Falta muito pouco para oSuper Bowl 56, que será disputado entreCincinnati BengalseLos Angeles Rams, no SoFi Stadium, e até quem não é fã assíduo do futebol americano já está se preparando para comprar uns snacks, bebidas, e ver esse grande eventos com os amigos.

Arquivo pessoal/ Especial NFL: Bolavip Brasil entrevista Rafael Belattini, jornalista e criador de conteúdo sobre NFL
Arquivo pessoal/ Especial NFL: Bolavip Brasil entrevista Rafael Belattini, jornalista e criador de conteúdo sobre NFL

Nesse nosso terceiro capítudo desta série de entrevistas com criadores de conteúdo dobre futebol americano, hoje falamoscom Rafael Belattini, jornalista que já cobriu um Super Bowl pela ESPN e este ano fará novamente a cobertura deste incrível evento, dessa vez, pelo portal UOL. Ele tem um canal no Youtube chamado ToquePassa e vale muito a pena se incresver para não perder nada.

Arquivo pessoal/ Rafael Belattini no palco do Super Bowl 56.

Quem será o campeão do Super Bowl?

Quem será o campeão do Super Bowl?

Rams
Bengals

275 PESSOAS JÁ VOTARAM

Obrigado por seu tempo Rafa. Sei que deve estar bem corrido, mas falar de futebol americano é sempre bom e claro, sempre achamos um tempinho né, ainda mais agora, nesta semana tão esperada pelos fãs da bola oval.

BOLAVIP BRASIL> Bom, para começar conta como tudo começou. Porque escolheu ser jornalista, como chegou à ESPN e agora ao UOL.

RAFAEL BELATINI > Eu sempre fui muito fanático por esporte, gostava muito de esporte, era muito bom em matemática, achava que ia ser engenheiro, meus pais queriam que eu fosse médico, mas eu, fanático por esporte, resolvi fazer jornalismo. Até chegar à ESPN foi um longo caminho, porque passei por muita coisa, fui assessor de imprensa na Ponte Preta, moderador de fórum do UOL e aí numa dessas, fazendo moderação, o pessoal quis, achou o meu trabalho bom e me chamou para trabalhar com o Juca Kfouri, para ser moderador do blog dele. Eu comecei a moderar e comecei a escrever, fiz uma boa amizade com o Juca e certo dia ele falou “vamos lá na ESPN para eu te apresentar umas pessoas”. Acabei fazendo um teste e passei, por lá trabalhei por 8 anos, foi muito legal, trabalhei na rádio, trabalhei no site, tive muita oportunidade, cobri meu primeiro Super Bowl pela Rádio ESPN em Nova York, 2014; depois em 2018, fui pelo site e também pela tv, fiz muita coisa por lá. Acabei saindo em 2019, naquelas mudanças todas que a emissora fez e fui trabalhar na Rádio Bandeirantes. Passei 1 ano lá, fui setorista do São Paulo, até que a vida… aparecem as oportunidades e você vai, né?! Me mudei com a minha família para Portugal, larguei a Bandeirantes e procurando um serviço ou outro, tenho alguns amigos no UOL, comecei a escrever para eles e surgiu a oportunidade de cobrir o Super Bowl numa parceria: estou fazendo para eles, mas também muito para o “Toque Passa”, meu projeto pessoal. Com o UOL eu consegui aquele apoio. Também para a Eleven Sports, que transmite o futebol americano, transmite a NFL para Portugal.

BVB>E o projeto do Toque Passa, de onde surgiu a ideia e como você faz a programação, edição, enfim, como é a manutanção do canal e qual seu objetivo principal?

