O vestiário compra a ideia
O desabafo público de Luiz Gustavo após a derrota por 6 a 0 para o Fluminense não foi um ato isolado no São Paulo. Internamente, o discurso repercutiu forte e encontrou respaldo em outras lideranças do elenco tricolor. A cobrança por mais responsabilidade e transparência bateu exatamente com o sentimento do grupo.

Segundo apuração interna, jogadores experientes entenderam que o volante apenas verbalizou o que muitos pensavam, mas não diziam publicamente. O recado sobre “colocar a cara” e assumir responsabilidades ecoou no vestiário logo após o apito final no Maracanã.
Luiz Gustavo, inclusive, deixou claro que o erro em campo também passou pelos atletas. “A culpa é nossa, claro, dos jogadores que fizemos a m* que foi hoje”, afirmou. Ainda assim, reforçou que os problemas do clube vão além das quatro linhas.
Cobrança que vem de dentro
Na avaliação dos líderes, faltou planejamento claro ao longo da temporada. O discurso do volante apontou para uma ausência de direção definida, gerando insegurança no elenco durante os momentos de maior pressão. Para eles, não se trata de apontar culpados isolados, mas de alinhar clube e jogadores.
“Esse clube é muito grande, merece ter uma direção, um plano claro, do que queremos do início ao fim de uma temporada”, disse Luiz Gustavo, em entrevista ainda no gramado. A fala foi vista como madura e necessária por parte do plantel.
Outro trecho que ganhou força foi quando o volante falou em responsabilidade compartilhada. “Quem precisa colocar, assumir responsabilidade, todo mundo tem responsabilidade, de cima para baixo?”, questionou ele, em tom firme.
Impacto imediato na diretoria
Com 38 anos, Luiz Gustavo deixou claro que não pretende viver de ilusões no futebol. O volante chegou a colocar o próprio futuro em dúvida e afirmou que sua maior preocupação é sair de “cabeça erguida”. Entre os jogadores, a fala foi interpretada como um alerta final.
As consequências vieram rápido. Em menos de 24 horas após a goleada, o São Paulo iniciou um movimento interno forte. Carlos Belmonte pediu desligamento do cargo de diretor de futebol, acompanhado de Fernando “Chapecó” e Nelson Marques Ferreira.
Em nota oficial, o clube confirmou as saídas e informou que Rui Costa assumirá o comando do futebol, com Muricy Ramalho permanecendo como coordenador. A mudança evidencia que a fala de Luiz Gustavo encontrou eco dentro e fora do vestiário.
Crise que ganhou urgência
A saída coletiva da cúpula do futebol reforça que o episódio vai além de um mau resultado. A crise institucional se aprofundou e ganhou caráter de urgência, com pressão interna e externa por mudanças mais profundas.
Dentro do elenco, o entendimento é de que o momento exige união, mas também respostas claras. Os jogadores querem participar de um novo ciclo, com mais diálogo e planejamento, para evitar que erros se repitam na próxima temporada.
O São Paulo agora tenta reorganizar a casa em meio à turbulência. Resta saber se o choque de realidade provocado pelo desabafo de Luiz Gustavo será, de fato, o ponto de virada que o clube tanto precisava.