Em seis meses de futebol brasileiro, Abel Ferreira sentiu na pele a rotina alucinante do calendário por aqui. Com a pandemia de Covid-19, então, a coisa ficou fora de controle. As competições da última temporada invadiram 2021 e colidiram com o início da agenda do atual ano. Prova disso é que os títulos da Libertadores e da Copa do Brasil conquistados pelo Palmeiras do português aconteceram em janeiro e março, respectivamente.
Consequência natural do sucesso foi se acostumar a jogar partidas a cada 48h. Ou até menos tempo que isso, já que o Palmeiras, em um determinado momento, tinha Campeonato Paulista, Copa do Brasil e decisões da Supercopa do Brasil e Recopa Sul-Americana. Abel foi para o embate contra as autoridades e criticou veemente a Federação Paulista (FPF) por agendar dérbi entre as finais da Copa do Brasil.
Tanto que não negou: vai poupar seus titulares no clássico contra o Santos, logo mais, pelo Paulistão para preservar o time titular na maratona insana de jogos. E nada das autoridades fazerem algo por isso. O português ganhou o respaldo de Hernán Crespo na última quarta-feira (05) quando o atual técnico do São Paulo admitiu preocupação com a condição física dos pupilos.
Após o empate por 0 a 0 com o Racingem Buenos Aires, pela Libertadores, em que seu time terminou a partida com 10 jogadores em campo, Crespo fez um apelo à FPF e CBF, já que o São Paulo disputou 10 jogos no último mês.
“Estou muito preocupado com o calendário, realmente muito. Nós devemos jogar Libertadores, quartas de final em menos de 48 horas e representamos a Federação Paulista, a Confederação Brasileira. Eles têm que pensar o calendário, seria realmente importante que a federação começasse a pensar em seus representantes, um dos representantes paulistas na Libertadores”, afirmou o técnico argentino.
Crespo ainda se queixa da falta de tempo para treinar entre os jogos, algo que Abel cobra desde o ano passado. O discurso do técnico do São Paulo causou ironia e deboche dos palmeirenses nas redes sociais (“Pimenta nos olhos do outro é refresco”, disseram muitos no Twitter).
“Gostaria de ter tempo para treinar essa situação, mas a realidade é que não temos tempo (…) Podemos jogar tranquilamente [contra times que usam o esquema com três zagueiros], mas precisamos de trabalho, o que não temos. Como não temos, vamos continuar jogando e aprendendo durante o jogo”, defendeu-se Crespo da atuação pouco inspiradora contra o Racing.
