Um dos clubes mais endividados do país, em uma situação financeira que beira ao colapso, com tons de dramaticidade ainda mais intensos por conta da paralisação devido ao coronavírus, o Botafogo tem a política de conter gastos o máximo possível. Não à toa o membro do comitê executivo de futebol Carlos Augusto Montenegro já admitiu, em entrevista ao jornalista Venê Casagrande, que é uma possibilidade reduzir os salários dos jogadores durante a pandemia – isso para não mencionar que os vencimentos dos meses de fevereiro e março ainda não foram integralmente pagos.
Tentar dar um respiro aos cofres da equipe pode significar fazer sacrifícios como vender jogadores que, além de experientes, têm altos salários: dois deles são o zagueiro Joel Carli, muito identificado com a torcida e no Fogão desde 2016, e o meia Cícero, que está na equipe desde 2019 e é bastante versátil em campo. No entanto, ambos haviam perdido a titularidade com a chegada de Paulo Autuori.
Apesar de saber que perder esses medalhões pode machucar a torcida e tornar a disputa dos campeonatos – quanto eles retornarem – ainda mais penosa, a negociação de Carli e Cícero é tratada por Montenegro não só como uma possibilidade, e sim como uma intenção.
A explicação de Montenegro a Venê Casagrande é curta e grossa: “a questão é não ter dinheiro”. Ele admite que na paralisação vai ser difícil de negociar, mas, após o retorno do futebol, a ideia é realmente fazer transações vantajosas para o Botafogo envolvendo ambos os atletas. “São dois excelentes jogadores, tenho muito carinho pelos dois (…) Já conversamos com os representantes deles. É muito difícil termos recursos no segundo semestre para fazer frente ao compromisso com eles, de salários. Como vai ser, quando vai ser, se vão ter outros clubes interessados é outra história. Quando tudo começar vai ser uma briga de foice. Não é um desespero nosso, é uma realidade. E não é só por causa da pandemia, é desde o início do ano”, esclareceu o dirigente.
Carli e Cícero fariam muita falta ao Botafogo?
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Em meio a tanta turbulência, há pelo menos um sopro de esperança: Montenegro garantiu que o japonês Keisuke Honda fica até 2021, apesar de o contrato dele acabar no fim deste ano. “O sonho dele é arrebentar no Botafogo, jogar muito bem e ser chamado para atuar na Seleção Japonesa na Olimpíada. Como a Olimpíada passou para 2021, posso te garantir que até a Olimpíada o Honda vai estar aqui com a gente. Vamos torcer para ele ficar depois também, mas até a Olimpíada ele vai estar conosco com certeza”, confia o cartola.