Começar o ano com o pé direito não é um benefício dado a muitos, porém o goleiro da Portuguesa, Thomazella, tem motivos de sobra para comemorar. O arqueiro de 31 anos viveu batalhas dentro e fora de campo, mas pouco a pouco tem conquistado êxito em sua vida. Em entrevista exclusiva ao Bolavip Brasil, o goleiro contou um pouco dos seus desafio e conquistas neste ano. E o primeiro triunfo do grande Thomazella (e põe grande nisso, o arqueiro tem 1,92m de altura), trocadilhos bobos a parte, ele conquistou junto com a Portuguesa o título do Paulistão A2.
“A gente sabe da dificuldade do Campeonato Paulista A2, sabemos que íamos enfrentar grandes equipes, equipes qualificadas, mas desde o início a gente tinha como objetivo alcançar esse título. E dentro disso a gente traçou algumas metas para ir conquistando aos poucos. E a nossa primeira meta foi sempre estar buscando o topo da tabela dentro da competição, classificar o time, se possível em primeiro lugar para a gente poder trazer a decisão para dentro de casa. Passado essa primeira barreira que era das quartas de finais, onde a Portuguesa nos últimos anos chegou e teve dificuldade de passar esse primeiro mata-mata, então conseguimos, depois o jogo do acesso que era o mais importante dentro de tudo que a gente traçou, recolocar a Portuguesa na elite do futebol paulista e depois o título. Então um sentimento que fica é de dever cumprido dentro daquilo que a gente buscou no campeonato todo. Estou muito feliz pela campanha que fizemos. Fomos coroados com esse título e o mais importante de ter recolocado a Portuguesa na primeira divisão do Campeonato Paulista. Então é um sentimento de dever cumprido e de realização”, comemorou.
A conquista ganha um fator que soma ainda mais para destacar o bom desempenho de Thomazella, a Lusa terminou a competição com a defesa menos vazada. Apesar de ter grande mérito na conquista da marca, o arqueiro mantém a humildade e divide o sucesso com o elenco. “Dentro da competição tudo aquilo que a gente poderia buscar de bom, nós conseguimos. Foi a melhor defesa, melhor ataque, melhor mandante, melhor visitante, então eu fico feliz de ter conseguido fazer parte dessa marca. Eu não trago ela para mim, individualizando, porque a gente sabe que o mérito é de todo o grupo. A nossa defesa ela começa lá no ataque, com os atacantes pressionando, dificultando o time adversário para a bola chegar lá atrás. Mas eu fico feliz de conseguir ajudar nos momentos em que eu fui exigido, nos momentos importantes, principalmente no jogo do acesso, uma partida lá contra o Rio Claro, onde tive algumas defesas importantes, as quais eu consegui ajudar para que a gente viesse com o resultado positivo de lá nesse segundo jogo, já que em casa a gente tem uma estratégia de jogo diferente. Então eu fico feliz, mas o mérito não é só meu dessa marca conquistada, é de toda a equipe.”
Desafios
Entretanto, nem tudo são flores. Para conquistar tantas marcas positivas a equipe precisou lidar com alguns desafios. “O maior desafio dentro da competição eu acho que foi a gente ter que lidar com as baixas. Primeiro veio aquela onda da influenza que tirou alguns atletas dos treinamentos, depois logo quando a gente começou a fazer a pré-temporada chegando próximo ao campeonato tivemos outras baixas, principalmente no setor defensivo, com o Covid e logo na sequência no início da competição já com bastante lesões também. Então acho que foi esse o maior desafio, ter que enfrentar tudo isso com todas essas dificuldades que a gente teve no início da competição, mas isso só nos fortaleceu, deu para mostrar a força do nosso grupo, pra gente poder buscar o nosso objetivo e graças a Deus a gente conseguiu”, comentou.