RB >O projeto “Toque Passa” surgiu junto com o Thiago Romariz, em 2018. Ele me convidou “vamos fazer um canal de esportes?” e a gente começou a fazer. Faz aqui, faz lá, além de outros projetos ao mesmo tempo né, a gente acaba deixando um pouquinho de lado, fazendo uma coisa, fazendo outra, e quando cheguei em Portugal eu falei “não, vou levar a sério, vou fazer o que eu gosto, vou falar, já falei muito pelos outros, vou falar pra mim, vou trabalhar pra mim que acho que é a melhor parte”. A gente sabe que pra ter sucesso no YouTube você tem que fazer com frequência, tem que manter várias e várias e várias vezes e foi o que comecei a fazer. Comecei a fazer programa de NFL toda segunda, quarta e sexta, acho que antes era terça e quinta, depois passou a ser todo dia e durante a temporada não tinha como não fazer todos os dias, foi bem legal mesmo, a repercussão foi muito boa. É claro que a gente conta com o bel prazer do algoritmo do YouTube para conseguir trazer algum resultado, mas o trabalho vai sendo feito. Eu acho muito legal e muito importante, quanto mais gente falando de futebol americano, mais legal pra todo mundo, as pessoas vão ganhar mais fazendo isso.

BVB>O que é o futebol americano para você e o que você imagina que será o esporte no Brasil nos próximos anos?

RB >O futebol americano pra mim é uma coisa que entrou meio que… arrebatadora, sabe?! Primeira vez que tive contato, eu assistia alguns jogos na Bandeirantes só que não me prendeu muito em meados dos anos 90, aí em 97 um amigo meu trouxe uma Sports Ilustrated, mostrava muito do Super Bowl, eu vi aquilo e achei sensacional e eu comecei a acompanhar mais de perto, comecei a gostar mais. Foi quando escolhi meu time, os Patriots, que perderam aquele Super Bowl pros Packers e comecei a acompanhar um pouquinho mais. Bom, TV a Cabo vai ajudando, a gente vai conseguindo assistir, a internet ajuda a gente a ter as informações, ter as notícias, e conforme foi passando o tempo, foi tomando um lugar que hoje é difícil ocupar o futebol brasileiro. Eu penso o ano inteiro em futebol americano e quando chega setembro eu quase esqueço que tá rolando futebol da bola redonda. Acho que isso é a coisa mais legal. Acho que o futebol americano tem um baita de um espaço para crescer e tá sendo um trabalho muito sensacional, um investimento sendo bem feito, as transmissões são legais, o pessoal tá entrando e tá conseguindo curtir mais porque tinha aquela coisa ainda de que quando acabava a temporada, aquele espaço, aquele vazio sem futebol americano, a galera desistia e esquecia e agora não, estão começando a gostar mais, a história de combine, de draft, de free agency. Acho que o esporte tem tudo para estourar no Brasil e quem sabe muito em breve a gente tenha um jogo da NFL rolando no Brasil.

BVB>Conta pra gente, como foi a experiência de cobrir o Super Bowl 52 e o que você está sentindo agora, para mais um SB na carreira.

RB >Esse aqui é o meu terceiro Super Bowl. Eu cobri o 48, em 2014, lá em NY, foi a minha primeira experiência, o primeiro contato que eu tive, achei sensacional. Fui meio que aos trancos e barrancos, eu fui me colocando na transmissão, a rádio não ia mandar ninguém, mas eu fui dando um jeitinho de entrar ali e fui cobrir com a ESPN. Foi uma experiência sensacional, onde aprendi demais, vi a dimensão que era e isso ajudou muito no SB 52. No SB 52 eu fui mandado pelo site já, fui com o Zé Renato Ambrósio, repórter que era da ESPN e ele falou assim: “ó Rafael, cara, é você aqui falando de futebol americano, eu vou as matérias, você faz os ao vivos” e foi uma experiência indescritível, foi muito legal mesmo, muito especial na minha carreira, que eu gostei demais e que gostaram também do meu trabalho que foi feito por lá. Fiquei muito contente, foi uma realização muito grande, muito também devido ao que já tinha feito em 2014, já conhecia, já sabia onde ir, já sabia com quem falar, já sabia o que iria acontecer, então essa experiência traz uma coisa diferente. E esse SB também passa a ser uma coisa diferente pra mim também porque é a primeira vez que eu eu tô vindo meio que por conta. Vendi uma proposta pro UOL, que eu acho muito legal, o pessoal topou, falou “vai ser legal ter alguém pra acompanhar”, me ajudaram no credenciamento e tudo. O UOL comprou essa ideia, achou legal ter alguém aqui, ainda mais numa semana que é complicada, né, competir com o Mundial de futebol do Palmeiras e tô fazendo pro meu canal, falei “vou unir o útil ao agradável”, a gente tem que bombar nas redes sociais e acabei também fazendo uma parceria com a Eleven Sports que transmite o futebol americano lá em Portugal, onde eu tô morando. É uma coisa que eles nunca tinham feito, eles nunca tinham estado em um SB e agora eles gostaram da ideia, então é uma coisa que abre portas pro futuro. Cada um é especial, é difícil falar qual é o favorito, acho que cada um é especial.

