O Flamengo passa por uma fase de instabilidade. Sob constantes questionamentos por conta das atuações contestadas no comando, o técnico Paulo Sousa tem visto a sua permanência no cargo de treinador do time cada vez mais em xeque. E muito disso se deve às atuações inconstantes, e também ao mau momento do sistema defensivo.

Multicampeão pelo Flamengo, Jorge Jesus 'se ofereceu' para voltar ao Clube; entre 2019 e 2020, ele faturou cinco títulos em um ano
© Marcelo Cortes/FlamengoMulticampeão pelo Flamengo, Jorge Jesus 'se ofereceu' para voltar ao Clube; entre 2019 e 2020, ele faturou cinco títulos em um ano

Marcado pelas mudanças táticas feitas no time, passando a equipe para um sistema com três zagueiros com a bola, e uma linha de quatro ou cinco defensores atrás sem a posse de bola, Paulo Sousa ainda não encontrou uma forma de estabilizar o time e sofrer poucos gols. Especialmente após a reta final do Estadual, isso tem sido um problema maior.

Porém, a situação instável no sistema defensivo flamenguista não começou agora. Desde a saída de Jorge Jesus, ainda em 2020, o Rubro-Negro vive uma “montanha russa” em relação aos sucessores do técnico português, multicampeão no Flamengo entre 2019 e 2020.

Números dos treinadores

Se com o Mister a equipe se destacava pelo poderio ofensivo e por, rapidamente, recuperar a bola e evitar que o adversário chegasse de frente à sua meta, as mudanças futuras não foram tão bem sucedidas. E o sucesso de Jorge Jesus também gerou comparações duras: com ele, foram 58 jogos, com apenas 48 gols sofridos; dessas partidas, em 24 o Fla saiu sem levar um gol sequer.

A média de 0,83 gols sofridos por jogo faz de Jorge Jesus o treinador mais efetivo do Flamengo no sistema defensivo desde 2019. E o seu primeiro sucessor, Domènec Torrent, trouxe o maior contraponto: com o catalão, o Rubro-Negro teve os piores índices defensivos dos últimos quatro anos. Foram 38 gols sofridos em 26 jogos, com média de 1,46 por jogo; foram apenas cinco duelos, sob o comando de Dome, com o Fla sem ter a defesa vazada.

Foto: Alexandre Vidal/Flamengo – Domènec Torrent teve os piores números defensivos no Flamengo desde 2019; técnico foi o primeiro sucessor de Jorge Jesus

Na sequência, as oscilações passaram a ocorrer: Rogério Ceni assumiu o time, ainda na temporada 2020, foi campeão nacional, e acabou demitido no meio da campanha do Brasileirão seguinte. No período, comandou o time em 54 partidas e levou 57 gols, com média de 1,06 por partida; foram 17 as partidas em que o time não sofreu nenhum gol com ele no comando.

Depois, Renato Gaúcho alcançou os melhores números desde Jorge Jesus. Com início avassalador e muitas goleadas aplicadas, o time também apresentou maior consistência atrás e muitos jogos sem ser vazado: nos 39 compromissos de Renato como técnico flamenguista, em 18 o time não levou gol. Foram apenas 33 sofridos em todo o período, em uma média de 0,85 por partida, muito próxima à vista com o Mister no comando.

Foto: Alexandre Vidal/Flamengo – Entre julho e novembro, Renato Gaúcho teve os melhores números defensivos do Flamengo desde Jorge Jesus

Por fim, a chegada de Paulo Sousa colocou o time em uma realidade distinta. Passando por um processo de ruptura maior que o dos seus antecessores, o ex-técnico da seleção polonesa tem encontrado dificuldades para encaixar uma equipe mais coesa na defesa; também por conta dos muitos desfalques atrás, como ocorreu em anos anteriores.

Com Sousa no comando, foram 23 jogos disputados e 21 gols sofridos, com média de 0,91 por partida. Ao todo, foram sete duelos em que a equipe saiu sem ser vazada, sob o comando do português, nesta temporada.

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Desfalques e mudanças na defesa

É verdade que o time do Flamengo se encaixou muito bem em 2019, especialmente ao encontrar uma linha defensiva mais consolidada. A escalação com Diego Alves no gol; Rafinha e Filipe Luís nas laterais; Rodrigo Caio e Pablo Marí na zaga; e Willian Arão como primeiro volante ficou decorada na cabeça de cada torcedor flamenguista no período mais vitorioso do Clube neste século.

Nos anos seguintes, as saídas de Pablo Marí e Rafinha para o futebol europeu, além das lesões sequentes de Rodrigo Caio, modificaram o panorama do time. Nomes que chegaram para suprir carências, como Léo Pereira, Gustavo Henrique e Mauricio Isla, passaram por altos e baixos, e até improvisações, como as de Willian Arão na zaga, precisaram ocorrer.

No período de redescobrimento dos melhores jogadores para o sistema defensivo, o Flamengo segue em busca das opções que melhor se encaixam no sistema. Em 2022, com Rodrigo Caio tendo problemas agravados no joelho, e as contusões recentes dos zagueiros Pablo, Fabrício Bruno e Gustavo Henrique, Paulo Sousa recorreu, também, às improvisações.

Desta vez, até o dono da meta é indefinido: se Diego Alves se tornou a última opção de forma declarada, a chegada de Santos, ex-arqueiro do Athletico-PR e que também chegou a integrar a Seleção Brasileira, coloca uma dúvida maior na disputa por uma vaga com Hugo Souza.

Foto: Gilvan de Souza/Flamengo – A efetivação de Hugo Souza na meta flamenguista foi uma das maiores novidades da ‘era Paulo Sousa’

Retorno de Jorge Jesus?

Nesta quinta-feira (5), repercutiu a declaração do técnico Jorge Jesus, que afirmou estar aberto para reassumir o Flamengo. Em entrevista ao jornalista Renato Maurício Prado, o ‘Mister’ revelou não se sentir bem vendo o Clube em uma situação difícil, e estabeleceu um “prazo” para ser acionado pelo Rubro-Negro, em um eventual retorno.

O português, que foi demitido do Benfica em dezembro, e procurado pelo Fla na época, disse que tem até o dia 20 deste mês para ser novamente acionado pelo Clube carioca. No entanto, a declaração desconsidera a continuidade do atual treinador do time, Paulo Sousa, escolhido pela diretoria após dificuldade nas tratativas de retorno de JJ.