Na última terça-feira (14), o Ministério Público de Goiás instaurou uma operação para investigar um grupo especializado em fraudar resultados de jogos da Série B do Campeonato Brasileiro, com o objetivo de influenciar apostas esportivas de altos valores. A investigação teve início após a descoberta do presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, que Romário, atleta do Clube na época, era um dos atletas suspeitos de envolvimento no esquema.

Reprodução/YouTube Vila Nova. Presidente da equipe goiana fala sobre investigações de fraude em resultados
Reprodução/YouTube Vila Nova. Presidente da equipe goiana fala sobre investigações de fraude em resultados

Segundo o MP, há indícios de que o grupo influenciou ao menos três jogos da Série B no final de 2022: Vila Nova x Sport, Criciúma x Tombense e Sampaio Corrêa x Londrina, todos pela 38ª rodada da competição. Os investigados teriam movimentado mais de R$ 600 mil, em ações que envolviam convencer atletas a manipular resultados nas partidas, por meio de atitudes em campo, como provocar pênalti no primeiro tempo dos jogos, entre outras táticas.

Se topassem, os jogadores receberiam parte dos prêmios de apostas feitas. A estimativa é que cada envolvido tenha recebido R$ 150 mil por aposta. Além de Romário, Matheusinho, ex-jogador do Sampaio Corrêa, também está envolvido na investigação. O mesmo acontece com o zagueiro Joseph, do Tombense, e o volante Gabriel Domingos, também do Vila Nova, cuja participação teria sido emprestar a conta bancária para Romário receber o adiantamento.

Hugo Jorge Bravo afirmou que soube sobre o acontecimento por pessoas de fora do Clube, e passou a observar os envolvidos. O mandatário do Vila Nova chegou a conversar com Romário e com o suposto agente responsável pelo esquema. Nesse caso, os atletas deveriam cometer pênaltis no primeiro tempo dos três jogos, para que a aposta fosse vencedora. A única partida em que não houve penalidade marcada foi no embate da equipe goiana diante do Sport, pois Romário não foi relacionado para a partida.

"Passou o jogo, uns três dias, e fui informado que o Romário estaria envolvido em um esquema de apostas. Ligamos o alerta e fomos atrás. Entrei em contato com quem teria articulado todo o esquema. Essa pessoa nos relatou que a combinação era um pênalti no primeiro tempo de Sport x Vila Nova e outras duas partidas da mesma rodada (Sampaio Corrêa x Londrina e Criciuma x Tombense)", disse o presidente do Vila Nova.

"Como no jogo do Vila Nova não houve o pênalti, mas houve o pagamento do sinal (R$ 10 mil) para o jogador envolvido, o apostador passou a cobrar excessivamente o atleta pelo prejuízo causado, já que nos outros jogos houve o pênalti, e os atores envolvidos esperavam receber cada um R$ 150 mil", explicou o promotor de Justiça do Ministério Público de Goiás (MP-GO), Fernando Martins Cesconetto.

A estimativa de ganho pelas apostas era de R$ 2 milhões, segundo o Ministério Público. A CBF publicou uma nota em apoio à investigação promovida pelo órgão governamental. "A CBF apoia a iniciativa do Ministério Público do Estado de Goiás e está à disposição das autoridades para contribuir com as investigações. A entidade trabalha diariamente para combater a manipulação de resultados no futebol. A CBF informa que tem contrato com a Sportradar, líder mundial em prevenção, detecção e inteligência na preservação da integridade dos jogos, para monitorar e garantir proteção em relação a fraudes esportivas", diz a nota.

Romário foi dispensado do Vila Nova ainda em 2022 e chegoua a atuar pelo Goiânia em 2023. Mateusinho deixou o Sampaio Corrêa e fechou com o Cuiabá. Joseph e Gabriel Domingos, por outro lado, continuam no Tombense e Vila Nova, respectivamente. Segundo Hugo Jorge, o esquema só foi descoberto porque não funcionou. A operação foi denominada Penalidade Máxima.

 

 

"Só se descobre quando dá errado. Vem o burburinho e aí você pesca. Tentou-se fazer em um jogo do Vila uma ação individual. Um jogador do Vila deveria fazer um pênalti, o que não aconteceu. Quando não aconteceu, alguém foi prejudicado. E foram as bancas de apostas", explicita o presidente. "Essa própria pessoa começou a entrar em contato comigo pedindo para ir atrás do Romário para devolver o sinal de R$ 10 mil", completou Hugo. Romário teve o contrato junto ao Vila Nova rescindido no dia 30 de novembro, por caso de indisciplina grave.