À Beira do Caos é uma série da Netflix que traz uma história na qual muita gente pode encontrar paralelos com Sex and The City, um dos maiores sucessos televisivos dos anos 90. O fato de enfocar na relação de quatro amigas que tentam enfrentar os acontecimentos pessoais e profissionais em suas vidas permite essa comparação com a produção estrelada por Sarah Jessica Parker para a HBO.

À Beira do Caos estreou neste 7 de setembro na Netflix
© Reprodução/NetflixÀ Beira do Caos estreou neste 7 de setembro na Netflix

O enredo foi criado e parciamente dirigido por Julie Delpy, que muita gente conhece por seu trabalho na trilogia de Richard Linklater: Before Sunrise (1995), Before Sunset (2004) e Before Midnight (2013), que estrelou e co-roteirizou ao lado do ator Ethan Hawke. Ela dividiu o roteiro com outra atriz do elenco, Alexia Landeau; as duas trabalharam juntas em Dois Dias em Paris, de 2007.

A série conta a história dessas quatro mulheres que vivem em Los Angeles. Elas tem cerca de quarenta anos em média, e são praticamente inseparáveis: estão sempre juntas e encontram apoio umas nas outras quando os problemas começam a transbordar. É essa relação de amizade que recebe todo o foco aqui, e no modo como cada uma encara as tribulações da vida.

Delpy interpreta Justine, chef de um restaurante francês sofisticado, com um filho adolescente e marido francês desempregado, interpretado por Mathieu Demy). Landeau é Ell, mulher que tem três filhos de pais diferentes que enfrenta uma crise financeira que parece nunca acabar, mas que mantém um preocupante senso de moralidade. Sarah Jones interpreta Yaz, uma mãe desempregada que tenta a todo custo voltar para o mercado de trabalho. Por fim, temos Elizabeth Shue, que dá vida a Ann, uma estilista mais velha do que as amigas que encontrou o sucesso, mas que enfrenta alguns problemas pessoais.

Celebração da amizade

À Beira do Caos é uma série interessante por pintar um quadro bastante realista dessas quatro mulheres. Todos os problemas que elas atravessam e que são mostrados nos episódios dessa primeira temporada são críveis, com os quais muitas pessoas podem se reconhecer. As quatro estão sempre à beira do caos — e daqui vem o nome da série, evidentemente — tentando atravessar esses momentos conturbados recebendo e dando apoio entre si. Portanto, essa é uma série sobre a força da amizade frente as adversidades da vida.

No que diz respeito a atuação, o quarteto principal simplesmente domina a cena. Julie Delpy tem mais tempo na tela para desenvolver sua personagem, o que é natural dado que ela dirige e escreve a produção. Atriz de reconhecido talento, ela se sai bem nos momentos mais divertidos e dramáticos. Da mesma forma, as outras três também conseguem momentos de muito brilho.

Essa é, talvez, a melhor coisa a se dizer de À Beira do Caos: todas as personagens têm tempo de tela para criar conexão com o público e, com isso, fazer com que a gente se importe com elas. Conforme a história avança, passamos por trechos que vão do francamente caótico até o constrangimento quando a pauta tem a ver com sexo. Mas nada disso é algo ruim, devido a um roteiro de qualidade, direção sensível e boas atrizes.

No fim das contas, À Beira do Caos mostra que é, na verdade, uma série profundamente humana sobre a passagem do tempo e sobre as pessoas que escolhemos levar para a nossa vida; a amizade das quatro protagonistas, apesar de suas diferenças, é bem tocante. Nesse sentido, essa série é bem melhor do que a futilidade chique de Carrie Bradshaw e companhia.