O Flamengo é um clube que coleciona grandes histórias. O famoso clube Mais Querido do Brasil revelou grandes ídolos que marcaram tanto o rubro-negro carioca como outras equipes do Brasil e do mundo. Diga-se de passagem, um dos grandes jogadores revelados pelo clube comemorou idade nova no último domingo (09), o ex-jogador Sávio, que também é ídolo da torcida rubro-negra.
Sávio Bortolini Pimentel, nasceu em Vila Velha no dia 9 de janeiro de 1974. O jogador foi formado nas divisões de base da Desportiva Ferroviária, do Espírito Santo, mas com apenas 14 anos, em 1988 foi contratado pelo Flamengo, onde ganharia popularidade e se tornaria ídolo da Nação de torcedores rubro-negros. E no futuro ainda faria sucesso no Real Madrid, Zaragoza, Real Sociedad e Levante.
O jogador atuava tanto como ponta-esquerda, como meio-campista. O jovem chamou atenção por sua habilidade e pelos dribles, o que fez com que o atleta passasse a ser considerado o futuro Zico, o que também poderia ser associado ao biotipo franzino do jogador, o que tornava mais suscetível a sofrer faltas. Mas foi em 1995 que o jogador formou ao lado de Romário e Edmundo, o ataque dos sonhos, porém o trio não conseguiu fazer o sucesso desejado com a equipe. O elenco acabou prejudicado por um ambiente conturbado. Em uma antiga entrevista ao Goal, o jogador justificou a falta de êxito do trio que tinha tudo para ser o melhor ataque do mundo. “Foi um conjunto de fatores. Havia uma expectativa muito grande, o Flamengo vivia o ano do centenário, torcida e imprensa esperavam muito”, lembrou. “Nós tínhamos um bom elenco, tivemos a chegada do Edmundo, falava-se no ataque dos sonhos”.
“Mas, para você ter sucesso no futebol, algumas coisas são essenciais e não tivemos isso naquele ano. Faltou um elenco mais forte, competitivo, uma estrutura boa, física e de gestão – a gente convivia naquela época com salários atrasados, isso dificultou bastante. Algumas coisas apareciam também, algumas vaidades, foi uma outra época. Infelizmente, nesse ponto não foi legal. Mas, mesmo com todos esses problemas, chegamos à final do Campeonato Carioca e não perdemos por um detalhe, na final da Supercopa dos Campeões da Libertadores, contra o Independiente, e fomos finalistas também da Copa do Brasil”, concluiu
Na época Edmundo acabou deixando o elenco cinco meses após ser anunciado como reforço, mas a parceria com Romário permaneceu por cerca de dois anos, entre idas e vindas do Baixinho. “Conquistamos títulos e somos uma das melhores duplas do Flamengo em gols. É uma pena que não tivéssemos um time com uma formação mais sólida, capaz de nos levar ao posto de campeão brasileiro, por exemplo. A situação política fora de campo também atrapalhava.”
Sávio conquistou o coração da torcida rubro-negra e acabou ficando conhecido como o “Anjo Loiro da Gávea”. Na mesma entrevista ao Goal, Sávio contou como acabou recebendo a alcunha. “Anjo ou Diabo Loiro? Hoje é Anjo. Quem me deu esse apelido foi o Januário de Oliveira, um dos maiores narradores do futebol brasileiro. Tinha bordões incríveis, improvisos muito legais. Teve um momento no Carioca, acho que em 94, que eu fiz gol e ele disparou ‘Diabo Loiro da Gávea’. Mas a avó da minha esposa é muito católica, e o ‘Diabo’ incomodava muito ela. Ela dizia: ‘Sávio, eu sei que é com carinho, mas eu não gosto desse apelido!'”, afirmou. E foi a avó de Sávio quem tratou de dar um jeito no apelido do jogador. “Ela se encontrou com o Januário uma vez, foi pedir pra ele, ‘não chama mais meu Savinho de Diabo? Pra mim ele é um anjo!’. E, no jogo seguinte, eu fiz o gol e ele trocou o meu apelido pra Anjo Loiro da Gávea”, lembrou Sávio da divertida história protagonizada por sua avó.
Para tristeza da torcida rubro-negra o jogador deixou o elenco em 1997 e partiu rumo ao Real Madrid, onde participou das conquistas de muitos títulos, incluindo uma La Liga (Campeonato Espanhol), três títulos da Liga dos Campeões da UEFA e um Mundial Interclubes. “Foi muito triste para mim sair do Flamengo. O carinho que tenho pelo clube, as amizades lá dentro. Mas foi um desafio maravilhoso, uma mudança que não era fácil, (encarar) o frio, entender a parte tática do Real, do futebol Espanhol, da Champions League”.
Após passagem por outros clubes do exterior, Sávio retornou ao Flamengo em 1996. Ao todo, o Anjo Loiro da Gávea marcou 95 gols pelo Rubro-Negro em 261 partidas, participando das conquistas do Campeonato Carioca (1996), da Copa Ouro (1996), Taça Guanabara (1995 e 1996), Taça Rio (1996), Taça Cidade do Rio de Janeiro (1993) e do Torneio Internacional da Malásia (1994).