Thomazella contou que já viveu grandes momentos com a Portuguesa, porém o arqueiro recordou um momento difícil que enfrentou no clube. “Graças a Deus tive ótimos momentos aqui na Portuguesa. Um ano e meio que eu estou aqui e já foram conquistados dois títulos, então eu bastante momentos bons aqui dentro. De momento ruim só tive um, que foi da minha lesão. Eu tive que passar por uma cirurgia a qual me tirou praticamente do Campeonato Brasileiro da Série D. Eu machuquei uma semana antes de começar a competição, passei por essa cirurgia e aí voltei na metade do campeonato. Então acho que ali prejudicou um pouco a minha sequência. Se for para falar ali de algum pior momento na Portuguesa acho que foi dessa lesão.”
Mais que um Campeão
Se dentro de campo os desafios de um atleta são muitos, fora das quatro linhas Thomazella travou uma batalha ainda maior, a luta pela recuperação do seu filho Gustavo, de apenas quatro anos. A família precisou lidar com o diagnóstico de um linfoma de Burkitt, câncer raro que ataca as células e tem alta taxa de duplicação, podendo aumentar rapidamente de tamanho, que acometeu Gustavo.
O goleiro admitiu que em meio a luta pela vida de seu filho, pensou em dar uma pausa na carreira. “Em nenhum momento eu pensei em desistir do futebol e sim quando eu descobri essa doença do meu filho eu pensei em dar uma pausa na minha carreira até o final do tratamento dele pra poder ajudar a minha família, estar do lado deles aqui para poder ajudar da melhor maneira possível. Porém, sentei junto com minha esposa, conversamos e vi que a cada dia que passava meu filho estava evoluindo, estava respondendo bem ao tratamento, não teve nenhuma intercorrência. Além disso, está morando em São Paulo, no mesmo lugar onde eu estou trabalhando, então isso fez com que eu ficasse com a cabeça mais tranquila para poder trabalhar, porque sabia que era apenas algumas horas fora de casa e já estaria junto com eles novamente e nesse tempo que eu ficasse ausente trabalhando tem uma guerreira em casa, minha esposa, para poder está ali auxiliando, dando todo o suporte para que eu ficasse totalmente focado nesse tempo que eu estivesse ausente por conta do trabalho. Então isso fez com que eu tivesse mais força e ficasse focado no trabalho enquanto eu estivesse na Portuguesa”, revelou.
Após decidir dar continuidade aos trabalhos na Portuguesa, Thomazella decidiu estabelecer mais uma meta. Além de colocar a Lusa de volta na elite do estadual, o sonho do goleiro passou a ser entrar em campo com o filho para erguer a taça da competição e foi justamente o que aconteceu no ultimo domingo (17), quando a equipe venceu o São Bento por 2×0 e garantiu o título do Paulistão.
“Esse título, eu poder entrar com meu filho no colo e poder estar erguendo esse troféu, ali foi um momento de realização estar entrando com ele em campo para poder ganhar esse troféu, como eu revelei lá no início da competição, também contra o contra o Linense. Eu fico muito feliz e com o sentimento de gratidão por tudo o que aconteceu, está pisando em campo com ele no meu colo, sem saber se ia conseguir por conta também da imunidade dele, é um sentimento de realização. E com certeza ele me deu muita força para poder estar continuando. Eu olhava para ele e via ele bem e automaticamente esse sonho na minha cabeça de poder estar entrando com ele em campo isso aí só aumentava a minha vontade de realizar esse sonho, então isso me motivava a cada dia poder levantar e ir trabalhar em busca desse sonho”, celebrou o atleta que em breve deve comemorar também mais uma vitória com Gustavinho, que está em fase final de tratamento. A previsão é de que em julho a doença seja totalmente controlada.
Projetos Futuros
Thomazella tem contrato com a Lusa até novembro e segue fazendo planos com a equipe. “Bom por enquanto eu tenho um contrato dentro da Portuguesa ainda. Meu contrato vai até o final de novembro e pretendo cumprir esse contrato aqui. E por ter contrato com a Portuguesa as minhas metas são dentro do clube. É disputar novamente essa competição, a Copa Paulista que está para começar nesse segundo semestre. A gente busca também esse título para que a gente possa ganhar a vaga do Brasileiro novamente no ano que vem, para aí sim a gente conseguir um calendário cheio, Paulistão, a Série D, colocar novamente a Portuguesa no cenário nacional. Então por enquanto as minhas metas são essas dentro do desse contexto do futebol.”
