Não há dúvidas que o sérvio Dejan Petkovic é um dos maiores estrangeiros que atuaram no Brasil. Se isso não é unânime, é quase. Porém, muitos lembram da marcante passagem dele no Flamengo, mas se esquecem que antes dele se tornar o que foi no clube carioca, surgiu para o país em um outro clube brasileiro: o Vitória, clube que chegou a atuar como treinador depois que se aposentou também.
Tudo começou em 1997 quando o Banco Excel patrocinava o Leão da Barra e começava a trazer nomes de peso para delírio de sua torcida. Entre eles estavam os atacantes Túlio Maravilha e o tetracampeão Bebeto. De repente era anunciado um gringo que não tinha conseguido se firmar no poderoso Real Madrid. Seria uma loucura da diretoria? O fato é que o Vitória se interessou pelo jogador após um torneio internacional dos Guerreiros da Toca que o time B dos espanhóis estavam presentes. A decisão não poderia ser mais acertada.
Em entrevista em 2018 para o programa Seleção Sportv, Petkovic revelou que recebeu boas referências do clube baiano além do fato de descobrir que o camisa 7 do Tetra do Brasil atuava no Vitória: “O Bebeto estava lá jogando, mas quando cheguei ele tinha parado. Várias coisas influenciaram. A primeira foi que o Vitória era campeão. Eu pensei ‘O Vitória é campeão? O Bebeto joga no Vitória?’ Para mim, batiam as duas coisas. Bebeto era um fenômeno. Ele estava no La Coruña quando eu estava no Real Madrid. Ele voltou de lá porque não renovou e estava no Vitória. (…) Quando eu cheguei, vi que era campeão, mas campeão estadual – na época não tínhamos informações de que tipo de campeão era – e o Bebeto não estava jogando mais. Estava de férias, queria ir para fora.”, afirmou.
O sérvio decidiu superar a sua passagem apagada no clube madrilenho para tentar a sorte em nosso país. Deu certo! Logo em sua estreia, Pet mostrou um ‘aperitivo’ de tudo que ainda iria mostrar no futebol brasileiro. No empate em 2 a 2 contra o União São João, pelo Brasileirão daquele ano, o sérvio deixou sua marca ao anotar um dos gols do Time da Furança. Era o início de uma história de amor de uma torcida com seu ídolo.
A decepção de não atuar com Bebeto durou pouco, afinal no fim do Campeonato Brasileiro, ele estava de volta ao Vitória. O primeiro jogo junto de seu ídolo é lembrado até hoje por ele: “No último jogo do Campeonato (Brasileiro), o Bebeto voltou despreparado para jogar contra o Atlético-MG, em Belo Horizonte. Se a gente ganhasse esse jogo, entraríamos no playoff, entre os oito – era o 18º quando cheguei. O Evaristo de Macedo pensava ‘Meu Deus. Como vai jogar? Está três meses parado’. Mas Bebeto tinha que jogar. Jogou, mas infelizmente perdemos, 3 a 2.”, lembrou.
Com o tempo, Pet foi se acostumando cada vez mais com o ritmo do futebol brasileiro, terminando o ano em uma respeitosa nona colocação, mas era só o começo. No ano seguinte foi o grande destaque da equipe rubro-negra, porém acabou perdendo a final do Campeonato Baiano para o Bahia.
No Campeonato Brasileiro já era conhecido como especialista em cobranças de falta e ditava o ritmo do meio-campo do clube baiano. Mesmo com o Vitória terminando em 13° colocado, marcou 26 gols em 33 partidas durante a temporada inteira. Na competição foi o artilheiro do time balançando as redes em 14 oportunidades e acabou com o mesmo número de gols de jogadores como Romário, do Flamengo, e Oséas, do Palmeiras. Fora do mata-mata, viu Viola, do Santos, terminar como goleador da competição, com 21 gols.
Em seu último ano no Vitória, já começou o ano com dois títulos: a Copa do Nordeste e o Campeonato Baiano. Esse segundo foi repleto de polêmicas, já que o Leão e o Bahia acabaram dividindo o título após uma confusão sobre a segurança do Barradão na grande final.
Chegava a hora da despedida. Petkovic deixava o Vitória rumo à Itália. Mais precisamente ao Venezia. Mais tarde seria tido como Rei no Flamengo, além de atuar em outros clubes no Brasil, como Vasco, Fluminense, Goiás, Santos e Atlético Mineiro. Depois de encerrar a carreira, além de treinador, se aventurou também como comentarista esportivo.
O Vitória é responsável por apresentar Petkovic para o Brasil, e o sérvio não esquece disso. As três temporadas que disputou no clube baiano serviram para entrar no coração do torcedor rubro-negro. E isso é pra sempre!
Petkovic é o maior gringo que atuou no Brasil?
Petkovic é o maior gringo que atuou no Brasil?
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