Fernando Diniz revelou um lado até então desconhecido de Philippe Coutinho. Durante o 2º Fórum Brasileiro dos Treinadores de Futebol, na última terça-feira (4). O técnico do Vasco contou que o camisa 11 chegou a pensar em abandonar o futebol.

Diniz revela que Coutinho pensou em parar de jogar e faz desabafo sobre o futebol brasileiro — Foto Joisel AmaralAGIF
Diniz revela que Coutinho pensou em parar de jogar e faz desabafo sobre o futebol brasileiro — Foto Joisel AmaralAGIF

A declaração, feita em meio a uma reflexão sobre o papel dos treinadores e o ambiente do esporte no país, expôs a dimensão emocional e humana que Diniz enxerga em seus comandados.

Segundo o treinador, o caso de Coutinho representa o quanto o futebol pode ser cruel até com jogadores consagrados. “O Coutinho tem dinheiro, passou por grandes clubes, jogou Copa do Mundo, mas queria parar de jogar. Agora não quer mais. No fundo, todo mundo precisa de ajuda”, disse Diniz, emocionado. A fala foi recebida com atenção por outros técnicos presentes e rapidamente repercutiu nas redes sociais, justamente pela sensibilidade do tema.

Diniz explicou que seu objetivo principal nunca foi apenas vencer, mas transformar vidas. Ele afirmou que os técnicos deveriam ser vistos como educadores e que o futebol brasileiro precisa de uma “revolução psicossocial”, e não apenas de novos métodos táticos. “As pessoas acham que sou fissurado em tática, mas o que eu persigo é mudar a vida de quem precisa de ajuda”, completou.

Coutinho jogador do Vasco durante partida contra o Sao Paulo no estadio Sao Januario pelo campeonato Brasileiro A 2025. Foto: Thiago Ribeiro/AGIF

Diniz desabafa sobre futebol brasileiro

Coutinho, que voltou ao Vasco em 2024 após uma carreira com passagens por clubes como Inter de Milão, Liverpool e Barcelona, reencontrou estabilidade sob o comando de Diniz. Recuperado física e mentalmente, o meia soma 11 gols e cinco assistências em 47 jogos na temporada, tornando-se peça essencial no elenco cruz-maltino.

O treinador ressaltou que muitos jogadores brasileiros chegam ao profissional fragilizados emocionalmente, por virem de contextos sociais difíceis e enfrentarem pressões desumanas desde cedo. Para ele, esse ambiente é o principal motivo de tantos talentos promissores se perderem antes de alcançar o auge.

Os jogadores estão carentes de quem cuide deles. A maioria vem da favela, chega precisando de quase tudo e recebe muito pouco”, destacou Diniz, ao defender uma mudança de mentalidade no futebol nacional. Ele também criticou a ideia de que o sucesso depende apenas de copiar modelos europeus, dizendo que o Brasil precisa entender melhor seu próprio jogador e sua realidade.

Em meio a um momento de retomada com o Vasco, Diniz reforçou que o caso de Coutinho é um símbolo de superação e de cuidado humano dentro do futebol. “Jogador bom é jogador confiante. Craque sem confiança é jogador ruim”, afirmou.

Para o técnico, a transformação de Coutinho vai além do campo. É o reflexo de um ambiente mais acolhedor, algo que, segundo ele, o futebol brasileiro precisa aprender a valorizar tanto quanto os títulos.