A atriz Isabel Teixeira vem impressionando os espectadores da novela “Pantanal”, que está sendo exibida no horário nobre da Globo , pela sua interpretação da sofrida Maria Bruaca, personagem que é casada com o indiferente Tenório (Murilo Benício). Ela, que é filha do cantor e compositor Renato Teixeira — que recentemente fez uma participação na novela — falou sobre o relacionamento tóxico vivido pela personagem e tentou explicar os motivos pelo qual Maria Bruaca ainda se submete ao tratamento dado pelo marido na trama.
Em entrevista ao site “EmOff”, publicada nesta quarta-feira (18), Isabel respondeu se alguma vez já presenciou na vida real as violências verbais que a personagem sofre de Tenório na história. “Tenho pensado muito sobre isso. Num primeiro momento, ela era uma menina, Tenório trabalhava pro pai dela, e eles se apaixonaram, mas a família era contra qualquer tipo de aproximação. Ela acaba fugindo com ele, casa numa delegacia… Então, tinha amor ali, paixão”, afirmou.
“A partir do momento que se casaram, acontece da gente achar que se normatiza algo que não é normal… Acho que foi isso que aconteceu. Acho que a Maria acha normal coisas que não são. Ela não tem referência, nem televisão ela assiste. Então, acaba achando que o mundo é isso. Os dias vão passando e quando a Guta chega é o despertar, mesmo que isso demore. É um processo de reconhecimento de como está vivendo e ‘desnormatização’ daquilo que não é correto. Não pode passar, ela desperta um olhar mais geral”, seguiu.
Importância de falar sobre o assunto
Em seguida, Isabel falou sobre a importância de abordar esse assunto no horário nobre da televisão. “Sim, é algo muito normal em graus diferentes. Acho que isso estar passando em rede nacional, em horário nobre, pode ser um despertar do olhar de outras pessoas… Até me emociono falando disso, porque é muito forte. Também são situações pequenas, que a gente deixa passar, que podem ser resolvidas numa conversa, que a gente não pode deixar passar. Abrir esse olhar para pessoas que estão vivendo algo parecido e que estão aceitando isso porque não conseguem ter uma visão geral para se transformarem, acho que tem um valor inestimável. É muito importante”, ressaltou.
Isabel também deu sua opinião sobre como as mulheres em geral devem reagir a relacionamentos tóxicos como a de Maria Bruaca. “O termo “tóxico” é muito bom pra gente definir algo que não tá fazendo bem pra gente. Eu sou uma ex-fumante, o fumo é um tóxico grave e demorei pra me curar dele. Então, acho que o autoconhecimento é um caminho para a cura de um relacionamento tóxico”.
“Quando a gente tem consciência do que a gente tá vivendo, é mais fácil decidir que a gente não quer mais. Da Maria é muito difícil, o julgamento tem que ser muito cuidadoso. As vezes, a gente vê que a pessoa está num relacionamento abusivo e a gente culpa a vítima e eu acho delicado. É muito difícil sair de uma hora pra outra de história dessas. Quando se tem consciência, é preciso dar um passo de cada vez, tentando reconstruir esse amor próprio. É um restauro de si próprio. As vezes precisa fugir, falar, denunciar, mas sempre com esse trabalho de restauro”, pontuou.