças ao goleiro e à ineficiência adversária.

O alerta está ligado para o confronto decisivo contra o Alianza Lima na próxima quarta-feira. Repetir os erros defensivos de São Januário pode ser fatal para as pretensões internacionais do clube gaúcho.

Opinião técnica: o Vasco precisa de mais que volume

O Vasco jogou melhor. Foi intenso, criativo e dominante. Mas enquanto Diniz seguir errando nas trocas, apostando em jogadores que não respondem em campo e deixando soluções no banco, a equipe continuará acumulando frustrações. Dominar estatísticas não é o mesmo que dominar o placar.

A produção ofensiva precisa ser traduzida em resultado — e isso passa também por decisões técnicas. O treinador precisa ler melhor os momentos do jogo e agir com mais clareza na hora de mudar a equipe.