BVB > Você tem experiência em rádio e tv. Para você, qual foi o trabalho mais prazeroso e onde mais obteve conhecimento profissional e porque não, pessoal.

RB > Olha… rádio e tv eu acho que hoje em dia eles se combinam muito né. Eu gosto de falar, acho que você percebeu aqui pelo tanto de áudio que tô mandando pra você. Mas eu gosto muito de falar e eu acho que a tv passou a ser muito mais atrativa pra mim, eu sempre fui um cara que me apaixonei pelo rádio, mas a tv passou a ser atrativa a partir do momento em que ela largou algumas besteiras de uma padronização, de uma coisa mais fechada… Hoje virou um programa de rádio com câmera, então é muito legal. Eu gosto muito dos dois, não consigo escolher, acho que o canal no YouTube hoje em dia mostra isso. Não tem como não querer participar, não tem como não querer fazer programas para qualquer uma das mídias. Acho que hoje se combina.

Desculpa, eu tava respondendo aqui e me apareceu o Myles Garrett aqui… meu rapaz, o cara é grande! Meu Deus do céu! Eu quase entreguei uma bola de futebol americano pra ele aqui e falei “não, toma aqui, não precisa me sacar não, não precisa de nada não”. Mas eu acho que é isso aí cara, eu não consigo hoje escolher entre uma coisa e outra. Eu acho que a rádio tá cada vez mais tv e a tv tá cada vez mais rádio e isso tá sendo muito bom pros dois veículos. Eu gosto demais, não tenho uma preferência não.

BVB> E a tatto da jogada do título dos Pats, conta aí como surgiu a ideia e o que ela significa pra você.

RB >A tatuagem é uma coisa que… eu sempre quis fazer uma tatuagem sobre futebol americano “pô, eu preciso representar na minha pele o quanto eu amo o esporte”. Aí quando aconteceu o SB 51 eu falei “tem que ser uma coisa desse SB” porque é um jogo especial pra mim como torcedor, com o que aconteceu com a virada, tem uma mensagem pra mim que o impossível você consegue conquistar. Acho que passa muita coisa. Eu gostava muito da ideia de fazer “X and Os”, os “xis e as bolinhas”, então eu fiz a última jogada do SB 51, o TD da vitória na prorrogação, montei a formação antes daquele TD e foi uma coisa que me marcou. Aí eu tive a oportunidade de no SB 52 de conversar com o Robert Kraft, o dono dos Patriots, e ele tava falando que nos hospitais de câncer em New England, na região ali de Boston, eles têm bandeiras do 28 a 3 pra mostrar que nada tá perdido, que tudo tem uma chance. Eu falei pra ele “pô, é uma mensagem que eu levo daquele jogo pra mim também, pra mim, pra minha carreira”. No SB 52 pra mim mostrava que era a minha vitória, que era o meu SB ali e ele gostou da tatuagem falou “quero tirar uma foto da tatuagem” e eu com três blusas, Minneapolis, aquele frio, aí eu falei “ah eu tô com três blusas” e ele “ah mais eu quero tirar uma foto”, tentei mais uma vez e ele falou “não mas eu quero tirar” e eu falei “bom, então se o dono dos Patriots tá pedindo pra tirar uma foto comigo, quem sou eu pra falar não né”. Então a tatuagem que já era especial ficou ainda mais especial.