A Netflix traz nesta semana como uma de suas estreias principais a série The Chair, escrita e produzida pela atriz Amanda Peet e estrelada por Sandra Oh, que pode ser mais lembrada pelo público como Cristina Yang, uma das grandes protagonistas das dez primeiras temporadas de Grey’s Anatomy.
A nova série do serviço de streaming investe na comédia tirada de situações terríveis em um ambiente de trabalho, principalmente para mulheres. Em muitos momentos, as pessoas podem se pegar rindo de coisas como o absurdo abismo de salário entre homens e mulheres, o sexismo, a diferença de pensamento entre gerações, entre outras coisas que podem soar bem familiares a muita gente.
A história de The Chair se passa na Universidade Pembroke, altamente prestigiada pela elite norte-americana, mas que há anos não se renova por conta de uma cultura bem conservadora. Sandra Oh interpreta Jin-Yoon Kim, uma acadêmica que se tornou a primeira mulher a liderar o departamento de inglês da instituição. No começo ela fica bastante feliz com a oportunidade, mas conforme vai vivendo o dia a dia do lugar, percebe que não será fácil dar um ar de modernidade a um lugar tão apegado a tradições.
Além disso, assim que assume a cadeira, ela precisa lidar com outras situações bem estressantes, como a falta de orçamento para executar seus planos, lidar com os benfeitores que querem se aproximar da imagem da instituição e usam do poder financeiro para tentar alguns abusos, abafar escândalos que aparecem dia sim e outro também… Tem até um dos ricos doadores da universidade que faz a exigência de ter uma palestra com ninguém menos que David Duchovny, o ator que fez Arquivo X.
Mas o maior problema que Jin-Yoon Kim enfrenta está na própria organização de seu departamento, formado majoritariamente por homens brancos, velhos e desatualizados sobre questões de ensino. Como se não bastasse, ela serve também como uma espécie de babá do professor Bill Dobson, interpretado por Jay Duplass, escritor fracassado que frequentemente se transforma em bêbado inconveniente, mas é adorado pelos alunos.
É a partir de um momento de vergonha alheia de Bill, que se torna viral nas redes sociais, que ela precisa lidar com o maior desafio desde que assumiu a cadeira do departamento, e colocará à prova o seu talento como gestora, já que os homens velhos da organização querem derrubá-la ao menor sinal de fracasso.
Roteiro inteligente
The Chair se beneficia de um roteiro muito inteligente que sabe tirar proveito dessas situações de desespero para construir seus personagens de forma absolutamente convincente. Sandra Oh está perfeita como a nova chefe do departamento, e a atriz já deve estar se preparando para as indicações para a temporada de premiação. O trabalho que ela apresenta aqui é fantástico, equilibrando o estresse com uma ponta de carisma e otimismo, mesmo quando tudo parece ter sido posto a perder.
Entre os atores, se destacam Jay Duplass, como o professor bêbado, e também o veterano Bob Balaban, um dos professores antigos que faz parte do conselho do departamento e que bate de frente com a personagem da Sandra Oh. Os dois conseguem resultados ótimos com papéis que parecem ter sido feito sob medida para eles.
A série em seis episódios de meia hora não tem medo de enfrentar as questões que mais geram conflitos na vida real, como os já citados sexismo e privilégio branco, além de também encarar de frente o racismo. The Chair faz graça, mas também faz questão de apontar como essas situações são ridículas e infelizmente ainda muito vistas em ambientes de trabalho, mas sem nunca perder o senso de humor.
No fim, The Chair mostra mais um ótimo trabalho de Sandra Oh, uma atriz infelizmente subestimada, mas que sempre é constante em seus trabalhos, que aproveita um roteiro esperto para criticar e fazer rir ao mesmo tempo, com um bom ritmo e sem gorduras na história. É para maratonar.
Veja também a crítica de Justiça em Família, filme com Jason Momoa que chegou nesta semana ao catálogo da Netflix.