No ano passado, o ator Marco Pigossi anunciou publicamente ser gay, revelando seu relacionamento com o cineasta italiano Marco Calvani, com quem já está há quase dois anos juntos. No entanto, ele contou que todo o processo de descoberta foi cercado de solidão e sofrimento.
Em entrevista ao jornal O Globo, o ator desabafou sobre o assunto: “Eu rezava, pedia a Deus para me consertar. A homofobia é tão enraizada que, por mais que a gente assuma, ainda vai lidar com o preconceito interno. Vesti a máscara heterossexual, sempre fui observado pela beleza. Fiz esse personagem hétero para me esconder, o que deixou minha vida mais confortável. E sou branco, privilegiado, classe média, filho de médicos. Imagina quem está na favela, é negro…”, disse.
O artista confessou ainda que o que o ajudou a se assumir foi o teatro. “Conheci corpos gays ali. Era um alívio deixar de ser eu. O que era uma fuga, mas carregada de carga cultural, do despertar como pessoa”, afirmou. De acordo com o ator, o ponto ideal é se livrar do fingimento e fazer as pazes com você mesmo para conseguir se aceitar e viver uma vida de forma natural.
Durante a entrevista, Pigossi falou abertamente sobre como foi apresentar o namorado à família: “Com meu pai, é sempre tenso, não há naturalidade. É distante do universo dele, que é eleitor do Bolsonaro. Não que ele ache que ser gay é falta de porrada, mas se vota num candidato desse… Existe um ideal político que distancia a gente. Ele nunca vai me pegar pelo braço e se unir nessa causa. Diferentemente do amor incondicional da minha mãe”, contou.